Resident Evil da Netflix foi lançada em julho de 2022 e o cancelamento veio já no mês seguinte. Apesar da série ter estreado no segundo lugar do Top 10 das mais assistidas, já caiu para terceiro na segunda semana, e na terceira semana a série só sumiu do Top 10. A crítica desceu o pau, colocando a produção com 55% de aprovação no Rotten Tomatoes, enquanto o público, esse esculhambou mesmo, foi apenas 27%! O resultado, foi que a Netflix não precisou de tempo pra pensar, ela só cancelou mesmo, pois esse retorno não justificava a renovação e a fortuna de criar uma série assim.
Nossa, como é frustrante, né galera? Falando sério, embora eu tenha zoado pra cacete essa série no Facebook, postando as coisas mais toscas e rindo muito, em uma visão geral eu não estou nem aí pras reclamações como o Wesker ser negro ou as protagonistas serem duas meninas. Pois eu acredito que uma história consegue ser muito boa independente de detalhes estéticos. Então se fosse só isso, tava bom demais.
Até porque convenhamos que não é porque uma coisa funciona em uma mídia que vai funcionar na outra, e se você observar o Albert Wesker do filme Resident Evil 4: Recomeço, o cara é perfeito! Mas isso quer dizer que tá bom? Vai dizer que bastou tá igual? Que não parece uma tosqueira louca, alguém fazendo cosplay? Se eu visse um cara desse na rua eu não ia achar que ele tá elegante, eu ia achar que ele tá indo pra uma Otacon da vida. É caricato o visual de vilão malvado, no próprio jogo já era tosco, imagina em live action?
Sendo assim, eu acho que o Wesker da série consegue passar um visual muito mais real de uma pessoa estilosa, um cientista em uma mega corporação do jeito que deve ser, diferente do visual espalhafatoso original. Ver ele na rua com esse oclinho e terninho pareceria de verdade uma pessoa que passa um ar de estilo e não um palhaço fantasiado. Infelizmente até isso os caras conseguiram ferrar, pois em um ponto decidiram tacar a roupa de cosplayer nele e o resultado foi A DESGRAÇA, tão tosco quanto o resto. Olha os dois visuais aí embaixo e me diz quem é o estiloso e o cara de fantasia. Parece natural o maluco do BDSM aí embaixo? Parece passar credibilidade de ser um cientista?
O universo de Resident Evil abre portas pra histórias fenomenais, mesmo que não sejam com personagens originais. Quero dizer... Imagina por exemplo algo adaptado na delegacia de Raccoon City pouco antes de enviarem a primeira equipe para a mansão? Ou na visão de pessoas comuns na cidade, logo após o vírus se espalhar? Daria pra por em vários momentos com personagens diferentes e fazer algo bom. Portanto se a crítica fosse só a algo estético, tava bom demais.
Infelizmente a série é uma desgraça... O primeiro episódio, eu juro que quase falei para meu amigo "Cara... Vamos pausar e assistir o resto amanhã?". Foi complicado... Aquele monte de correria e explosão genérica, a mulher indo parar em cima de um carro em alta velocidade e o bagulho parando bem na hora exata em que a cabeça dela ia bater em uns espinhos e várias outras cenas nada de tirar o fôlego.
Foi surreal a quantidade monstruosa de cenas clichês que supostamente eram pra fazer o público dizer "Caracas! Eu acho que a protagonista vai morrer! Isso foi insano! Você viu? Se fosse 1 cm pro lado, seria o fim dela!". São tão vagabundas as cenas, e ainda assim notavelmente caríssimas, mas não dá pra acreditar que um roteirista profissional é pago e o cara tem a capacidade de só sair copiando partes de roteiros de filmes de ação dos anos 70 e fazendo exatamente igual.
Na virada do milênio, filmes com efeitos especiais chamavam a atenção por ser algo diferente, mas em apenas uma década isso já não era nada demais, muito pelo contrário, já começava a valorização dos efeitos práticos e muitas obras vagabundas passaram a usar efeitos especiais como quebra-galho aos montes, deixando a coisa genérica.
Eu gostei da ideia de duas linhas temporais sendo usadas, mas infelizmente são duas linhas que não conseguiram prender minha atenção. A parte do passado até tiveram algumas coisinhas que eu achei legais, mas não passava realmente o charme da Umbrella ser uma megacorporação. Parecia algo muito caricato, não transmitia a sensação de empresa séria com toque cruel, como a Dharma de Lost. Parecia muito mais algo bobo "Olha, capturamos um cara, o que a gente vai fazer agora?!".
Já a parte do futuro... Nossa, essa foi difícil viu... Cada vez que ia para o futuro, a sensação era que novamente o roteirista tava pegando os brinquedos dele e fazendo "Pá! Bum! Powww!" e tacando os brinquedos pra um lado e para o outro enquanto escrevia o que fazia. A segunda parte da temporada melhorou um pouco ao meu ver, mas não o suficiente para surpreender e com a primeira já tendo feito o estrago, simplesmente foi uma tristeza...
Como falei, imagina se tivessem feito um bom roteiro? Poxa... Resident Evil tem tantos momentos que podem dar uma adaptação boa. E a série podia ser de baixo orçamento e ter um melhor resultado, por exemplo, se adaptassem o 1 e fizessem apenas 6 episódios, daria pra por a Jill explorando a casa, seria necessário pouquíssimos zumbis e poderia ser uma série de suspense com a segunda linha temporal sendo na delegacia.
Gastariam menos e teria bem mais elegância na coisa. Um exemplo de sucesso cabuloso que usou uma fórmula simples assim foi A Maldição da Residência Hill, que sem exageros conseguiu ser um estouro. É inacreditável que roteiristas ainda conseguem pensar que ainda dá pra chamar a atenção só com efeitos especiais e cenas de ação que obviamente os personagens principais não vão morrer e claro, isso não vai tirar o fôlego de ninguém.
Ou poderiam fazer jus a um universo em que a morte é um item chave, e usar exatamente isso. Séries como Spartacus e Game of Thrones surpreendem exatamente porque os personagens principais podem realmente morrer! Então quando eles entram em um combate, você não sabe se aquele será o fim ou não. Já pensou isso em RE? Eu sei que muita gente ficaria frustrada em ver um dos principais morrer, mas ao menos evoluiria a trama, ao invés de colocar personagens imortais em uma franquia infinita se desgastando até os fãs cansarem e irem ver outra coisa.
E outra, não é porque uma coisa é do gênero ação que precisa ser genérica né? Tem tanta coisa bacana que rola uma ação adoidada e ainda assim usa uma ideia boa por trás, indo desde obras caras com efeitos especiais, como Matrix e A Origem, até algo que simplesmente não precisou de efeitos especiais, como é o caso de Sem Limites.
Enfim... Sempre fico frustrado com a quantidade de pessoas criativas que existem e que infelizmente nunca vão ser descobertas, enquanto a tosqueira rola solta e empresas gigantes continuam investindo e depois cancelam sem entender o que deu errado. E ainda ficam surpresas quando aparece um novo estouro com uma série que resolveu fazer algo diferente. Mas e vocês, o que acharam?
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