Esse foi o meu primeiro contato com o mangaká Shintaro Kago, e não pude deixar de achar grotesca a coisa. Apesar de tudo acabou sendo uma experiência muito informativa, mas sei bem que pode ser extremamente perturbador para muitos, apresentando ideias bem grotescas em um tom obscuro que não tem o clima comum de mangás. Vou por só imagens leves na matéria porque praticamente todas envolvem chacina e nudismo ao mesmo tempo, então fiquem avisados que no mangá a bagaceira vai bem além.
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A história gira entorno de um serial killer que começa a cometer assassinatos mensalmente de uma forma muito brutal, pegando suas vítimas e partindo ao meio. E assim as pessoas começam a especular sobre quem é o cara, o motivo dele estar fazendo isso e qual será a próxima vez que ele vai atacar.
Enquanto lia, eu só ia pensando com o que se parecia esse mangá e no final acabei concluindo que realmente é um pouco complicado achar ideias estranhas assim, e isso se deve à atmosfera bastante diferente de um mangá padrão, somado ao traço peculiar usando nos desenhos do autor, que com certeza podem causar estranheza às vezes.
A primeira coisa que pensei foi em O Vampiro que Ri, graças à falta total de censura, com nudismo completo e detalhado dos personagens. Algo meio artístico nesses momentos, além da atmosfera mais adulta, diferente de um mangá padrão, contando uma história sem querer se prender à técnica de cliffhangers como é tão padrão.
No entanto notei que não me divertia tanto quanto O Vampiro que Ri, portanto não demorou muito pra eu parar de pensar nisso. E em relação à bizarrice, algo que me lembrou obviamente a obra do Junji Ito, no entanto realmente são coisas bem diferentes. É até estranho pensar que existem tipos diferentes de bizarros, mas vendo esse mangá, notei bem isso.
Pedacinhos (Conhecido lá fora como "Fraction" (フラクション)) tem um bizarro que parece ser mais sério, e por isso acabou me incomodando mais. Talvez seja por causa do traço fotorealista usado pelo autor, acaba fazendo parecer com que certas coisas sejam como se você estivesse vendo aquelas fotos de cadáveres que sofreram acidentes horríveis. Junji Ito existe um clima sobrenatural no bizarro, em Pedacinhos o bizarro é mais realista e repulsivo.
No fim das contas acho que o que mais parece mesmo é com o mangá de Ichi the Killer, por apresentar cenas grotescas, envolver um psicopata e também ter uma apresentação bastante confusa, fazendo com que as pessoas possam ficar perdidas sobre o que exatamente está acontecendo em uma cena.
No começo o mangá tem um ritmo normal, com personagens presos à realidade, no entanto as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas e estranhas até um ponto em que você não sabe mais o que é real, o que é a mente louca do personagem. Até um certo ponto você entende perfeitamente, mas de repente tudo vai desmoronando.
Algo curioso é que se trata de um mangá muito informativo, sobre filmes de terror, sobre técnicas usadas em narrativas, e inclusive é uma obra que brinca com a cabeça do leitor. Infelizmente acho que o autor exagera na quantidade de explicações sobre coisas e chega a um ponto que fica cansativo. Parece que ele queria muito ensinar como uma narrativa de suspense funciona e é interessante a informação, mas meio que eu queria mesmo era ler o mangá e não ler sobre narrativa.
Acredito que talvez a coisa fosse mais divertida se as partes das informações fossem reduzidas, mas ele dá um exemplo de como um mangá pode te enganar pela perspectiva e continua dando outro, e outro e outro, e outro, e você já entendeu, mas ele continua dando exemplos até que chega um ponto que você só quer que a história continue logo, até porque existe um ótimo clímax na trama.
Achei interessante a narrativa ser focada em dois personagens, um deles é o assassino, que não é super estiloso, ele na verdade é uma pessoa normal e tem que enfrentar o problema de um copiador ter aparecido. Em histórias padrões o assassino estiloso localizaria sozinho o copiador primeiro que a polícia, mas ele sabe as limitações que tem e começa a entrar em desespero com alguém roubando sua glória.
O outro personagem é um mangaká que só escreve sobre bizarrices, mas começa a sofrer com crise de identidade por ser reconhecido só por isso e não conseguir escrever histórias de luta tão populares, até que quando os assassinatos começam, uma editora decide aproveitar a popularidade e tenta contratá-lo para escrever sobre o serial killer.
O visual do mangá é bem esquisito. Por um lado é lindo o traço do autor, é foto-realista em muitos quadros, o que é admirável. Por outro, é tão bonito que é de se desconfiar se aquilo não é uma foto modificada, especialmente as imagens que são do rosto do personagem bem de perto. É exagerada a quantidade de detalhes. A sensação que tive foi de estar assistindo um anime 3D, mas não sei, acho que é questão de costume.
Enfim, Pedacinhos é um mangá interessante pra quem quer dar uma variada. É beeem bizarra a coisa e com certeza não é recomendável pra todo mundo. A parte boa é que é que é um mangá curto, poderia ser mais curto se não tivesse tanta enrolação, mas tem uma reviravolta boa que pode estraçalhar algumas cabeças aí.
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O sucesso do mangá fora do Japão pode ser atribuído a vários fatores. Primeiro, a qualidade das histórias é excepcional. Os mangakás (autores de mangá) dedicam anos aperfeiçoando suas habilidades, e isso se reflete nas obras publicadas. Além disso, o mangá aborda temas universais que ressoam com pessoas de diferentes culturas e idades. A maneira como os personagens são desenvolvidos, as tramas envolventes e a combinação de arte visual com narrativa rica fazem do mangá um meio único de contar histórias. Plataformas digitais e a globalização também facilitaram o acesso aos mangás, permitindo que leitores de todo o mundo desfrutassem dessas obras quase simultaneamente aos lançamentos no Japão.
No Brasil, a popularidade do mangá tem crescido exponencialmente. O país sempre teve uma forte cultura de quadrinhos, mas o mangá trouxe algo novo e empolgante. Nos anos 90, séries como "Dragon Ball" e "Cavaleiros do Zodíaco" chegaram às televisões brasileiras, abrindo as portas para uma nova geração de fãs. Desde então, a demanda por mangás só aumentou. Editoras brasileiras começaram a traduzir e publicar uma vasta gama de títulos, tornando o mangá mais acessível. Eventos como a Comic Con Experience (CCXP) e a Bienal do Livro de São Paulo frequentemente apresentam mangás e atraem milhares de fãs.
O impacto cultural do mangá no Brasil vai além da leitura. Ele influenciou a moda, com cosplays se tornando uma atividade popular em convenções e eventos. As pessoas se vestem como seus personagens favoritos, criando uma comunidade vibrante e interativa. Além disso, a arte do mangá inspirou muitos artistas brasileiros a criarem seus próprios quadrinhos, mesclando estilos e narrativas brasileiras com a estética japonesa. Isso resultou em uma fusão cultural única que enriquece tanto a cena local de quadrinhos quanto a global.
Outro aspecto que contribui para a força do mangá no Brasil é a conexão emocional que ele cria com os leitores. As histórias muitas vezes abordam temas profundos como amizade, perseverança, amor e superação de desafios, ressoando profundamente com o público. Essa conexão emocional, aliada à acessibilidade crescente e à qualidade das obras, garante que o mangá continue a ser uma força dominante no mercado de entretenimento brasileiro. As bibliotecas e livrarias estão cada vez mais estocadas com volumes de mangás, e clubes de leitura surgem em escolas e universidades, onde fãs se reúnem para discutir suas séries favoritas.
A indústria do mangá é um exemplo impressionante de como a cultura pode transcender fronteiras e unir pessoas de diferentes partes do mundo. No Brasil, a paixão pelo mangá é evidente e continua a crescer, influenciando a cultura local de maneiras únicas e emocionantes. Seja através da leitura, da criação de arte ou da participação em comunidades de fãs, os brasileiros adotaram o mangá de coração aberto, e a indústria, por sua vez, continua a florescer, trazendo novas histórias e aventuras para todos.
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