Tá aí um jogo que me surpreendeu de inúmeras maneiras, o que realmente posso chamar de uma pequena obra prima. Se você é amante de cultura japonesa e se atrai pelos anos 90, tá aí algo que certamente vai gostar muito! Quando terminei, percebi que com certeza é um jogo inesquecível e que causa uma atmosfera fenomenal.
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A história apresenta a vida de Ringo Ishikawa, um adolescente que é líder de um grupo de delinquentes juvenis, e tem que viver com frequentes conflitos, desde as exigências da escola até problemas com alunos de outras instituições que formaram as suas próprias gangues. Além da preocupação com seu futuro, já que está no último ano da escola.
Antes de tudo, tenho que assumir que no começo, fui pego de surpresa de uma forma não muito agradável. Isso porque pensei que era um beat 'em up engraçado, afinal de contas a proposta em si é engraçada. E ao ver que eu tava livre e sem instrução nenhuma do que fazer e o tempo passando, comecei a ficar nervoso, tentar fazer tudo de uma vez, ver que não dava tempo e entrar em desespero e logo fiquei repetindo em sequencia as mesmas coisas e achei um saco.
Porém quando finalmente absorvi a essência do jogo, logo se tornou muito viciante. O negócio é que você escolhe como jogar. A coisa se passa em uma cidadezinha japonesa no começo dos anos 90 e o seu personagem está no limite, pois após uma vida de vandalismo, finalmente o mundo adulto está ali, prestes a acontecer.
A ideia do jogo é fenomenal, pois em meio a tantos simuladores semelhantes, tá aí algo diferente e atmosférico demais. A ideia do delinquente juvenil é um elemento da cultura pop extremamente comum e visto frequentemente em animes conhecidos como Akira e Bleach. Porém acho que é inevitável lembrar de Yu Yu Hakusho.
Eu achei elegante como esse é um simulador em que você realmente tem que ficar de olho nos horários e dias da semana. Nem todos são iguais, existem coisas que só acontecem em horários e dias específicos. Inclusive você pode ter compromissos e ter que ficar de olho, por exemplo se você começar a trabalhar e não for, o dono vai ficar irritado e pode te demitir, se você não for aos testes no sábado às 9 da manhã, vai ver sua nota diminuir.
Foi um erro meu querer fazer tudo, pois o objetivo não é esse, o jogo te dá uma liberdade. Você pode ir pra aula, ou pode simplesmente ir vagabundear. A cidade é viva, coisas estão acontecendo e à medida em que você conversa com personagens, novas coisas vão acontecendo, por isso é importante se comunicar para ver eventos.
Existem diversos lugares para ir, e estabelecimentos como restaurantes, locadora, livraria, academia, etc... Você escolhe o que quer fazer. Por exemplo, se decidir começar a treinar boxe, vai liberar novos ataques, se decidir comprar livros, poderá carregar eles por aí e ler toda vez que parar para sentar em algum lugar, tornando-se perfeito para esperar o horário chegar. Se decidir malhar, sua barra de saúde vai aumentar.
Mas você precisa de dinheiro tanto para pegar por atividades e itens, como para comprar comida e para isso é preciso dinheiro. Você pode conseguir trabalhando, mas para isso vai ter que abandonar o segundo horário da escola. Pode ir espancar outros alunos por aí e roubar o dinheiro deles, ou pode se tornar um aluno exemplar e ganhar o prêmio semanal.
Como disse, o personagem come, e ele também dorme. É importante arrumar uma média de horário. Seu personagem pode desmaiar por fome, espancamento ou sono. Se você deixa isso acontecer, o sono é descontrolado e você costuma perder o horário, portanto manter a rontina de dormir mais ou menos em um determinado horário vai ajudar o personagem a não desmaiar bem na hora que for fazer algo importante.
É muito bacana como toda essa rotina acaba fazendo você ficar de olho e se sentir na responsabilidade. O jogo não te avisa que você tem compromisso, é você que tem que lembrar disso e vai se quiser. Se não quiser é só ir fazer outra coisa, e a história vai se adaptando às suas decisões enquanto você traça seu caminho.
O combate especialmente no início é bem ruim, mas depois você entende que não basta apertar o botão de bater. É um jogo em que você tem que melhorar e criar estratégias. Inicialmente eu desmaiava pra qualquer personagem, mas depois entendi que é porque precisava aprender novas técnicas e também não só ficar massacrando o botão de soco. Aplicar golpes de judô, e se posicionar em bons lugares é importante.
Achei super bacana o elemento de ter os amigos. Você pode andar sozinho por aí, mas pode ver onde os amigos ficam e ir lá chamar eles para ajudar. Eles também tem uma ficha própria e aumentam de nível com o XP que a pancadaria leva. Sendo assim aos poucos dá pra sentir que o seu grupo cada vez mais fica forte.
Ao contrário do que imaginei, esse não é um jogo nada engraçado. Bem ao contrário, ele é mais para um toque dramático, e isso definitivamente foi uma surpresa enorme. Não tentaram fazer piadas e deixar a coisa hilária, ao invés disso colocaram o dia a dia de personagens, não apenas o seu, mas o dos seus companheiros.
Na real, acho que qualquer pessoa que tenha tido um grupo de amigos quando era mais novo, vai sentir um aperto no peito. Ficou muito bonito como a vida de cada um vai evoluindo, problemas com relacionamentos, mudanças no dia a dia dos personagens. Amigos que você passa a ver menos. Realmente ficou fenomenal. O foco com certeza não é só Ringo.
E acontecem algumas coisas super bacanas, tipo um amigo ir te chamar na janela pra dar uma volta de madrugada, ou desabafar sobre certos sonhos. Isso associado ao ambiente é demais, realmente passa uma sensação intensa de dia a dia e mudanças. Você vai se sentindo envolvido com a história de fundo de cada um deles.
Os ambientes vão fazer fãs de animes se sentirem em casa, locais como a parte embaixo da ponte com um monte de delinquentes, o grande campo por onde você pode correr para chegar ao lago e ver a cidade lá atrás, o telhado da escola, e etc. É tudo muito bacana, super bem feito e o melhor é que enquanto você vaga, de vez em quando simplesmente um dos amigos chega e começa algum evento.
A trilha sonora do jogo é maravilhosa, aliás, é a primeira coisa que percebi ser maravilhosa. Assim que entrei no menu e começou aquela musiquinha, nossa! Lindo demais! É uma mistura de violão com bateria que dá um toque tão simpático à coisa. No geral as músicas são calmas e combinam bem com a ideia de dia a dia.
Acho que dá pra comparar esse jogo com uma mistura de Bully com Karate Master 2. Mas essa simulação de vida tranquila pode acabar lembrando algumas outras obras como Punch Club, Night in the Woods, Desert Child, Diaries of a Spaceport Janitor, entre outros... Porém com uma atmosfera extremamente peculiar.
Enfim, tá aí um jogo maravilhoso. Quando zerei tive uma sensação tão ruim, um aperto no coração, mas apenas mostra como é uma obra intensa que é muito mais do que eu poderia imaginar. Vale a pena!E com certeza você vai sempre se lembrar dele, sendo uma daquelas obras que com certeza o autor fez com muito amor.
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