O horror está impregnado na cultura pop, mas enquanto muita coisa nova se populariza, tem clássicos que não morrem. E muito antes de contemplarmos a bizarrice de Cidade das Lápides ou nos surpreendermos com o horror elegante e psicológico apresentado em Twin Peaks: Arquivos e Memórias, já tínhamos pesadelos com o Massacre da Serra Elétrica nos anos 70. E é óbvio que já faz séculos que a ideia de deixar de ser o mocinho e m jogos e controlar o mal se tornou algo frequente, mesmo em RPGs de mesa como Cultos Inomináveis, é possível ver essa tendência. Mas levou quase meio século para podermos nos tornar vilões no universo do Massacre da Serra Elétrica de uma forma realmente semelhante aos filmes de forma oficial.
Ambientado em 1973, uma família de assassinos canibais se esconde em uma fazenda no interior do Texas. Após um grupo de jovens da cidade resolver passar algum tempo no campo, cruzam o caminho desse grupo de psicopatas e acabam sendo capturados, torturados e presos no porão do lugar. Apesar de alguns morrerem, os que sobrevivem, conseguem se liberar e agora precisam fugir enquanto os assassinos fazem de tudo para impedi-los.
Esse é um jogo multiplayer assimétrico que assumo que a principio, desconfiei bastante, já que um assassino já consegue fazer um arregaço, então imagina três? Então se por um lado me apaixonei pelo fato de ser da Gun Interactive, que distribuiu o maravilhoso Friday the 13th: The Game, com sua mecânica tão robusta em relação ao que esse tipo de jogo costuma a oferecer, por outro a coisa me parecia muito focada em jogador hardcore.
Mas no fim das contas a coisa saiu realmente com uma maestria fenomenal. Inclusive me surpreendeu em como o efeito foi exatamente o contrário do que imaginei. No jogo do Sexta-Feira 13 bate a maior vergonha quando você não consegue pegar ninguém como Jason, e o negócio é torcer pra não serem gamers que enchem o saco depois. Mas nesse, se você não pega ninguém, ao menos a culpa é dividida entre três. Por outro lado as vítimas têm várias vantagens que com certeza tornam a experiência equilibrada.
No controle dos assassinos você escolhe aquele que mais te agradar, e cada um deles tem as suas habilidades próprias. Sendo assim, a experiência realmente muda quando você jogar com algum deles. Com o Leatherface (Bubba Sawyer) você poderá fazer um estrago, detonando passagens e causando muito dano, com a Sissy você poderá jogar uma nuvem de veneno, com o Hitchhiker você pode colocar armadilhas e assim vai.
Eles precisam se preparar, fechando portas, desligando geradores e especialmente alimentar o vovô. Ele só pode ser alimentado com sangue. Pra conseguir encontrar sangue é preciso procurar em bolsas com animais mortos que ficam pingando em locais aleatórios do cenário, mas também é possível atacar as vítimas e conseguir um pouco com isso. Quanto mais sangue, mais nível o velho ganha e toda vez que ele grita, serve como um radar que permite ver as vítimas se elas estiverem se movendo naquele momento.
A velocidade dos assassinos não é muito alta, e os ataques não são tão precisos, o que pode incomodar algumas pessoas, mas eu acho que escolheram de forma muito adequada. Digo isso especialmente porque não acho que seja tão difícil pegar outro jogador e se ainda fosse fácil acertar, iria desbalancear muito. Além do mais as execuções são super brutais, claro que não tanto quanto jogos sanguinários igual a We Who Are About to Die, que braços e cabeças voam, mas você vê que os assassinos ficam descontrolados na hora de finalizar.
Curiosamente, esse não foi o primeiro jogo do Massacre da Serra Elétrica em que você era um vilão. No jogo lançado em 1983 para Atari 2600, você já assumia o controle do Leatherface e deveria sair com uma motosserra fatiando uma galera. É bem curioso pensar que no começo dos anos 80 os caras tiveram essa ideia de colocar o vilão como protagonista.
Os sobreviventes por sua vez têm mecânicas diferentes, tendo que primeiro se libertar dos ganchos que as prende, para então procurar por itens que possam ser úteis, como ossos pra usar como armas, gazuas para passar por portas, kits médicos e etc, e então abrir caminhos para poder fugir do labirinto que é o porão da casa. Mas ao chegar na parte de cima, precisam encarar os assassinos, isso se eles não descerem primeiro. Só então poderão chegar até a saída e fugir.
Com eles é possível atravessar locais pequenos e se esconder no mato de forma que se camuflam de forma incrível. Então são frequentes as mecânicas de fazer quebra-cabeças para abrir passagens e também a de usar furtividade pra se ocultar nas sombras e na vegetação. Nem todos os vilões conseguem atravessar brechas, o que é uma enorme vantagem e faz dar aquela frequente sensação de agonia ao fugir e quase ser pego antes de entrar em um canto.
A experiência é bastante claustrofóbica, com ambientes apertados. Se você é do tipo que gosta de jogos como Affogato ou Pirates Outlaws exatamente pelo gameplay que permite ir em seu ritmo, aqui a coisa é bem diferente e te leva ao extremo. Mesmo sendo um assassino, causa um certo desespero achar alguém e saber que qualquer deslize vai ser o suficiente pra vítima fugir.
Após cada partida, você recebe uma quantidade de experiência dependendo de como foi o seu desempenho. Cada personagem, seja sobrevivente ou assassino, tem um nível individual. Na medida em que você vai gastando seus pontos na árvore de talentos, vai destravando itens equipáveis que vão te dar vantagens durante a partida. E assim, quanto mais você usa um personagem, melhor vai ficar usando ele.
Os gráficos do jogo me pareceram ultrapassados para algo lançado em 2023, no entanto não é um visual horroroso. Acho que cai muito bem como game Duplo A. Apesar da mesma distribuidora, o jogo foi desenvolvido pela Sumo Digital e não pela IllFonic. Não consegui encontrar se existe alguma ligação ou se a Gun Interactive investiu todo o dinheiro e teve intervenção criativa total, mas de certa forma o visual é semelhante entre os dois.
Foi muito bacana a forma com que recriaram a casa de O Massacre da Serra Elétrica de 1974. Obviamente com uma certa liberdade para poder fazer os labirintos do porão e obstáculos da parte de cima, mas com todo o visual que você identifica bem que aquele é o mesmo lugar. Quem assistiu o primeiro filme com certeza vai "se sentir em casa" e ver toda a familiaridade que se dedicaram a fazer muito bem.
Enfim, esse é um jogo de partidas muito divertidas. Tenho certeza que consegue trazer uma diversão enorme especialmente se você for jogar em grupo. Foi lançado para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X e Series S, no PC e também no Game Pass, tendo suporte ao Xbox Cloud Gaming. Também já veio com suporte a Geforce Now.
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Sobre Jogos Multiplayer Assimétricos
Desde os primórdios da indústria de jogos eletrônicos, os jogadores têm se envolvido em experiências compartilhadas que variam desde a simples competição até a colaboração complexa. Nos últimos anos, uma subcategoria intrigante de jogos multiplayer emergiu para desafiar a norma e oferecer novas dinâmicas de interação - os jogos multiplayer assimétricos. Esses jogos têm como característica fundamental a assimetria entre os jogadores, proporcionando experiências únicas e imprevisíveis que redefinem a noção tradicional de competição.
O conceito central dos jogos multiplayer assimétricos reside na dissimilitude dos papéis e habilidades entre os jogadores. Em vez do cenário convencional, onde todos os jogadores possuem papéis similares ou idênticos, os jogos assimétricos destacam-se pela diversidade em funções e capacidades. Essa abordagem coloca os participantes em posições distintas, gerando desafios e oportunidades únicas para cada um deles.
Um exemplo notável desse gênero é "Dead by Daylight", um jogo que coloca um jogador no papel de um assassino sanguinário e os outros como sobreviventes tentando escapar de suas garras. A disparidade entre o poder e a vulnerabilidade entre as partes cria uma tensão palpável, onde a coordenação e a estratégia são vitais para a sobrevivência dos jogadores em desvantagem. Outro título intrigante é "Friday the 13th: The Game", onde um jogador assume o papel icônico do assassino Jason Voorhees, enquanto outros jogam como conselheiros tentando sobreviver ao massacre.
Da mesma forma, "Evolve" desafia os jogadores a colaborar como uma equipe de caçadores para enfrentar uma monstruosa criatura controlada por outro jogador. A assimetria de habilidades força os jogadores a explorarem suas vantagens únicas para ter sucesso. "SpyParty" é um exemplo interessante, onde um jogador se disfarça como um convidado em uma festa, enquanto o outro age como um franco-atirador tentando identificar o espião disfarçado. Aqui, a discrição e a observação são as chaves para a vitória.
Os jogos multiplayer assimétricos também não são estranhos ao reino dos jogos de terror. "Asymmetrical Horror" é um gênero emergente que amplia essa experiência, colocando jogadores em situações aterrorizantes e desiguais. "Dead Realm" permite que um jogador se torne um fantasma aterrorizante, enquanto outros tentam sobreviver a seus ataques e completar objetivos. Já "Last Year: The Nightmare" coloca um grupo de jogadores no papel de adolescentes tentando escapar de um assassino mascarado, explorando mecânicas de sobrevivência em um ambiente escolar assombrado.
À medida que a tecnologia avança e os designers de jogos continuam a empurrar os limites, a diversidade dos jogos multiplayer assimétricos só tende a aumentar. Títulos futuros prometem explorar novas dinâmicas, gêneros e formas de assimetria, garantindo que a competição virtual permaneça fresca e empolgante. Enquanto jogos multiplayer convencionais podem se concentrar em igualar as condições, os jogos assimétricos nos lembram que a diversidade de papéis e habilidades pode enriquecer a experiência de jogo, criando momentos memoráveis e desafiadores para todos os envolvidos. Portanto, estejam prontos para mergulhar em um mundo de competição assimétrica, onde a imprevisibilidade reina e a estratégia é a chave para o sucesso.
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