Quando pensamos nos vilões do Horror Japonês, é fácil lembrar de espíritos como os de Contos da Lua Vaga e O Chamado. No entanto o Japão é um país com uma cultura riquíssima e fortes crenças, sendo assim existe uma bela variação dos Yurei. E um desses é o Gashadokuro, que é um tanto diferente das moças branquelas do cabelão que aparecem sacaneando alguém por aí.
Essa é uma história que acabou sendo divulgada especialmente na cultura pop e você muito provavelmente já deve ter visto alguma imagem por aí em vídeos psicodélicos do tipo seapunk ou tirinhas com memes. Mas também acabou ganhando uma bela divulgação através do jogo das 100 velas, que tem foco em contar histórias macabras.
O Gashadokuro não é um ser único, mas sim uma classe de assombração, então existe mais de um. Ele surge em locais onde tem uma grande quantidade de pessoas que morreram de fome ou em campos de batalhas. Em ambos os casos, os corpos não podem ter recebido cerimônia de morte para que seus espíritos fiquem livres para ir.
O resultado é algo digno de uma obra do Junji Ito, os corpos se unem e formam um gigantesco esqueleto com a altura equivalente a quinze vezes a de um humano normal. Esse ser está em constante sofrimento, pois tem uma fome eterna. E assim vaga, normalmente por campos, em puro desespero.
As aparições do Gashadokuro tem hora certa, após a meia noite, e ele anda até o amanhecer, quando desaparece com a vinda do sol. Apesar disso, é uma criatura que na maioria da noite, fica invisível, e esse é o maior problema para humanos. Mesmo sendo gigante, só é avistado quando é tarde demais, pois ele costuma se manifestar pouco antes de atacar.
Existe uma forma de saber que ele está perto, que são os sons de sinos. A pessoa escolhida ouve eles tocarem sem parar. Também é possível ouvir o som dos ossos, no entanto são mais discretos, algo parecido com sons de árvores estalando ao vento. O que realmente indica que ele está por perto são os sinos.
O motivo de atacar humanos é que a única forma dele saciar temporariamente sua fome é arrancando a cabeça de uma pessoa e sentir o sangue quente escorrendo por seus ossos. Ainda assim, é um alívio temporário, e dessa forma ele continua caçando, sendo também indestrutível. A única forma de "combater" ele é se esconder e ficar imóvel até amanhecer, além de ter a sorte de não ser encontrado, pois uma vez que ele encontra a pessoa, caça até matar.
Enfim, uma criatura peculiar pra caramba, não tão frequente em filmes, porém aparece e vez em quando em jogos, como Yomawari. Fico imaginando o quanto não deve ser assustador especialmente para moradores de áreas rurais do Japão. Vagar por aí entre campos naquelas estradinhas durante a noite e de repente ouvir distante o som de um daqueles sinos guizo. Imagina se não deve dar um gela?
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