Sendo um fã de soulslike, esse foi um jogo que assim que foi anunciado, já me empolguei. E a FromSoftware soube como fazer isso de maneira fenomenal, não apenas mostrando que seria mais um soulslike dela, mas também apresentando a parceria com George R. R. Martin, criador de Game of Thrones e inúmeras outras obras de fantasia. E aqui estou eu fazendo minha review!
Nas Terras Intermédias, vários semideuses reivindicaram fragmentos do poderoso Anel Pristino (o Elden Ring), que foi destruído. Pois são descendentes da Rainha Marika, que governa tudo. Você assume o papel de um maculado, que se levantou para vagar e destruir cada um deles, para tomar de volta o fragmento e montar novamente o poderoso artefato, se tornando um Elden Lord.
A ideia de colocar o criador de Game of Thrones no projeto foi um belo de um 2 em 1, adicionando um autor competente pra criar um universo fantástico, ao mesmo tempo que trouxe um marketing cabuloso, não apenas aos que já conheciam, Dark Souls, mas o próprio grupo de fãs do autor foi levado, pois se tratava de um jogo de seu amado.
Ele chegou a comentar que foi uma oferta irresistível da FromSoftware, e que se empolgou demais com a ideia, embora não tivesse muita ligação. No entanto ao jogar, fica claro que não tem muito do Martin ali. A verdade é que ele criou apenas a base do universo, mas a história do jogo é feita pelo Hidetaka Miyazaki, e dá pra ver claramente que tem muito mais de soulsborne da desenvolvedora do que qualquer coisa do Martin. Dessa forma, ficou mais para o marketing.
Assumo que inicialmente eu pensava que esse jogo teria um estilo bem próprio, assim como foi Sekiro e Bloodborne, porém o próprio George R. R. Martin disse em uma entrevista que a FromSoftware que foi chamado pra escrever um novo Dark Souls. Porém provavelmente por questão de marketing e da desenvolvedora anteriormente ter falado que não iria mais criar um jogo da franquia, ela deve ter lançado como um nome novo, mas você claramente vê que se trata do mesmo jogo.
O negócio é, diferente dos dois jogos citados, em que existem universos próprios e bem diferenciados, esse aqui pegou tudo de Dark Souls 3 e claramente usou como base. Você vê o mesmo HUD, o mesmo "Você morreu", movimentação, sons, mecânica base completa, apenas adicionando novos elementos. Design geral semelhante... Ou seja, claramente se esse jogo tivesse o nome Dark Souls 4, seria ok.
Caso você não conheça Dark Souls, a mecânica básica é de um jogo onde cada inimigo, por mais fraco que seja, dá um dano muito alto, e você precisa usar a mecânica de ataque, defesa e rolamento com atenção, pois não basta ficar apertando o botão de ataque pra matar, é só na estratégia. Se você morrer, sua experiência cai no chão e você precisa ir lá pegar ela de volta, se te matam antes de você pegar ela, você a perde pra sempre. E tudo isso foi sugado em Elden Ring, incluindo o layout das coisas.
Naturalmente, isso não o torna menor, na verdade dependendo da pessoa, isso pode ser algo muito melhor. Afinal de contas não dá pra dizer que todos os fãs de Dark Souls amaram Sekiro, e se Elden Ring fosse algo tão diferente, talvez esse público não gostasse tanto, além do mais a franquia mais popular da FromSoftware certamente atrai naturalmente com o que tem a oferecer.
Mas fora isso, o jogo tem seus aspectos próprios, a começar pelo mundo aberto que certamente é a coisa que mais se tornou um diferencial e atrativo. A ideia de um soulslike em mundo aberto sendo feito pela própria criadora do gênero logo se mostrou um dos elementos que deixou claro que ela queria dar um passo mais ousado.
Uma das coisas mais belas desde Demon's Souls, sempre foram as coisas distantes. Aqueles castelos ou coisas gigantes no horizonte, mas com aquela sensação de que você simplesmente não podia chegar lá. A FromSoftware consegue passar a sensação do gênero Sword And Sorcery de uma maneira muito única. E com um mundo aberto, ela permitiu que você não apenas veja, mas faça a jornada até chegar lá.
Isso inclusive parece ser uma forte herança de Dark Souls 2, em que tínhamos um ambiente central e extensões que eram verdadeiras viagens. Porém, enquanto lá o centro do mundo era uma vila, aqui é um mundo aberto onde você entra em áreas em que segue reto e aí sim vira o estilo clássico de cenário que vemos na série souls.
Além disso, pelo mundo existem algumas pequenas masmorras que você pode entrar e dominar, matando o chefe que estiver por lá e vários inimigos, porém sendo ambientes menores, como uma área subterrânea em que só tem o chefe e atrás dele uma sala com uma negociante, ou uma pequena fortaleza protegida.
No comecinho do jogo, eu senti um pouco de falta de atmosfera, porque apesar de um ambiente maravilhoso, com árvores brilhantes gigantescas no horizonte, não me pareceu tão charmoso quanto os jogos anteriores. Mas na medida em que explorei, cheguei a ambientes em que pude ver coisas realmente encantadoras, como a silhueta de um castelo gigante no horizonte.
Vi pessoas falando coisas variadas sobre a dificuldade, a própria FromSoftware disse que seria mais fácil. Após o lançamento vi gente dizendo que era fácil demais e outros acharam exageradamente difícil. No meu caso, primeiro achei bem complicado, um cavaleiro já no começo fez minha vida um inferno, e cada canto do mundo que eu ia explorar, tinha um diabo mais cabuloso. Porém depois que finalmente consegui entrar em um canto, a coisa meio que andou e passou a ser mais fácil.
Então ao meu ver, é um jogo que a princípio tem um desafio maior, porém depois começa a ficar mais suave de encarar. Porém os chefes no geral, achei bem cabulosos. E para quem for jogar esse como primeiro soulslike, acredito que pode ser fácil a pessoa achar que já era e que a dificuldade vai ser fora do normal demais pra encarar. Mas se você for encantado pela beleza do jogo, com força de vontade passa.
Um diferencial notável da série souls, e que certamente é herança de Sekiro, é a agilidade presente. Apesar de você não ser tão ágil quanto um ninja, você nota uma liberdade maior já no pulo do personagem, que não precisa mais correr, você pode ficar parado e saltar. Isso te permite subir em pedras e dá uma maior liberdade no mundo.
E o cavalo chamado Torrente é simplesmente sem noção, você não tem acesso a ele no multiplayer, mas em lutas contra chefes, não existe comparação, fica muito mais fácil, pois você corre demais e pode ficar passando rapidinho pelo chefe e aplicando golpes, para se distanciar. Inclusive tem pulo duplo, o que garante manobras ágeis ao extremo.
Invocar aliados online ficou muito mais fácil, agora você tem algo chamado "Estátua de Marika", que ficam em vários locais do mundo. Você pode colocar um sinal de invocação no chão e se outro jogador ver no jogo dele, ele pode te invocar, mas se você colocar o sinal de estátuas de Marika, ele vai aparecer simultaneamente na frente de todas as estatuetas que você achou no jogo, ao invés de apenas um ponto do mundo.
Os gráficos do jogo não me impressionaram muito. Estão bastante bonitos, mas eu não achei uma grande evolução em relação a Dark Souls 3, mesmo sendo extremamente mais pesados e tendo grandes quedas de performance no PC. Porém a ambientação mais deslumbrante, com um toque de mundo mágico vivo, diferente do visual Dark Fantasy tão puritano encontrado em Dark Souls, tem potencial pra fazer a beleza de Elden Ring se destacar mais.
Não que Elden Ring não seja Dark Fantasy, ele é, mas ao invés de ser aquele tipo de mundo seco e com sensação de podre, é algo mais belo, que tem suas ruínas, mas é como o mundo apresentado em A Lenda do Cavaleiro Verde, em que é um ambiente verde e fantástico, mas parece ter uma neblina de perigo no ar e com alguns ambientes que são completamente obscuros, mas o mundo geral é mais pra maravilhoso, mas com uma atmosfera ameaçadora.
Aliás, por falar em neblina, o jogo tem mudanças climáticas que não são apenas de dia e noite, mas conta com ventanias fortes que dão um aconchegante clima em árvores se movendo com força e chuva, que inclusive faz a diferença no combate, conseguindo fazer certas magias darem mais ou menos dano dependendo das condições climáticas.
A criação de personagem é realmente impressionante, não são apenas as classes de personagem, que inclusive podem ser moldadas se você investir pontos em outros tipos de atributos e transformar seu cavaleiro em um mago. Mas a personalização de aparência evoluiu muito desde o primeiro Dark Souls em que todo mundo tinha cara de bebê. Aqui eu vi gente que fez uma tartaruga ninja perfeita, de tanto que você pode alterar.
Existe um sistema de coleta de recursos no jogo e a possibilidade de forjar certos itens, o que acaba dando aquele pequeno toque de survival à coisa, especialmente para quem joga multiplayer, pois é necessário fazer um determinado item pra poder invocar outras pessoas. Mas da mesma maneira existem os vendedores espalhados pelo mundo. E é possível tanto compra quanto vender itens.
Enfim, Elden Ring é como se fosse uma amostra de todo o aprendizado da FromSoftware, usando os melhores elementos em um só lugar, a desenvolvedora conseguiu forjar algo grandioso em um mundo enorme. Apesar de ter sido lançado com muitos problemas técnicos, a essência em geral é de um ótimo jogo. Não acho que inova, mas reutiliza de forma muito boa os elementos que tinha. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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