Tá aí uma obra que conseguiu uma imensa base de fãs em um piscar de olhos e que inclusive teve o seu mangá publicado no Brasil. Normalmente uma ideia exagerada dessas seria apenas mais um genérico em um mar de obras tocas, porém é o tipo que soube se colocar no seu lugar e até tirar sarro disso, gerando naturalmente uma graciosidade própria. Ou seja, é aquele tipo de coisa que é tão tosco que fica bom.
A história desse anime apresenta Saitama, um cara normal que um dia acabou decidindo se tornar super herói apenas para passar o tempo, no entanto ele treinou tanto que acabou se tornando o homem com o homem mais forte do mundo e passou a derrotar os inimigos com apenas um soco, o que o levou a um tédio imenso.
A primeira vez que ouvi falar sobre One Punch Man, foi quando meu amigo Heitor tava me falando uns animes que ele assistiu. Esse em especial me chamou a atenção, mas apenas ficou na lista pra assistir um dia. Parecia legal, mas eu tenho que conseguir ânimo pra assistir animes que não são sérios, depende muito do clima.
Quando ele falou esse negócio de um soco, logo pensei em algo realmente tosco pra valer, tipo o hilário Detroit Metal City, e não demorou muito pra ver várias pessoas falando sobre. Me surpreendeu um pouco, mas esperei pelo momento certo. Foi então quando saiu na Netflix que resolvi dar uma olhadinha.
A verdade é que não tem muito a ver com DMC, ele é mais para um anime que tem sua história contada de uma forma suave, e com um humor suave e as vezes tão ridiculamente tosco, que você simplesmente não tem alternativa a não ser rir da bagaceira. É algo do tipo "Não... Eles não fizeram uma piadinha tosca dessas!".
É tipo aquele humor de Super Trench Attack, mas sem concentrar muito na coisa. Ao invés disso você assiste uma história que parece não querer ficar forçando chamar a atenção de quem assiste, apenas vai seguindo a coisa tranquilamente e as vezes tirando um sarro dos clichês que tramas desse tipo normalmente seguem.
Esse anime parece ser uma mistura de cultura oriental com cultura ocidental. Digo isso porque é uma obra japonesa, mas usa o padrão de super heróis ocidental, ou seja há aquela ideia de super ligas, heróis de capas com nomes próprios, etc. Normalmente heróis japoneses ou vem junto com um mundo próprio que gera todo um contexto pra sua existência, ou são a galera de armadura tecnológica, e mesmo os de capa, normalmente são aquela coisa de roupa clássica, junto com armadura.
Mas o que temos aqui é uma coisa mais ocidental, não apenas um, mas um monte de super heróis pela cidade. São tantos que você não se surpreende quando aparecem novos rostos na história, pois é simplesmente normal, não é aquela coisa de "Ohhh, eu nunca vi um herói na vida, quem é esse cara?", a surpresa do povo é mais no soco exagerado mesmo.
O problema de histórias desse tipo é aquilo que falei na matéria sobre a super população de heróis inúteis. Hoje em dia todo mundo quer criar um herói e acha que basta tacar uma fantasia, inventar qualquer porcaria e pronto, o novo Homem Aranha ou Batman foi criado! E o povo simplesmente não se empolga por um herói só porque usa fantasia né? Não estamos mais nos anos 40.
Mesmo assim continuam lançando, vez ou outra você acaba descobrindo uma nova equipe de super heróis, vai olhar e é aquela coisa, um monte de caras fantasiados com seus poderes próprios e em uma historinha que se esforça tanto pra surpreender que no fim acaba sendo só mais uma genérica em que nada de realmente novo acontece.
Em One Punch Man, é muito bacana ver como o autor criou Saitama de uma forma não desesperada. É um herói esculachado pra cacete, careca, meio baixinho, e seu jeito de viver é no estilo de uma pessoa bem normal mesmo. Quando aparecem vilões querendo dominar a terra, as vezes ele só ouve o que o cara tem a dizer e fala "Ah tá..." e vai lá e mata, depois volta pro apartamento hahaha.
Algo que acho que faz muita gente se identificar é que ele também pensa em coisas comuns do dia a dia. Por exemplo, vez ou outra é mostrado ele falando sobre o dia de promoção no super mercado e que precisa ir lá aproveitar. Também mora em um apartamento alugado e o lance de herói é mesmo só um passa-tempo, então de vez em quando coloca a roupinha e sai de casa atrás de bandidos.
Mas os outros heróis são tão esbagaçados quanto, é uma coisa muito largada! Eles são divididos em classes, sendo os mais vagabundos da classe C e os mais fodões da classe S. Como Saitama é muito incompetente, ele acaba ficando na classe C mesmo e tem cotas semanais pra cumprir. Os outros heróis dessa classe são um mais tosco que o outro.
Mesmo os mais certinhos não são lá muito impressionantes, por exemplo tem o Cavaleiro sem licença que nada mais é do que um ciclista que sai por aí em sua bicicletinha, tentando chegar o mais rápido possível no lugar e então entrando na porrada contra os vilões. O único problema é que ele realmente é só um ciclista, não tem poderes nem nada.
Algo que me agrada muito na criação desse anime, é em saber que a própria essência de sua criação é tão desleixada quanto. Algo sem compromisso que surgiu na internet e que você rapidamente nota que não foi com o pensamento forçado de ser um sucesso absurdo, mas apenas um carinha normal querendo fazer algo que gosta.
Tudo começou em 2009 quando uma pessoa com o apelido de ONE decidiu começar a publicar o seu próprio mangá. No entanto tinha um probleminha... O primeiro é que o cara não era nenhum mestre dos desenhos, e o segundo é que ele não era famoso nem tinha uma editora. Porém ele tinha a internet e assim resolveu ficar postando online.
Os desenhos eram só a bagaceira, sabe aqueles memes bem tortos? Pois é, o traço do cara era aquele, nada de algo que impressionasse como as ilustrações de Berserk, e mesmo a história não tinha o apelo que vemos normalmente. Porém o cara simplesmente continuou, foi postando sem parar a história do super herói careca.
Obviamente ele não cobrava por uma bagaceira dessas, afinal de contas quem é que pagaria né? Hoje em dia sim, mas naquela época era só mais uma aleatoriedade na internet e que ninguém realmente quer pagar pra ver. Mas é o que sempre digo, se você faz algo por amor, essa coisa vai crescer naturalmente.
Três anos depois é que a coisa realmente ficou boa para ONE, pois o ilustrador profissional Yusuke Murata entrou em contato e lhe fez uma proposta. Ele queria fazer um remake de One Punch Man, que foi aceito e já em 2012 mesmo foi lançado o primeiro capítulo, dessa vez com o traço tão peculiar que conhecemos.
Ou seja, apesar do povo ler o mangá de One Punch Man, nem todo mundo sabe que aquele também não é a obra original, mas sim um remake. As duas obras passaram a ser publicadas simultaneamente, e quando o anime estreou, as três obras estavam sendo publicadas juntas, ou seja o anime era a adaptação da adaptação haha.
Enfim, anime simpático, ótimo para assistir sem compromisso e capaz de gerar belas gargalhadas. Um personagem simples e que facilmente faz as pessoas se identificarem. Sem sombra de dúvidas vale a pena dar uma conferida, não é o meu estilo favorito de anime, mas eu ia adorar se surgissem mais obras com uma essência tão natural. Recomendo!
3 Comentários
Era pra eu ter assistido esse anime ainda nas suas épocas de lançamento, aí fiquei enrolando e acabei não assistindo.
ResponderExcluirHaushaushau acho que está mais que na hora de dar uma conferida :3
Foda que não teve segunda temporada até hoje... ;-;
ResponderExcluirNunca entendi porque não traduziram como ciclista sem licença, me parece ser o nome original e é muito mais debochado e combina mais com o personagem do que "cavaleiro sem licença".
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