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Vampiros | Mangá que mostrou o lado sombrio de Osamu Tezuka e a natureza do mal

Pelo mundo todo temos obras em quadrinhos que se destacam de sua própria forma. Hellboy Omnibus é um exemplo de viagem infernal que faz qualquer fã delirar, sendo americano, mas fugindo do padrão de heróis. Samurai Shirô já mostra um ambiente brasileiro com cultura japonesa. Enquanto Fence, é uma HQ francesa que foge completamente do padrão, apresentando uma premissa inusitada. Enquanto temos quadrinhos clichês de montão, também existem diversas obras menos conhecidas que surpreendem. E às vezes até mesmo de famosos, sendo "Vampiros", uma de um mangá diferenciado de um dos maiores mestres japoneses.
 
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Osamu Tezuka, reverenciado como o "Deus do Mangá", brindou o mundo com uma obra notável que se destaca como um divisor de águas em sua prolífica carreira: "Vampiros". Lançada entre 1966 e 1967 na revista Shounen Sunday da editora Shogakukan, essa narrativa marcou uma mudança crucial no estilo de Tezuka, que ousou explorar temas mais sombrios e complexos em seus roteiros.
Reconhecido por clássicos como "Astro Boy" e "Black Jack", Tezuka conquistou sua popularidade no universo do mangá com uma habilidade única de cativar públicos de todas as idades, já que suas obras podiam ser engraçadinhas e com visuais peculiares, mas também eram filosóficas, atraindo o público adulto. No entanto, "Vampiros" foi além, proporcionando uma experiência narrativa mais profunda e sombria do que os leitores estavam acostumados, sendo claramente o autor ousando um pouco mais.
 
Pra quem não sabe, o mangá Monster é considerado um dos mangás mais maduros que existem, feitos completamente para o público adulto. E quando o autor Naoki Urasawa lançou Pluto em 2003, as pessoas ficaram chocadas, pois se tratava de um reboot extremamente adulto de Astro Boy. Mas elas ficam ainda mais chocadas quando descobrem que é exatamente a mesma história de Astro Boy, com os mesmos personagens. Apenas desenvolve a coisa sem piadinhas e focada na seriedade.
Isso apenas demonstra como Tezuka fazia suas histórias de um jeito elegante, pegando temas filosóficos e profundos, mas deixando eles tão suaves, que crianças podiam se divertir com segurança. Fãs mais profundos do autor já viram que ele tinha muitas obras um tanto mais obscuras, com temáticas sombrias, porém isso só veio depois de "Vampiros".

O enredo da obra transporta os leitores para uma vila remota nas montanhas, habitada por metamorfos denominados "vampiros". Antevendo uma ameaça iminente, os habitantes se dispersam, desencadeando uma trama investigativa. O protagonista, Toppei, um jovem capaz de se transformar em lobo, decide enfrentar o desconhecido ao se aventurar na cidade grande e tornar-se assistente no estúdio de animação de ninguém menos que Osamu Tezuka.
Ao explorar a temática dos vampiros, Tezuka transcende o mero terror sobrenatural, mergulhando nas complexidades morais e existenciais. A obra aborda a natureza do mal, mas ao mesmo tempo consegue suavizar o tema com um cenário repleto de comédia, aventura e uma paródia inteligente da peça "Macbeth" de William Shakespeare. O vilão Rokuro Makube dá aquele toque sombrio à narrativa, desafiando as expectativas e consolidando a reputação de Tezuka como um autor versátil.

"Vampiros" se destaca como uma opção essencial para colecionadores que buscam mais do que os típicos títulos da moda. Para aqueles que desejam aprofundar sua coleção com obras que exploram nuances mais obscuras, esta criação de Tezuka oferece uma ótima alternativa. A narrativa, que transcende os limites do shounen convencional, é uma escolha perfeita para leitores que buscam profundidade e originalidade.
Além disso, a edição brasileira, cuidadosamente produzida pela editora Pipoca & Nanquim, é um deleite visual. A capa em tons vibrantes de vermelho, amarelo e preto não só chama a atenção, mas também adiciona um toque clássico a qualquer estante. Com um acabamento luxuoso, a edição reúne os três volumes originais em um único exemplar grossão, apresentando 596 páginas em papel polén bold de alta gramatura. Atualmente tá com desconto, confira:

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Sobre Osamu Tezuka

Considerado por muitos como o maior mangaká que já existiu, e definitivamente o mais influente de todos, Osamu Tezuka é uma figura icônica na história dos quadrinhos japoneses. Nascido em 3 de novembro de 1928, em Toyonaka, Osaka, Tezuka revolucionou a indústria do mangá e do anime, deixando um legado duradouro que continua a influenciar artistas e fãs em todo o mundo. Este artigo explora algumas das obras mais marcantes do universo de Tezuka, destacando sua contribuição única para a cultura pop japonesa.

Astro Boy (Tetsuwan Atom, 1952-1968)

Uma das criações mais emblemáticas de Tezuka, "Astro Boy" (ou "Tetsuwan Atom" em japonês) é considerado o primeiro grande sucesso do mangá e anime. Lançado em 1952, Astro Boy é um robô com emoções humanas, explorando temas como discriminação, ética científica e os desafios da convivência entre humanos e robôs. A série estabeleceu Tezuka como um contador de histórias inovador e consolidou seu lugar na história do mangá.

Black Jack (1973-1983)

"Black Jack" é uma série que apresenta o personagem titular, um cirurgião brilhante, mas não licenciado, que realiza procedimentos médicos milagrosos. A série aborda questões éticas no campo da medicina e oferece uma visão complexa do personagem principal. Com narrativas envolventes e uma exploração profunda da natureza humana, "Black Jack" destaca a versatilidade de Tezuka como contador de histórias.

Princess Knight (Ribon no Kishi, 1953-1956)

"Princess Knight", ou "Ribon no Kishi", é uma obra que quebrou barreiras de gênero no mundo do mangá. A história segue Sapphire, uma princesa que é criada como um príncipe para herdar o trono. Esta série pioneira desafiou as normas tradicionais de gênero e influenciou subsequentes obras shoujo (mangá voltado para o público feminino).

Buddha (Budda, 1972-1983)

"Buddha" é uma epopeia histórica que explora a vida do príncipe Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda. Tezuka aplicou sua narrativa única e estilo de desenho característico para dar vida à história espiritual e filosófica de Buda. A obra é aclamada por sua profundidade temática e pesquisa histórica.

Phoenix (Hi no Tori, 1967-1988)

"Phoenix", ou "Hi no Tori", é uma série épica que se estende por diferentes períodos temporais, explorando temas de reencarnação e a busca pela imortalidade. Cada arco da série é uma história independente, mas todos estão interligados pelo conceito da Fênix. A obra destaca a fascinação de Tezuka por temas metafísicos e sua capacidade de criar narrativas filosóficas.

Dororo (Dororo to Hyakkimaru, 1967-1968)

"Dororo" é uma obra sombria e visceral que segue a jornada de Hyakkimaru, um samurai que busca recuperar seus 48 órgãos perdidos em troca de poderes demoníacos concedidos por demônios a seu pai. A exploração de temas como vingança, moralidade e redenção torna "Dororo" uma obra marcante na bibliografia de Tezuka.

Message to Adolf (Adorufu ni Tsugu, 1983-1985)

"Message to Adolf" é um thriller histórico que se passa na Alemanha Nazista e explora a vida de três personagens chamados Adolf. A obra aborda questões éticas, políticas e morais, e destaca a habilidade de Tezuka em abordar tópicos complexos com sensibilidade.

Osamu Tezuka, com sua prolificidade e genialidade artística, deixou uma marca indelével no mundo do mangá e do anime. Sua capacidade de contar histórias que vão desde temas infantis até questões filosóficas profundas mostra a versatilidade de seu talento. O universo de Tezuka continua a ser uma fonte de inspiração e uma referência essencial para qualquer amante da cultura pop japonesa. O "Deus do Mangá" não apenas criou obras atemporais, mas também moldou o próprio tecido da narrativa japonesa, deixando um legado que ressoa através das décadas.

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