Se você é fã de animes de mistério tipo Yami Shibai ou sente aquele friozinho na espinha ao ler as histórias do Junji Ito, certamente tem uma queda natural pelo horror japonês. E felizmente existem vários jogos que apresentam algo do tipo, mas Okaeri acaba se destacando por trazer não apenas isso, mas a sensação de assistir um VHS e a nostalgia da semelhança com jogos de Playstation 1 (só semelhança).
Aqui você assume o papel de uma colegial do ensino médio que está voltando da escola e já está tarde, quase noite. No entanto se mudou há muito pouco tempo para o lugar e ainda não decorou muito bem como chegar. Mas já no caminho, percebe que há algo estranho, com ruas vazias e silenciosas, exceto pelo som de corvos agitados.
Esse é um jogo de exploração, com o horror focado mais no ambiente do que em uma criatura te perseguindo. Você vaga pela casa, explora e começa a ligar as evidências sobre o que está acontecendo no lugar. Aos poucos, coisas vão acontecendo, a maioria relacionada a sons estranhos e portas sendo destrancadas.
O visual é simplesmente maravilhoso, isso porque reúne três coisas que são capazes de criar uma ambientação extremamente atmosférica. A primeira obviamente é o visual de jogo antigo que causa a ilusão de PS1, a segunda são as texturas de coisas reais combinadas com o filtro de VHS, dando a sensação de mockumentary, já a terceira é a ambientação no Japão durante o ano de 2001, o início do milênio, ao invés de anos mais atuais.
A combinação disso tudo faz com que você naturalmente sinta algo especial se gosta da ideia de histórias sinistras que aconteceram em algum cantinho do mundo, ainda mais se você é fã de cultura japonesa e se deleita ao ver coisas do tipo Hyaku Monogatari Kaidankai. E como se trata de um jogo rápido para se zerar em uma hora ou menos, acaba carregando ainda mais a sensação de história de terror.
O visual de Playstation 1 é na verdade mais uma ilusão causada pelo efeito de VHS, que acaba dando uma má qualidade falsa ao jogo, também com a possibilidade de você rodar na resolução 640x480, qualidade do PS1 e também tela quadrada ao invés do padrão widescreen atual. Essa tela quadrada era usada na época tanto nos console quanto nos vídeos VHS.
A verdade é que o jogo pode ficar foto realístico se visto por alto e ser confundido com uma fita de vídeo real, isso porque todos os itens presentes, desde paredes até produtos na casa, são feitos através de texturas reais. Então enquanto alguns locais são óbvios "papéis" e ficam com uma baita cara de PSONE, outras ficam bem convincentes. Aliás, jogar em 640x480 é bem mais atmosférico se querem saber.
A ambientação japonesa é maravilhosa e tem algo de único, pois enquanto existem jogos maravilhosos com sua ambientação como The friends of Ringo Ishikawa, do desenvolvedor russo Yeo, ou Yuppie Psycho da desenvolvedora espanhola Baroque Decay. A Chilla's Art é composta por dois irmãos japoneses, e assim são capazes de colocar coisas direto da fonte, como é o caso das texturas reais.
O jogo é bem macabro, mas o horror dele está mais no medo de se assustar com algo do que no medo presente ali. Isso porque o foco é mais a exploração do que algo como um demônio correndo atrás de você ou algo do tipo. As coisas tem mais a ver com o cenário e o que vai acontecer ali, e a história é mostrada de maneira bem discreta, porém ao descobrir tudo, você entende de forma muito clara.
Enfim, Okaeri é uma delícia de jogo de terror, realmente algo bem gostosinho que pode agradar vários de vocês. Joguei ele na live do Nerd Maldito no Twitch e foi muito satisfatório. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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