Esse é um dos jogos que achei engraçado como fui atrás pensando não na diversão, mas em como o trailer é um tanto tosco com uma música radical e uma matança sem fim dos jogadores em diversas formas. Eu sabia que o jogo não era voltado para o humor, mas esperava rir com a física ou algo assim. No fim das contas a verdade é que é mais pra humor e sim algo um tanto misterioso e divertido que surpreendentemente se tornou o jogo mais vendido da steam e um prato cheio para fãs de mitologia nórdica.
Na história, Odin bane todos os inimigos Asgard para um novo mundo, chamado Valheim, que por muito tempo fica esquecido. No entanto, com o passar do tempo, o lugar passa a crescer e prosperar e para dar um jeito nisso, o deus decide que antes dos guerreiros mortos irem para Valhalla, eles precisam passar por Valheim e se provar em combate novamente, diminuindo assim as ameaças do lugar.
Como disse, foi uma surpresa a popularidade que esse jogo alcançou. Sei que muitos jogos indie se destacam e viram verdadeiras manias, mas esse eu não sei exatamente qual foi o elemento que se destacou tanto. A coisa surpreendeu atingindo um milhão de vendas em uma semana e dois milhões na segunda, indo para primeiro lugar da plataforma da Valve.
A verdade é que achei um survival bem comum e não sei dizer exatamente o que fez ele estourar tanto. É bem divertido sem dúvidas. Consegue prender e gerar horas de diversão tanto sozinho quanto para grupos de amigos. Mas a verdade é que tem outros jogos bem mais robustos, tipo Conan Exiles. Talvez tenha sido uma combinação de um jogo que roda em PC's mais modestos com um preço bem mais acessível, além de youtubers jogando.
Ele carrega todos os elementos de um jogo de sobrevivência. Você é alguém em um mundo cheio de recursos naturais. É preciso coletar esses recursos e usá-los para criar ferramentas como machados, enxadas, tochas, martelos, etc... Com elas é possível forjar estruturas cada vez mais complexas indo desde casas até portais para se teletransportar pelo mundo. Quanto mais complexa a coisa, mais raros ou difíceis de conseguir são os materiais.
Então acredito que o melhor é não criar uma expectativa tão grande em cima do jogo, pois assim é mais fácil só aproveitar. Existem outros jogos de sobrevivência que se destacam com elementos próprios como Among Trees com seu visual tão único, Darkwood com sua atmosfera densa, Kingdom com sua simplicidade, Ancestors com seu estilo único e assim vai. Se você for jogar esperando demais porque viu todo mundo falando, pode se decepcionar um pouco, mas se for apenas querendo se divertir com os amigos, pode ser realmente fantástico.
Acho que o jogo evolui de uma forma muito boa de acordo com os níveis dos personagens. A princípio um Troll pode ser um verdadeiro pesadelo capaz de destruir sua casa inteira com um ataque e fazer uma transformação total no ambiente. Mas após algum tempo, ele não é nada e você pode matar um sozinho e ainda fazer uma roupa com a pele dele e usar a cabeça de enfeite na sua casa.
Quanto mais você se aprofunda no mundo do jogo, mais desafios vão surgindo e é preciso enfrentá-los ou os materiais para o próximo nível não serão acessados. Sendo assim ele mantém sempre aquela sensação de que você está evoluindo de acordo com o ambiente em que está e cada ambiente é um novo inferninho a se enfrentar.
Apesar de no geral Valheim conter elementos já utilizados em outros jogos de sobrevivência, ele tem alguns elementos que eu não tinha visto antes, como é o caso da alimentação. Você não pode pegar um único tipo de alimento e ficar comendo sem parar. É preciso se nutris de fontes diferentes, esses alimentos ficarão marcados na tela por um tempo e lentamente sua vida vai recuperando, quanto mais variedade, mais estamina você tem e mais rápido sua vida vai recuperar. Adorei esse conceito realista da coisa.
Pelo mundo existem os chefes e é divertido demais enfrentá-los, pois não basta localizar os seus santuários, é preciso invocá-los. Sendo assim tem aquele climinha ritualístico que faz a coisa valer a pena. É preciso procurar o que ele exige para se manifestar e se você não conseguir, vai ter que novamente ir atrás do exigido para enfrentá-lo mais uma vez.
As batalhas são épicas não apenas por causa dos inimigos gigantes, mas por causa da destruição presente no lugar. Sendo, você já pode esperar que todas as árvores ao seu redor sofram dano e talvez desabem, sendo que quando os troncos caem, eles batem nos outros e podem derrubá-los também. Tem momentos no jogo em que tudo o que você vê é um monte de folhas na tela porque o lugar está todo desabando de uma vez, a imersão é fantástica, ainda mais com o fato de que você também toma dano e pode morrer com coisas caindo em você.
Outro detalhe interessante é que as suas construções também se desgastam, começam a desabar e você precisa reparar. É interessante isso, esse climinha de que tudo vai virar ruína uma hora a não ser que você continue vendo o que precisa de reparos. No jogo tem isso para suas ferramentas também, porém já é um elemento bastante comum em outros jogos do gênero.
Achei interessante a técnica visual que usaram para o jogo. Ao invés de ficarem forçando o melhor gráfico que conseguissem por mas ficasse limitado por causa do orçamento da empresa, eles viram suas limitações e escracharam colocando texturas propositalmente pixelizadas pelo mundo todo. O resultado foi algo um tanto charmoso, você vê que a grama é quadriculada, pedras, árvores, tudo, basta chegar perto e é possível ver claramente. Isso fez lembrar jogos de PS1, o que tem o seu charme.
O que quero dizer é, os caras poderiam ter colocado uma textura sem ser quadriculada, mas ainda assim seria limitada, não seria algo super realista. Acho que fizeram a escolha certa em por algo logo que vai ao extremo do quadrado e se destaca do que texturas de baixa resolução que ninguém notaria porque seria apenas mais uma textura genérica como em inúmeros jogos.
Por outro lado, o que fez a coisa realmente ficar interessante foi colocarem efeitos temporais muito bem feitos. Dia e noite, neblina e chuva são coisas que mudam completamente o local, deixam ele sombrio, dá um toque peculiar à coisa. O efeito de embaçamento distante é lindo, a Yggdrasil (árvore gigante onde ficam os nove mundos) pode ser vista no céu super gigantesca. Esses detalhes fazem a coisa ficar fantástico e mesmo com suas limitações é possível tirar fotos maravilhosas.
Enfim, Valheim é um jogo bacana, tem suas limitações, mas pode trazer muita diversão tanto para os solitários quanto para grupos de até dez pessoas. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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