Eu adoro quando obras em geral resolvem experimentar ambientações diferenciadas. Acho que todo mundo adora, mas infelizmente os criadores costumam ser acomodados. Felizmente de vez em quando surgem obras que se destacam e para quem gosta daquelas ambientações pesadas geradas pela atmosfera de magia negra, Heidelberg 1693 com certeza consegue satisfazer!
Aqui temos uma história ambientada no século XVII, na cidade de Heidelberg, na Alemanha. Algo muito sinistro acontece e de repente o mundo vira um caos! O "Rei Lua" troxue as trevas para os habitantes do lugar, indo desde espíritos até mortos vivos e você é um mosqueteiro que precisa usar suas habilidades com espada e arma de fogo para atravessar hordas de seres das trevas.
A maneira em que você vai descobrindo a história é um tanto nebulosa, apresentando um reino em caos e pequenos fragmentos de história reveladores. Algo semelhante ao que vemos em jogos como Death Crown e Fear & Hunger. É a típica maneira de se narrar algo em que pouco vira muito, já que a falta de informações faz gerar teorias e o resto da história se constrói naturalmente. Para quem gosta de Dark Fantasy, esse aqui é uma delícia.
Achei maravilhosa a narrativa que ficou digna das mais robustas obras do gênero Sword and Sorcery, fazendo uma ambientação histórica realmente um reino de fantasia (ignorando a maldição no lugar é óbvio). Um exemplo é apresentar a luta entre o Rei Sol e o Rei Lua onde apenas pequenos flashs são mostrados com um pedindo a cabeça do outro e uma perseguição, que parece, mas ao pesquisar, vi que Luís XIV, era chamado de Rei Sol.
Ou seja, o criador do jogo teve uma ótima sacada ao usar o apelido ao invés do nome bonitinho, isso ajuda muito a manter a atmosfera de fantasia e ao mesmo tempo manter os pés na realidade. O resultado é um período real cheio de detalhes verdadeiros, mas com elementos fantasiosos que não fazem apenas parecer uma realidade alternativa, mas sim um ambiente completamente inédito de fantasia sombria no período barroco.
Bom, esse é um jogo que criou uma ambientação imediatamente interessante como vemos em poucas obras que surgem aos pingos, tipo Deathwatch ou Hunt Showdown,
que apresentam o horror em ambientes inusitados. Mas sem sombra de
dúvidas, esse aqui foi além, pois apresentou isso em uma ambientação não
tão familiar.
O visual do jogo é fenomenal e foi a primeira coisa que me chamou a atenção. Antes de ver a ambientação, vi o visual. É um pixel art realista, onde apesar dos personagens serem feitos com arte pixelizada, é notável que o objetivo era dar um toque mais semelhante ao de quadros e não ao de algo cartunesco.
Sinceramente, acho admirável e super ousado um desenvolvedor fazer uma coisas dessas. Isso porque fazer algo semelhante a desenho animado é muito mais fácil, agora um estilo realista a coisa precisa de um cuidado bem maior para não ficar distorcido. Eu sei que não é novidade e já vemos isso há décadas, é só olhar clássicos como Blackthorne, mas ainda assim é uma minoria.
E a coisa fica ainda melhor ao observar o cenário e personagens em geral. É aquele tipo de jogo que o ambiente está vivo! Uma quantidade enorme de elementos ocorrem ao mesmo tempo por toda parte. Silhuetas de cavalos correndo, casas pegando fogo, o caos acontecendo descontroladamente ao fundo, efeitos climáticos e uma imensa variação de cenários que continuam se modificando o tempo todo. É algo simplesmente bonito de se ver, um ambiente caótico cheio de horror.
Os inimigos são outra coisa que se destacam. A princípio eu pensava que o jogo se tratava de um apocalipse zumbi, mas foi o que alguém quando joguei em live, naquela época zumbis não vinham de experimentos, mas sim de magia pesadona e claro que tinham que rolar coisas mais espirituais e é exatamente isso que temos aqui, um ambiente de maldição e os inimigos se refletem nisso.
Cada um dos personagens é animado de uma forma própria muito elegante. Isso acontece especialmente porque os personagens não são apenas skins diferentes, mas sim criaturas com formas de movimentação próprias. Então enquanto tem o simples zumbi, há outros mosqueteiros com armas, pessoas atirando facas, violinistas que geram notas musicais, espíritos que ressuscitam outros seres, etc...
É realmente gostoso de se ver os novos desafios que vão aparecendo. A quantidade de criaturas feitas foi enorme e você percebe rapidamente que o desenvolvedor não foi nem um pouco preguiçoso em colocar uma experiência contínua com frequentes novos desafios surgindo e em locais diferente. Às vezes você está na cidade em chamas, às vezes está no meio da floresta com neve e em meio a isso seres de todo tipo vão surgindo.
Aliás, o fato de não ser meramente o apocalipse zumbi, mas o caos total, acaba lembrando algo semelhante a uma obra do Junji Ito, com versões macabras de todos os habitantes da cidade e figuras que remetem bastante a pessoas dessa época. Também cairia muito bem encaixar isso no universo de Evil Dead. E os inimigos são tão brutais que atacam a eles mesmos, ou seja, se um zumbi estiver na frente do outro, ele estraçalha também, se um inimigo arremessa um projétil em você e um espectro atravessar na frente, ele é acertado e assim vai.
Em relação à jogabilidade, você pode atacar com a espada, sendo possível fazer alguns movimentos especiais como salto duplo atacando e cair esperando. Com o mosquete é possível dar um tiro e então recarregar manualmente, o que pode dar uma agonia imensa se tiver algum capeta vindo em sua direção, além das balas serem limitadas, precisando ser coletadas e há também as armas secundárias que são limitadas.
Mas nem tudo são flores... Infelizmente o jogo sofre do mal de faltar algo... A sensação que tive foi de algo que não foi finalizado na mecânica de jogo. A falta da possibilidade de rolar e atacar pra cima me deram uma sensação de limitação, em especial essa última, o que é estranho já que é possível atacar pra baixo.
O nível de dificuldade do jogo é cabuloso... É aquele tipo de jogo que é preciso andar na linha ou você morre na velocidade da luz. Qualquer coisa dá dano e é necessário calcular bem onde você cai, a velocidade de ataque e a hora de saltar para desviar. Isso pode gerar uma certa frustração, especialmente porque não me causou muito a sensação de difícil porém justo como um Dark Souls da vida, mas sim de que falta algo na mecânica.
Enfim, Heidelberg 1693 é um jogo maravilhoso em seu visual e elementos em geral, mas é constante a sensação de que existe alguma coisinha que poderia estar ali e deixar o jogo absolutamente viciante. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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