A ideia da morte como entidade é muito antiga, na maioria das vezes puramente maligna ou imparcial como em O Sétimo Selo, porém em diversas obras a vemos como uma figura um tanto mais simpática e agradável, como o caso de "Morte", de Neil Gaiman. E em Death's Door temos algo que vai por esse caminho, sendo uma morte um tanto mais fofinha do que o normal.
Você é um corvo! Mas não um corvo qualquer, um ceifador, um membro de uma agência que cataloga as almas de todas as criaturas vivas e os corvos fazem parte da alma do negócio, tendo que ir ceifar aqueles que já viveram demais. Porém, durante um trabalho, uma poderosa alma é roubada de você, te gerando uma maldição e te colocando em uma jornada para derrotar quatro lordes que usufruem de vidas eternas por trapacearem.
Esse é um daqueles jogos de visão isométrica, que te colocam para entrar na cacetada com criaturas variadas, mas também apresentam um bocado de puzzles. Apesar de ser classificado como Hack And Slash, acho que a falta de inimigos aos montes, como em Devil May Cry, acaba encaixando ele melhor em jogos mais calmos... Me parece um híbrido dos elementos de Soul Reaver com Twinsen's Odyssey.
Então o que temos aqui é um jogo de pancadaria em que você tem algumas habilidades, itens equipáveis e precisa ir até certas áreas do mundo, resolver puzzles, matar quem se meter em seu caminho, derrotar o chefe e voltar para a agência. De vez em quando fazer upgrades nos seus atributos. A quantidade não é muito grande, então acho que a classificação de "Action RPG", como é colocado na steam, acaba sendo um pouco exagerada, mas se for uma versão minimalista da coisa, quem sabe, né?
O que quero dizer é, não creio que quando um fã de Diablo 2 estiver procurando por uma alternativa, a melhor opção seja Death's Door. Não que o jogo seja ruim, na verdade ele é bem fantástico e gostoso de se jogar, mas o que quero dizer é que é algo muito mais simples e tranquilo, sem muita coisa pra administrar ou inimigos para derrotar.
Porém, dentro de seu próprio nicho, o jogo é fantástico e com um nível de dificuldade adequada. Não é porque a tela não enche de inimigo que signifique que não seja uma experiência desafiadora e capaz de te matar várias vezes. Tanto que existe toda uma mecânica de estilo de ataque como rolar e atacar ou desviar de ataques de maneira rápida, assim como uma quantidade limitada de sementes de cura.
Você tem ataques corporais e ataques à distância. Aos poucos vai conseguindo novas armas, como adagas, arcos e magia. Esses itens podem ser usados de maneiras variadas e têm as suas próprias vantagens e desvantagens. Por exemplo, se você atirar uma flecha, ela pode causar dano, mas ainda é possível atirar ela através de algo em chamas para incinerar outro objeto e assim a arma vira um item para resolver puzzles.
Apesar dos locais do mundo estarem conectados, portas mágicas vão sendo liberadas e dão acesso à agência da morte. Na medida em que você explora, é possível destravar novas habilidades para acessar locais que antes apenas eram visíveis no cenário, bem no estilo Metroidvania mesmo e é um local para se curar, fazer atualizações e ver alguns comentários relacionados à história.
O corvinho é tratado como um trabalhador fazendo sua rotina diária, portanto cada criatura que você mata, a alma é coletada e essas almas acumuladas são o que servem para se comprar as atualizações nos atributos do personagem. São limitados os atributos atualizáveis, porém é possível atualizar mais de uma vez, sendo que fica mais caro cada vez que você fez isso.
Os combates são daqueles em que o seu personagem tem que tomar cuidado com cada dano, pois é uma bela fatia de vida que é arrancada. E assim os combates podem não ser com uma quantidade enorme de inimigos (Apesar de frequentemente ter vários na tela), mas é preciso ficar atento porque receber um ataque realmente pode te deixar com problemas.
Também é notável que é frequente a quantidade de puzzles no jogo e isso faz parte da mecânica. Os cenários te obrigam a pensar para seguir em frente. Sendo assim é uma obra para quem quer o meio-termo entre os dois, um pouco de ação e um pouco de raciocínio. Não tem uma ordem desses elementos aparecerem, mas é bem distribuído.
A maioria dos desafios está em uma dificuldade aceitável, mas de vez em quando pode ficar um pouco complicado. Acredito eu que esteja em um nível bom para a maioria das pessoas, com seus momentos de complicação, mas que quando você vai pegando o jeito, acaba observando detalhes que antes te fizeram ficar travado exatamente por não observar o suficiente.
Graficamente o jogo é bonito pra caramba não apenas por usar um estilo limpo em low-poly, mas também por ter um design de personagens e universo bastante exótico e que dão uma beleza a mais à coisa. Sinto que rolou uma certa inspiração da cultura oriental para deixar do jeito que ficou. Sei que não são todos que se atraem, mas pra quem gosta de low-poly, não vai decepcionar.
Enfim, se você gosta de jogos com um clima simpático, lutas contra chefes exóticos, um toque de humor e quebra-cabeças, certamente vai gostar desse. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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