Essa é uma série que eu devia ter assistido há muito tempo, mas meu amigo tava de frescura pra assistir comigo. No entanto aproveitei que ele começou a jogar Sekiro e ficou no clima de ambiente oriental e fiz uma pressão que deu certo! Então hoje é dia de falar de Kingdom, série que a minha única tristeza foi ver temporadas de apenas 6 episódios.
A história se passa durante a Dinastia Joseon (1392-1897), na Coreia (que nessa época era só uma). E apresenta a jornada de um príncipe que teria direito a herdar o trono, mas sendo filho de uma concubina, não tinha tanto direito quanto um "filho oficial". Após adoecer, o rei não pôde mais ser visto por ninguém, por ordem de sua madrasta, uma rainha grávida que faz de tudo para ninguém ver o rei doente antes do nascimento de seu filho... Isso gera uma série de desavenças que resulta na fuga do príncipe e é quando algo faz os mortos voltarem à vida em um ponto do reino, gerando o caos.
Essa série foi baseada em um Manhwa (versão coreana do mangá) publicada na internet em 2014 e que se popularizou absurdamente, o The Kingdom of the Gods. Esse é um tipo de história em quadrinho que começou a ganhar cada vez mais popularidade no resto do mundo à partir da segunda década desse milênio e, que junto com outros tipos de mídia da Coreia do Sul, mostram o estouro do país na cultura pop mundial.
Uma das coisas que eu via falar por aí frequentemente é que essa era a Game of Thrones sul-coreana. E se por um lado, realmente não há como negar que existem alguns certos pontos parecidos, como mortos vivos atacando o reino, brigas pelo poder, traição rolando solta e mortes brutais inusitadas de personagens, é preciso ter muito cuidado com a expectativa, pois boa parte desses elementos têm suas limitações, até porque não é uma série monstra da HBO.
Então a sensação que tive é que ela é muito satisfatória, mas peca em alguns elementos, especialmente em relação à velocidade da história e talvez isso nem seja culpa da produção, mas do tempo, afinal de contas seis episódios em que a maioria tem menos de 40 minutos, não dava para estender muito a coisa. Mas aquela surpresa de um personagem morrer acaba não sendo tão impactante por ser algo rápido demais.
Os vilões são destaques para personagens que têm uma construção muito boa, você nota o potencial, percebe o quanto podem fazer algo caótico, mas de repente eles morrem. E isso é legal, mas também é bem ruim não causarem esse caos antes de morrer. Uma das maiores satisfações de vilões duradouros e que te fazem odiá-los, é quando finalmente são derrotados e você tem o prazer de vê-los sofrer. Em Kingdom a sensação é mais de "Ufa, ainda bem que ele não usou a arma secreta dele, já pensou? Os protagonistas iriam se dar mal!", e isso é péssimo... Seria bom ver os protagonistas se lascarem completamente antes dos vilões irem pra vala.
Mas no geral é uma série de narrativa super gostosa. Ela não foca nos zumbis em si, então não é só gritaria e tiroteio em uma época diferente, mas sim algo que tá um tempero muito especial. É uma história de desavenças políticas e estratégias militares orientais e que ao mesmo tempo tem uma praga rolando e atrapalhando os dois lados. É tipo o que The Walking Dead faz, mas aqui ao invés de focarem no drama, focam na corrida pela coroa.
O visual é maravilhoso, super atmosférico ver aquelas pequenas vilas por onde o príncipe Yi Chang passa. Aliás, por falar em personagens, fiquei surpreso com a médica chamada Seo-bi, que eu assisti todos os episódios e não percebi que a atriz era a Bae Doona, conhecida internacionalmente e que interpretou a irmã do protagonista de Sr. Vingança e a Sun de Sense8. O cabelo dela de um jeito diferente a fez ficar irreconhecível.
Também achei fantástico como construíram toda uma história para explicar os mortos ressurgindo. Não foi simplesmente algo sem explicação e com muita gritaria. Há todo um certo toque científico com limitações da época, o que achei bacana demais. Os próprios zumbis têm suas peculiaridades, como o nascer do sol os fazer correr para se esconder e então adormecerem até anoitecer, tipo os voláteis de Dying Light.
Enfim, eu já tinha notado há algum tempo que obras coreanas me atraem infinitamente mais do que as japonesas. Não forçam os exageros que os live action japoneses colocam aos montes, parece algo mais natural e tal e eu já tinha visto várias coisinhas, desde A Trilogia da Vingança até aquela HQ que fez a internet gritar, e eu até vi o povo vibrando com algumas coisinhas aqui e ali, tipo Solo Leveling, mas Kingdom foi o que realmente me empolgou. Então recomendo!
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