O horror é algo que nos intriga com força, é o que fez eu colar aquele quadro diferenciado no meu banheiro, e o que atrai tanto as pessoas na vontade de procurar algo diferente, que fez Clássicos Japoneses Sobrenaturais ser tão naturalmente atraente. Mas claro, quando tem um toque brasileiro, isso pode ser um tempero a mais, e é o grande charme de obras como Despacho, onde temos o horror underground do Brasil. E foi exatamente a combinação de horror e obra nacional com um visual lindo que me atraiu em The Chaput's Baby.
A protagonista, Samantha, é a âncora da narrativa, apresentando-se como
uma jovem encarregada de cuidar do bebê da família Chaput, que reside onde antes era uma igreja. No entanto, ao chegar na casa, a família não está presente, deixando apenas as instruções do que precisa ser feito para que o pequeno Henry se sinta confortável. Mas a grande surpresa inicial é ao perceber que o garoto é um boneco. Porém essa é a coisa menos sinistra da casa, sons estranhos, aparições e manuscritos indicam que algo terrível aconteceu ali anos atrás.
A Gundes é uma desenvolvedora independente com apenas um cara, que fez esse jogo em um notebook, o que dá pra imaginar o trabalhão que foi. Mas acho que foi um baita de um trabalho digno. Não é perfeito com certeza, mas sendo o primeiro game completo dele, acho que tem um grande charme e inclusive consegue ser superior a muitos jogos de veteranos, sendo que a primeira coisa que me atraiu foi o gráfico do jogo que não é genérico.
Um dos maiores problemas de jogos indie de terror é que os desenvolvedores frequentemente não se preocupam em apresentar um visual bacana e usam algo tão genérico que parece que só pegaram um monte de assets prontos e usaram, resultando naquela tonelada de games que vemos por aí e que parecem ser o mesmo. Um exemplo foi na época de Slender, que foi um estouro e fez tantos jogos de terror indie gratuitos se popularizarem com um visual parecido, que dava a impressão de que a Unity só conseguia gerar esse mesmo gráfico.
Aqui, por outro lado, temos um belo jogo, com um visual todo robusto, apresentando ambientes lotados de objetos, ficando muito bem detalhados e uma paleta de cores própria, sendo um jogo muito escuro, com iluminação quente (Luz de velas). Tem um design meio cartunesco, o que embora não me atraia tanto, pode ser visto como um charme a mais por alguns. Mas no geral o visual é muito bacana e foge do genérico. Acho que é muito fácil desenvolvedores se perderem e fazerem um mistureba, ainda mais envolvendo luz e sombra, não chega a ser algo cintilante como Age of Darkness, mas cai bem a forma suave.
Uma coisa que achei uma pena, foi o desenvolvedor não ter aproveitado a chance de ambientar no Brasil. É notável que hoje em dia já fizeram tantas obras lá fora, que o próprio público se atrai naturalmente quando é uma cultura diferente apresentada. E tem muitos casarões do tipo no nosso país. A própria entrada do jogo com um babá chegando no fusquinha dá um toque tão charmoso, seria legal se fosse além e tivesse toda uma ambientação a mais.
O que quero dizer é, convenhamos né? Quantos Howards, Stuarts, Marys, Kimberlys já vimos por aí? E quantas vezes Nova Iorque já não enfrentou o fim do mundo? Quando você vê obras americanas como O Grito, uma das coisas que mais atrai é exatamente o fato de que não tem uma ambientação genérica que absolutamente todo mundo vai usar. Eu sei que existem algumas obras que são com clichê proposital como é o caso de Punch Club 2, mas esse aqui é um jogo sério.
Os próprios jogos Aka Manto e Okaeri do estúdio Chilla's Art são provas do quanto outras culturas atraem mais. O casal de irmão desse estúdio primeiro faziam jogos em ambientações genéricas americanas e eram só mais uns entre uma tonelada e com notas muito baixas. E quando decidiram abandonar essa ideia e fazer obras usando sua própria cultura, o estúdio estourou com notas muito altas. E no Brasil também temos inúmeras cidadezinhas, beiras de estrada, ruas esquisitas, ou mesmo uma tonelada de folclore e histórias de assombração.
O jogo não tem dublagem em português, mas para isso dá pra oferecer uma colher de chá enorme. Isso porque dublagem é cara e se um estúdio indie for investir, é muito mais interessante apostar o dinheiro que tem na dublagem que vai atingir o público coreano, francês, espanhol, árabe, brasileiro e etc... Do que apenas o Brasil e alguns países pequenos países. Até porque o jogo conta com legendas e as partes faladas, que são as das ligações e uma pequena parte na TV, tem muito pouca coisa dita. A maioria da história está em cartas.
"The Chaput's Baby" é um jogo no formato "Pequeno conto de terror", que mergulha os jogadores em uma experiência rápida de suspense e mistério. Acredito que tenha em média 1h30m de duração. Ele proporciona uma jornada que vai intrigando com as descobertas do lugar. O título se destaca especialmente por sua atmosfera sinistra e enredo envolvente, criando uma experiência que mantém os jogadores ávidos por descobrir os segredos ocultos na casa dos Chaput. Porém em um tipo de jogabilidade bastante simples, o que pode dividir opiniões. No meu caso, gostei muito de algo assim.
Ele tem uma experiência bem concentrada e direto ao ponto. Não é aquele tipo de jogo que fica enrolando. O tempo todo você está fazendo algo. Acho que o jogo mais próximo dele é The Baby in Yellow, mas em uma versão mais sinistra, sem a parte da fofura. Inclusive gostei muito de como a trama é apresentada, envolvendo bruxaria, acontecimentos na década de 50 e na década e 90. Não é algo absurdamente diferenciado, mas você nota que o cara fez um esforço pra fazer algo mais bem bolado do que só "Tinha um monstrão na casa e ele me desceu o pau!", como é tão frequente em jogos de terror.
Por outro lado, acho uma pena que o aspecto anos 90 seja tão ofuscado pela ambientação gótica da casa. Você acaba não tendo bem essa atmosfera e poderia ser perfeitamente um jogo que se passa em tempos modernos, já que a mansão é velha e não apresenta os aspectos característicos da época, salvo alguns poucos elementos como a TV, que facilmente acaba não sendo notado pela quantidade de outros itens. Mas nada que estrague a experiência, só estou avisando porque a chegada com o fusquinha é demais.
Mas se você não liga pra isso, o ambiente da casa dos Chaput é um elemento crucial para o clima do jogo. O design cuidadosamente elaborado cria uma atmosfera de suspense e medo. Isso é amplificado pelo fato de que a casa já foi uma igreja. A transformação da igreja em residência dá aquele toque gótico macabro que conhecemos tão bem, à medida que segredos sombrios são gradualmente revelados. A exploração é incentivada, com os jogadores vasculhando os cenários em busca de pistas, objetos ocultos e informações que desvendem mais sobre a história e os mistérios.
Acredito que o enredo é o ponto central do jogo, e sua complexidade é
aprimorada pela presença sinistra que assombra a casa e a família
Chaput. O jogador é imerso em um cenário onde as tarefas de uma babá se
mesclam com a busca por respostas sobre eventos perturbadores. Os
mistérios e enigmas não são tão complexos, variando desde descobrir
segredos ocultos até decifrar códigos. Por outro lado não são simplórios
a ponto do jogador só sair correndo. Se você não fizer investigações,
terá locais que só não vai passar.
Muito provavelmente o desenvolvedor teve alguma inspiração do filme Boneco do Mal, que também tem a premissa de uma babá que é contratada para contratar um boneco e coisas estranhas acontecem na casa. No entanto acho que só é uma influência inicial, assim como já vimos em outras obras também abordando esses bonecos, como a série Servant. Portanto você pode esperar um desenvolvimento próprio de acontecimentos e revelações que não tem semelhança ao filme.
Um dos pontos fortes do jogo é sua narrativa imersiva, que se desenrola por meio de diálogos por telefone de uma pessoa misteriosa, o que gera várias descobertas e interações. A chamada que desafia Samantha a enfrentar forças sinistras acrescenta uma dimensão sobrenatural à trama, levando os jogadores a uma jornada que envolve o confronto entre o normal e o paranormal.
Um dos pontos fortes do jogo é sua narrativa imersiva, que se desenrola por meio de diálogos por telefone de uma pessoa misteriosa, o que gera várias descobertas e interações. A chamada que desafia Samantha a enfrentar forças sinistras acrescenta uma dimensão sobrenatural à trama, levando os jogadores a uma jornada que envolve o confronto entre o normal e o paranormal.
Inclusive, tenho que dizer que gostei muito do elemento adicionado sobre uma entidade que não consegue se manter ao mesmo tempo em dois lugares diferentes e assombram duas personagens diferentes. É uma pena que o jogo é curto demais pra isso ser desenvolvido, porém é aquela coisa, enquanto esse ser não estiver te assombrando, ele tá atrás da outra pessoa. É uma coisa que dá naturalmente aquela agonia com "Pera... Se ele não está mais lá...".
Elementos de segurança, como a busca por esconderijos estratégicos, adicionam uma camada adicional de tensão, destacando as ameaças desconhecidas que aguardam na casa. Porém também é algo não muito explorado pelo desenvolvedor, que focou mais na narrativa. Ou seja, você até correto de um boneco de palhaço bizarro que tem na casa, mas são coisas pontuais. Se você se esconder, está salvo e pode continuar, então não espere um Trepang2 com movimentação frenética.Enfim, "The Chaput's Baby" combina elementos de suspense, mistério, narrativa imersiva e quebra-cabeças para criar uma experiência de jogo cativante bem rápida. É um jogo extremamente baratinho na Steam, que ajuda a indústria nacional e que acho que vale a pena pegar e não reembolsar (Já que dá pra zerar muito rápido). Não é perfeito, mas é melhor que muita coisa de veterano. Recomendo!
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No cenário do desenvolvimento de jogos, o Brasil emergiu de uma época onde a relevância mundial parecia um sonho distante. No entanto, ao passar dos anos, essa perspectiva se transformou, abrindo portas para a indústria brasileira de games e proporcionando oportunidades significativas para um vasto leque de indivíduos no país – desde pessoas solitárias movidas pela criatividade até equipes inteiras com visões inovadoras.
A indústria de jogos brasileira, que um dia era vista como um mero mercado emergente, encontrou seu caminho para o palco global. O desenvolvimento de jogos no Brasil tem sido caracterizado por uma fusão única de criatividade, tecnologia e paixão. A crescente qualidade dos jogos produzidos no país contribuiu para o sucesso e reconhecimento internacional. A exportação de jogos brasileiros ultrapassou fronteiras, levando consigo uma parte valiosa da cultura e diversidade do país.
A inovação desempenhou um papel crucial nessa trajetória. À medida que o mercado de jogos se tornou mais competitivo e desafiador, os desenvolvedores brasileiros abraçaram a oportunidade de enfrentar os obstáculos e crescer. Jovens talentos e profissionais experientes se uniram para impulsionar o empreendedorismo na indústria de jogos, formando colaborações e parcerias que fortaleceram o mercado interno e externo.
A ascensão dos jogos brasileiros não se limita apenas aos consoles tradicionais, mas também abrange uma gama diversificada de plataformas, incluindo dispositivos móveis e computadores. Isso permitiu que os jogadores de todo o mundo experimentassem as narrativas envolventes e a inspiração que emanam desses jogos. A indústria de jogos brasileira se destacou ao explorar temas únicos, muitas vezes enraizados na rica cultura do país, proporcionando uma experiência de entretenimento genuína e memorável.
O desenvolvimento de jogos no Brasil também serviu como um terreno fértil para a descoberta de novos talentos. O crescente investimento em educação e treinamento na área de design de jogos e programação permitiu que jovens aspirantes a desenvolvedores se destacassem, trazendo uma perspectiva fresca e inovadora para o cenário global de jogos.
À medida que o mercado de jogos cresce e evolui, os desafios também aumentam. No entanto, os desenvolvedores brasileiros têm se adaptado e superado esses obstáculos com uma mentalidade resiliente e determinada. A colaboração contínua entre empresas, instituições educacionais e o governo tem impulsionado o crescimento sustentável da indústria.
Em última análise, a jornada dos jogos brasileiros rumo à relevância mundial é um testemunho do poder da criatividade, inovação e persistência. Os desenvolvedores de jogos no Brasil continuam a buscar a excelência, aprimorando a qualidade de suas criações e conquistando um lugar de destaque no mercado global. Com uma combinação única de talento, paixão e dedicação, a indústria de jogos brasileira está mais do que nunca realizando o sonho de ver seus jogos serem reconhecidos e apreciados em todo o mundo.
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