É engraçado como o conceito de história interativa existe há tanto tempo, mas conseguiu se destacar tanto em Bandersnatch, isso porque apesar de termos diversos livros-jogos à venda, esse veio no momento certo com a era do stream e mesmo não sendo a primeira obra do tipo na Netflix, chamou a atenção por ser algo mais sério e mesmo assim conseguir brincar com quem assiste.
O ano é 1984 e um rapaz de 19 anos chamado Stefan Butler ficou obcecado por um livro chamado Bandersnatch, em que é possível escolher o destino do personagem. E assim ele decidiu programar um jogo de computador com a trama do livro. Para sua surpresa uma empresa decide contratá-lo, mas a medida que faz o jogo, fica cada vez mais obcecado por sua história, seu criador e seu próprio passado.
Como disse, não é a primeira experiência interativa da Netflix ou mesmo a primeira história interativa que existe. Eu já tinha inclusive feito uma matéria sobre livros jogos, que é um irmão simplificado do RPG de Mesa, onde os jogadores podem escolher o destino do personagem. Até mesmo a ideia de vídeo interativo já existia há um bom tempo como por exemplo o curta interativo de Until Dawn.
No entanto a ideia de livro não é novidade, enquanto vídeos sempre foram experiências rápidas e bem básicas, onde basicamente se o jogador não gostava de algo, ele voltava para a opção anterior no youtube, mas tudo muito duro e muitas vezes com a câmera congelando de forma super abrupta e as opções aparecendo.
Eu esperava que a coisa fosse assim, até porque os programas interativos anteriores da Netflix não tiveram um destaque tão grande. Mas foi uma verdadeira surpresa a coisa e não era de se esperar algo diferente de um derivado da série Black Mirror né? Afinal ela trata de tecnologia, então é claro que iria tentar surpreender usando a tecnologia de uma forma diferente.
Por falar nisso, caso você não conheça Black Mirror, não se preocupe, a série é antológica, então em cada episódio tem uma história nova e se tem ligação com outros episódios é algo bem discreto tipo um nome, um objeto, mas nada que impeça alguém de assistir em qualquer ordem. Inclusive o próprio filme não é um episódio da série, ele foi anunciado do nada e em pouco tempo já foi lançado.
Me surpreendeu o fato de se tratar de algo que se passa no passado, pois a série tem foco em como nos tornamos escravos da tecnologia e isso pode gerar obsessão, paranoia e inclusive nos fazer cometer loucuras. Até então todos os episódios tinham sido em um futuro próximo (alguns poucos em um futuro distante), mas esse resolveu pegar os anos 80.
Não que eu não tenha gostado, acho bem atmosférico, especialmente porque focou em uma parte mínima da sociedade da época, mas que existia e vivia intensamente a tecnologia. Os programadores que já pudemos ver bem em filmes como Piratas do Vale do Silício ou mesmo o surpreendente caso Max Hedroom. Ou seja, pessoas no passado, mas respirando tecnologia.
Uma coisa que não tenho certeza se foi uma homenagem ou cópia descarada é a semelhança com Donnie Darko, isso porque tem tantos elementos parecidos que é difícil acreditar que foi pura coincidência. Se passar nos anos 80, viagem no tempo, a importante presença de um coelho, um jovem perturbado, entre outras coisas misturadas em um toque sombrio. Me faz perguntar o que isso tudo significa.
Mas bom, a experiência é curiosa porque diferente do que imaginei, não é um monte de vídeos separados que ficam pausando o tempo todo e você vai escolhendo. Mas sim algo que foi feito de forma mais contínua. A imagem não para, quando surge uma opção os personagens continuam conversando por um tempo enquanto a pessoa decide, e não dá aquela travada bizarra na hora da decisão, ela simplesmente acontece normalmente o que mantém a coisa super fluída.
Não bastando isso, a trama está completamente ligada a viagens no tempo e quebra da quarta parede. Coisa que é genial porque todo episódio de Black Mirror conta a história de uma pessoa em um futuro envolvida com tecnologia de um jeito meio doentio. E no caso desse, VOCÊ é essa pessoa, pois na visão de alguém dos anos 80, você é do futuro e consegue controlar alguém pela TV. E o personagem do filme reage ao que você escolhe e sente os efeitos.
Deixe eu tentar explicar melhor. Em um vídeo interativo normal, os personagens estão presos na trama do filme, nem sabem quem é você, nem imaginam que estão sendo controlados. Quando você escolhe um destino diferente, apenas é apresentado um vídeo diferente. Mas em Bandersnatch além do personagem começar a desconfiar, os vídeos que "se repetem" não são completamente iguais e ele tem reações dependendo do que você escolheu.
Por exemplo tem uma cena no começo que ele é apresentado pra um programador. Se você altera essa parte e novamente ela aparece, ao invés do programador só cumprimentar o cara, ele pergunta "Nós já não nos conhecemos?". E isso faz com que a experiência não seja aquela coisa entediante de ver novamente o mesmo vídeo, pois eles mudam em certos pontos.
Outra coisa bacana é que os vídeos vão ficando cada vez mais resumindo a cada volta no tempo. Várias vezes você pode chegar a um dos finais e ir para os créditos, mas você pode tentar voltar a um determinado momento do tempo, que é apresentado em forma de televisores antigos e assim você revê a cena, mas dependendo da que for, ela é mais resumida pra acelerar a coisa ou com alguma mudanças, te levando a um futuro diferente.
Eu acho fantástico especialmente porque antes isso não era possível, não fluído desse jeito. Como a Netflix é uma plataforma de streaming e fica carregando sozinha ao invés de carregar tudo de uma vez, a coisa continua bem suave, com a diferença do que será carregado depois e sem precisar dar as pausas que quebram o clima.
Enfim, experiência fantástica para assistir com os amigos ein? Pode gerar gritaria pra ver a escolha que for. Me fez pensar em como algo assim poderia revolucionar o cinema se cada poltrona tivesse votação e a maioria ganhasse. Muita gente iria assistir mais de uma vez o mesmo filme para ver coisas novas. Então não perca tempo e vá assistir essa bodega!
O ano é 1984 e um rapaz de 19 anos chamado Stefan Butler ficou obcecado por um livro chamado Bandersnatch, em que é possível escolher o destino do personagem. E assim ele decidiu programar um jogo de computador com a trama do livro. Para sua surpresa uma empresa decide contratá-lo, mas a medida que faz o jogo, fica cada vez mais obcecado por sua história, seu criador e seu próprio passado.
Como disse, não é a primeira experiência interativa da Netflix ou mesmo a primeira história interativa que existe. Eu já tinha inclusive feito uma matéria sobre livros jogos, que é um irmão simplificado do RPG de Mesa, onde os jogadores podem escolher o destino do personagem. Até mesmo a ideia de vídeo interativo já existia há um bom tempo como por exemplo o curta interativo de Until Dawn.
No entanto a ideia de livro não é novidade, enquanto vídeos sempre foram experiências rápidas e bem básicas, onde basicamente se o jogador não gostava de algo, ele voltava para a opção anterior no youtube, mas tudo muito duro e muitas vezes com a câmera congelando de forma super abrupta e as opções aparecendo.
Eu esperava que a coisa fosse assim, até porque os programas interativos anteriores da Netflix não tiveram um destaque tão grande. Mas foi uma verdadeira surpresa a coisa e não era de se esperar algo diferente de um derivado da série Black Mirror né? Afinal ela trata de tecnologia, então é claro que iria tentar surpreender usando a tecnologia de uma forma diferente.
Por falar nisso, caso você não conheça Black Mirror, não se preocupe, a série é antológica, então em cada episódio tem uma história nova e se tem ligação com outros episódios é algo bem discreto tipo um nome, um objeto, mas nada que impeça alguém de assistir em qualquer ordem. Inclusive o próprio filme não é um episódio da série, ele foi anunciado do nada e em pouco tempo já foi lançado.
Me surpreendeu o fato de se tratar de algo que se passa no passado, pois a série tem foco em como nos tornamos escravos da tecnologia e isso pode gerar obsessão, paranoia e inclusive nos fazer cometer loucuras. Até então todos os episódios tinham sido em um futuro próximo (alguns poucos em um futuro distante), mas esse resolveu pegar os anos 80.
Não que eu não tenha gostado, acho bem atmosférico, especialmente porque focou em uma parte mínima da sociedade da época, mas que existia e vivia intensamente a tecnologia. Os programadores que já pudemos ver bem em filmes como Piratas do Vale do Silício ou mesmo o surpreendente caso Max Hedroom. Ou seja, pessoas no passado, mas respirando tecnologia.
Uma coisa que não tenho certeza se foi uma homenagem ou cópia descarada é a semelhança com Donnie Darko, isso porque tem tantos elementos parecidos que é difícil acreditar que foi pura coincidência. Se passar nos anos 80, viagem no tempo, a importante presença de um coelho, um jovem perturbado, entre outras coisas misturadas em um toque sombrio. Me faz perguntar o que isso tudo significa.
Mas bom, a experiência é curiosa porque diferente do que imaginei, não é um monte de vídeos separados que ficam pausando o tempo todo e você vai escolhendo. Mas sim algo que foi feito de forma mais contínua. A imagem não para, quando surge uma opção os personagens continuam conversando por um tempo enquanto a pessoa decide, e não dá aquela travada bizarra na hora da decisão, ela simplesmente acontece normalmente o que mantém a coisa super fluída.
Não bastando isso, a trama está completamente ligada a viagens no tempo e quebra da quarta parede. Coisa que é genial porque todo episódio de Black Mirror conta a história de uma pessoa em um futuro envolvida com tecnologia de um jeito meio doentio. E no caso desse, VOCÊ é essa pessoa, pois na visão de alguém dos anos 80, você é do futuro e consegue controlar alguém pela TV. E o personagem do filme reage ao que você escolhe e sente os efeitos.
Deixe eu tentar explicar melhor. Em um vídeo interativo normal, os personagens estão presos na trama do filme, nem sabem quem é você, nem imaginam que estão sendo controlados. Quando você escolhe um destino diferente, apenas é apresentado um vídeo diferente. Mas em Bandersnatch além do personagem começar a desconfiar, os vídeos que "se repetem" não são completamente iguais e ele tem reações dependendo do que você escolheu.
Por exemplo tem uma cena no começo que ele é apresentado pra um programador. Se você altera essa parte e novamente ela aparece, ao invés do programador só cumprimentar o cara, ele pergunta "Nós já não nos conhecemos?". E isso faz com que a experiência não seja aquela coisa entediante de ver novamente o mesmo vídeo, pois eles mudam em certos pontos.
Outra coisa bacana é que os vídeos vão ficando cada vez mais resumindo a cada volta no tempo. Várias vezes você pode chegar a um dos finais e ir para os créditos, mas você pode tentar voltar a um determinado momento do tempo, que é apresentado em forma de televisores antigos e assim você revê a cena, mas dependendo da que for, ela é mais resumida pra acelerar a coisa ou com alguma mudanças, te levando a um futuro diferente.
Eu acho fantástico especialmente porque antes isso não era possível, não fluído desse jeito. Como a Netflix é uma plataforma de streaming e fica carregando sozinha ao invés de carregar tudo de uma vez, a coisa continua bem suave, com a diferença do que será carregado depois e sem precisar dar as pausas que quebram o clima.
0 Comentários