American Horror Story: Double Feature é como foi nomeada a décima temporada da série antológica de horror da FX. E foi dividida em duas partes, sendo que a primeira é American Horror Story Red Tide, que conseguiu impressionar com uma proposta interessante, boa condução no destino de personagens, mas que infelizmente tem um fim abrupto que destrói a atmosfera.
A história é sobre a família Gardner, que vai passar uma temporada na acolhedora cidade costeira de Provincetown. O motivo é especialmente porque Harry Gardner é um escritor que precisa de distância da cidade grande pra poder se inspirar. Junto está sua filha Alma, que tenta se aperfeiçoar no violino e a mãe Doris, que é decoradora e como parte do pagamento da casa alugada, irá redecorar o lugar. No entanto logo a cidade se mostra estranha, com pessoas esquisitas vagando pelo lugar e uma misteriosa droga que altera os sentidos.
Eu tenho a teoria de que essa temporada teria apenas uma parte, sendo composta somente por essa história, pois é notável a superioridade dela em relação à segunda parte, que foi batizada de "Death Valley", além de que existe uma forte sensação de que chega no último episódio e parece que não tem um desfecho real, mas um abandono.
Também foi a temporada gravada durante a época da pandemia, que foi quando ferrou muitas produções. Nesse tempo Ryan Murphy tinha comentado que enfrentava problemas especialmente porque aquela temporada dependia do clima daquela temporada do ano. E é uma cidade super sombria, o que iria ser prejudicado com a vinda de um sol forte.
E assim o que dá para se esperar é algo de seis episódios que na maioria do tempo é muito bom, e que me lembrou a emoção que foi assistir AHS: Asylum, com personagens tomando atitudes que guiam de forma caótica a trama. No caso, em especial a jovem Alma, de 8 anos é uma personagem que dava pra ver um desenvolvimento cabuloso, que infelizmente parece não ter rolando um desfecho adequado, já que colocam a garota pra fazer coisas cabulosas, mas parece não ter nenhum desafio enfrentado por ela, o que acaba não gerando satisfação.
Então foi uma personagem que construíram de maneira que consegue mexer com quem está assistindo, mas algo que se espera de um personagem construído assim, é que em algum momento ele enfrente algum grande problema ou se lasque de vez por causa daquilo. Mas infelizmente a sensação com a personagem é de que ela só continua indo e assim fica difícil a visão geral ser tão interessante quanto a construção que indica que chegará em algum ponto.
A presença de Macaulay Culkin foi perfeita demais. Fiquei feliz de terem colocado ele para ser um michê, que é algo que causa um contrate absurdo com o seu tão amado papel em Esqueceram de Mim. E apesar de não ser um vilão, acho que é um personagem que conseguiu criar um charme e gerar um certo carinho. Mas infelizmente é outro que não teve um desfecho adequado para o desenvolvimento feito.
A única personagem que acho que teve um fim de impacto real e que se adequa perfeitamente ao que é mostrado durante a temporada, é a mendiga conhecida como Karen Tuberculosa, que achei um verdadeiro espetáculo. Ela é a personagem de Sarah Paulson e fiquei boquiaberto com a atuação da atriz e a maquiagem que fizeram me deixou confuso no começo pra identificar ela. Se você acha que a forma de atuar é muito semelhante, aqui ela realmente mostra que pode mudar a sua essência totalmente.
A atmosfera do ambiente é maravilhosa, me lembrando de certa forma o universo vampiresco que vemos em 30 Dias de Noite, com um ambiente isolado durante um certo período em que coisas sinistras acontecem. A mistura de uma cidade litorânea com um ambiente frio acaba sendo bastante fantástico, já que normalmente esse tipo de lugar é mais relacionado a praia, mar, verão e calor.
É bem fantástico como desenvolvem bem o gosto de amargura relacionado a traição que pode ser um tanto perturbadora pra algumas pessoas. A sensação de injustiça que fizeram é capaz de mexer com quem assiste. E é um dos elementos que deixam claro o potencial da temporada, com algo que poderia muito bem encaixar o elemento vingança no meio ou no mínimo uma consequência mínima. Mas infelizmente acaba só parando nisso mesmo.
A história geral também consegue prender muito, com uma proposta que faz o público se perguntar como lidaria com a coisa. Eu inclusive não consigo lembrar realmente de uma ideia verdadeiramente original com potencial de te fazer pensar em como a coisa seria se fosse com você. Isso porque a própria proposta da série é de usar clichês de filmes de terror. Mas aqui temos realmente uma história geral com um elemento mais único, que a única coisa que lembro parecido, são obras que não são de terror, como o filme Lucy ou Sem Limites.
Um dos problemas dessa temporada, são os furos bem toscos. Por exemplo, tem um momento que um personagem morre e a cena acaba e de repente o corpo só vai parar em um outro lugar, sem ligação a quem m atou. Tudo perfeitinho e fácil... E essas saídas fáceis de terminar a cena e quando voltar, estar tudo arrumadinho me incomodaram bastante.
E inclusive um desses furos, que foi o mais cabuloso, é exatamente um em que o conselho da cidade discute sobre o assassinato de alguém muito importante e a cena toda indica que vai continuar e vão rolar umas dificuldades. Mas ao invés disso, o personagem que questionava a coisa toda e que promete ir a fundo só some mesmo.
Enfim, é uma temporada interessante, com tamanho pequeno, atmosfera gostosa e que acho que vale a pena assistir, no entanto é bem claro que poderia ter sido muito melhor. Acho que os quatro episódios usados para a segunda parte poderiam facilmente ter sido adaptados fora da cidade de uma maneira boa, ou então filmados à noite.
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