Esse é um filme que me surpreende as notas dele não serem melhores, e só me faz imaginar que as pessoas que foram assistir esperavam algo e viram outra coisa, o que não seria bem uma surpresa, já que é fácil olhar pra esse nome e pensar em histórias de lobisomens, que é exatamente o que imaginei que fosse, assim como meu amigo, mas era algo completamente diferente disso, voltado mais para um suspense psicológico com toque artístico.
A história se passa em Nova Iorque, durante o ano de 1977 e apresenta uma mulher chamada June E. Leigh, que sofre de algum tipo de trauma e simplesmente não consegue sair de casa, mas precisa continuar vivendo. E assim cria laços complicados com conhecidos antigos e pessoas completamente novas que passam de alguma forma por sua vida.
Como falei, esse não é um filme sobre lobisomens, mas com esse nome sugestivo que é inclusive exatamente o mesmo no original em inglês (The Wolf Hour), fica difícil não achar que é algum desses filmes de terror mais underground focado no monstrengo, tipo Cães de Caça ou Howl. Mas a coisa é realmente muito diferente. Achei uma ótima ideia e extremamente bem aplicada, afinal de contas como fazer um filme nos anos 70 com baixo orçamento e ainda assim conseguir passar a atmosfera daquela época? Bom... Pelo jeito a resposta foi criar uma pequena amostra do ambiente sem ter que criar o universo inteiro.
O filme se passa todo no apartamento de June e o máximo que se observa do lado de fora é a visão da janela da personagem, que realmente mostra uma rua com carros da época, pessoas vestidas com roupas daquele tempo e todo um climinha bastante sólido, e também o que passa na televisão. De resto é todo focado dentro do apartamento, que também consegue manter bem o climinha e o tempo todo você sente que são mesmo os anos 70 ali.
Aliás, acho que se você estiver procurando uma alternativa para Coringa que não seja The Warrriors, esse filme cumpre bem demais o papel, inclusive se fosse uma história de origem de algum outro vilão do Batman, acho que contém toda a elegância necessária. Um filme sério, porém ainda assim intrigante, que passa aquela sensação de que é algo mais robusto e não apenas outra história de ação, mas algo com uma mensagem.
Esse é um filme que eu acho que precisa ser assistido da forma certa. A pessoa tem que estar pronta para ver, se não pode ser complicado. O momento perfeito é assistir de noite, de forma tranquila. A sensação que ele me passou foi semelhante à de The Charnel House Trilogy, com aquele climinha de algo compacto e rápido, porém intenso, com uma baita de uma narrativa gostosa.
Apesar de ser limitado ao apartamento, você percebe que o mundo é vivo, pois tem fontes de comunicação externas. Dá pra ver o que passa na TV e o que está acontecendo, as notícias do rádio, os eventos do lado de fora da internet, as conversas ao telefone e as pessoas que chegam à porta da personagem. Isso vai criando a ambientação, você sente bem o clima de ser uma época infernal, as notícias sobre o psicopata que tá rondando a cidade, os detalhes sobre o passado da personagem, o interfone que não para de tocar e as histórias dos personagens que vão visitá-la. É muito legal ir descobrindo.
Aliás, achei super bacana ver a possibilidade de uma pessoa nos anos 70 conseguir viver sem sair do apartamento. O conceito de Home Office aplicado em um tempo completamente diferente do nosso e ainda assim podendo funcionar. Os pedidos sendo feitos por telefone e a possibilidade de ganhar dinheiro fazendo um serviço que é enviado pelo correio.
A fotografia do filme é muito bonita e passa muito bem a atmosfera da coisa, usam aquele toque meio amarronzado e bege, que cai tão bem para representar essa época. Mas você também nota que o orçamento foi limitado, começando pela cena de introdução da câmera se aproximando da janela da personagem e que você nota que rolaram retoques para fazer parecer ser algo mais antigo. Apesar de tudo essas coisas são vistas em pouquíssimas cenas e sempre quando relacionadas ao ambiente externo, pois no apartamento tá tudo perfeito.
Enfim, tá aí um ótimo filme que cai muito bem como história noturna com todo um climinha bacana. Não é um filme com todas as respostas e que pode ficar aquela sensação de "Ué... Mas e tal detalhe?", porém acho que a história é contada de forma super adequada, como uma história sobre algo que aconteceu com alguém. O tipo de filme que é pra se jogar junto e não apenas querer as respostas logo e explosões. Se você gosta de algo mais calmo com um toque de suspense, deve adorar.
0 Comentários