Quase todo mundo está sempre procurando novas técnicas para que o trabalho seja mais produtivo, e é bem comum as cargas de trabalho serem comparadas com o inferno. E Yuppie Psycho é o tipo de jogo que acaba abordando esse tema, no entanto de uma forma mais literal, misturando carga de trabalho com elementos sobrenaturais.
O jogo se passa nos anos 90, em um distópico mundo muito parecido com o nosso, onde as pessoas são divididas por classes representadas por letras, começando pela A que são os mais poderosos de todos. E você assume o papel de Brian Pasternack, um jovem rapaz Classe-G, que recebe um convite impossível pra alguém do nível dele. Uma oferta de emprego em uma das megacorporações mais poderosas do mundo, a Sintracorp.
A coisa já começa extremamente atmosférica, com Brian no metrô nervoso, pois está indo à cidade grande pela primeira vez, mas acha que isso pode ser uma brincadeira. No entanto ao chegar no lugar já descobre que é mesmo verdade, porém tem um problema... A sala em que ele é levado para assinar contrato está toda escura, iluminada apenas por um imenso monitor com estática onde está escrito enorme em sangue "Mate a Bruxa", depois disso coisas macabras passam a acontecer frequentemente enquanto ele trabalha.
Acho que a primeira coisa que encanta nesse jogo é o visual, que é maravilhoso. Pra quem gosta de gráficos pixelizados, vai ficar encantado com o estilo aqui presente, daqueles mais simples, porém detalhados, lembra jogos como The Last Door, colocando pixels bem grandes, porém trabalhando bastante nos detalhes.
Em cada cenário você vê que rolou um trabalho incrível em cima de detalhes, são muitos robustos mesmos, indo desde detalhes no chão até pequenos objetos por todo lado. Você se sente mesmo em um ambiente empresarial cheio de escritórios com gráficos em quadros, impressoras, telefones, lápis. Sei que parece bobo, mas é preciso lembrar que é um jogo com pixels imensos, o que exige habilidade pra criar algo e essa coisa parecer essa coisa sem poluir o cenário.
E assim como o visual durante a jogabilidade, é notável que a equipe não fez um trabalho preguiçoso em relação às animações. Acredito que ninguém iria reclamar se não tivesse cutscenes animadas, mas elas estão presentes! E é bem notável a inspiração de animes, pois usa o mesmo estilo, no entanto também é pixelizado. É bem gratificante chegar a um ponto em que você vê uma nova cena.
A jogabilidade é muito gostosa, ela não é preguiçosa e em vários momentos você vê a coisa dando uma bela de uma variada. Enquanto em alguns momentos você está coletando itens e informações com personagens, em outros está se escondendo embaixo de mesa se escondendo de criaturas, já em outros tentando decifrar enigmas. E ainda tem momentos especiais com jogabilidades completamente diferentes de outros momentos, incluindo lutas agoniantes com chefes.
Mas no geral acho que é um survival horror suave, ele tem inclusive muito de Resident Evil 1, porém sem combate. Mas você tem os itens que deve coletar pra usos variados, seja lápis para enfiar no olho de um certo tipo de criatura que te impede de passar de alguns lugares, caixas pra enfileirar próximo a tubos de ventilação e destravar atalhos pela empresa, e itens de cura que podem ser comidos de imediato ou você pode ir até a cozinha combiná-los e fazer um item melhor, tipo dois pães e um queijo formam um sanduíche de queijo!
Aliás, acho que cairia bem chamar o jogo de "Resident Evil de escritório" hahaha, isso porque você tem até mesmo uma quantidade limite de save games, são as "Folhas da Bruxa", que você usa em uma máquina fotocopiadora pra "copiar" sua alma e aí serve como save. Dessa maneira dá um pouco de agonia, por ser quantidade limitada. Apesar de tudo é algo mais simpático, a experiência não é hardcore, apenas difícil em alguns momentos.
E o que tem de Resident Evil, também pode-se dizer sobre a atmosfera de Silent Hill em diversos momentos. Isso porque as pessoas do lugar parecem ver o que acontece, mas não com tanta clareza, além de não entrarem em desespero como deveriam. Além disso é bem comum você estar em um ambiente normal, daí ir passando por portas e ir ficando cada vez mais pesado, até você se vê em um lugar todo escuro, cheio de sangue e corpos, e com uma criatura vagando.
Porém no geral, acho que o jogo acaba sendo mais próximo de algumas obras que lembram joguinhos underground japoneses dos anos 90, com aquele climinha de mistério envolvendo pessoas normais que acabam indo parar no meio de algo estranho. Tem inclusive várias obras que seguem esse padrão, como Bluebird of Happiness e Clock of Atonement. E o visual pixelizado dá a sensação de que você tá jogando um jogo de emulador com tela esticada, por isso vendo pixels enorme, especialmente jogos de GBA como Boktai.
A trilha sonora é bem gostosa, meio eletrônica e é bastante grande, eu só fui perceber isso quando zerei o jogo e fui pesquisar por ela. Pensei que eram menos músicas, mas dá mais de uma hora de duração só de trilha sonora, o que é impressionante para algo que é só instrumental e meio retro. Algumas vezes ela é bem calminha, em outras é bem pesada pra acompanhar a atmosfera de certos ambientes.
Existe uma certa liberdade no jogo de você fazer algumas coisas. Apesar de ser uma aventura linear, tem certas tarefas que você pode escolher fazer ou não, inclusive itens secretos, como as fitas de vídeo de um clubinho de vídeos de mistérios, que aliás, é bem fantástico porque são vídeos em live action, e dá aquela mudança bizarra de um mundo pixelizado pra um curta metragem de baixo orçamento que parece sem sentido.
Apesar de tudo, assumo que se eu pudesse, mudaria certas coisas no jogo, porém isso é opinião pessoal e entendo a liberdade artística. Mas se eu pudesse, tiraria a parte cibernética do jogo, acho que isso quebra muito o clima. Eu preferia bem mais que fosse algo puramente satânico, com uma maldição no lugar, do que ter certos elementos high-tech presentes, inclusive acho que daria perfeitamente pra adaptar a história. Mas, como disse, é questão de gosto.
O estilo é realmente muito parecido com o de um anime padrão, inclusive acho que tem o potencial para isso. Se um estúdio japonês decidisse adaptar a coisa, com certeza teria público, até mesmo os desafios que vão aparecendo tem uma baita cara de mais um episódio macabro do que está rolando na empresa.
Enfim, jogo fantástico, muito gostoso de passar o tempo, acho que tem o tamanho certo (Em média 12 horas) e várias surpresinhas com um toque de humor peculiar. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na steam, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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