Em 1987 nascia um clássico dos quadrinhos, Batman Ano Um, escrito por Frank Miller, que para quem não sabe é nada menos do que o autor de Sin City, e também uma figura muitíssimo importante no mercado de quadrinhos, especialmente nos anos 80 ele fez trabalhos que ganharam um enorme destaque graças à seriedade que tinham. Essa HQ foi lançada dividida em três edições e no Brasil através das décadas foi diversas vezes foi lançado em versões encadernadas belíssimas de capa dura. Já em 2011 essa HQ ganhou uma versão adaptada para filme em animação.
Como vocês sabem bem a primeira HQ do Batman não explica a origem do herói, apenas o coloca em ação, mas obviamente toda a mitologia em cima do personagem só veio depois com o passar dos anos. Naturalmente muita coisa infantil também foi adicionada, perfeito para crianças assistirem. Porém não apenas o público infantil se interessava pelo herói. O que Miller fez em 1987 foi criar algo com um toque extremamente pesado.
Nós somos acostumados a ver histórias do herói onde aparece primeiro a infância dele em que seus pais morrem e depois a coisa muda pra ele em ação, botando pra quebrar e já muito fodão, implacável na hora de combater o crime, a diferença de Batman Ano Um é que o foco é exatamente o meio entre essas duas coisas.
Aqui temos Bruce Wayne em seu primeiro ano como Batman. Não é apresentada uma pessoa com uma mente completamente afiada, mas sim alguém decidido porém cheio de dúvidas. Sua volta a Gotham após 15 anos de ausência, ele não tem a roupa de Batman, apenas sabe que tem que tem recursos e quer poupar pessoas da dor que passou.
Graças a isso é mostrado alguém com erros e medos, além de desajeitado e que até mesmo leva tiros. Inicialmente nem sequer passa pela mente de Bruce a ideia de uma fantasia cobrindo o rosto, ao invés disso usa maquiagem e coloca uma imensa cicatriz que se estende do pescoço até o rosto, fazendo assim com que seja o detalhe marcante que fará as pessoas o identificarem como tendo isso.
Mas o foco principal da história está em James Gordon, que foi transferido para a polícia de Gotham e não se enquadra graças a imensa quantidade de policiais corruptos envolvidos com os poderosos do crime na cidade. Além disso sua mulher está grávida, isso faz com que ela se torne um alvo e logo ele passa a receber ameaças de bandidos dizendo que vão matá-la.
Essa não é uma animação para crianças, é algo sério. Um clima extremamente pesado, você vê coisas como por exemplo uma garota de uns 13 anos no máximo se prostituindo e um bandido apontando uma arma para um bebê. Sendo assim o público infantil com certeza é excluído imediatamente de assistir isso.
Amo demais animações americanas, no entanto infelizmente não acho tão fácil achar o gênero que realmente gosto que é esse mais maduro. Vejo coisas como o espetacular clipe Do the Evolution com aquele traço americano tão peculiar com eventos sombrios sendo apresentados e me deixa louco isso. Dá uma vontade de assistir algo do tipo, porém é simplesmente difícil.
Os desenhos americanos em boa parte são os típicos engraçados para crianças, daí temos as comédias inteligentes como F is for Family, Mr Pickles ou Minoriteam, e por fim temos os desenhos de heróis mais sérios porém sem nenhuma apelação, tudo bem limitado para o público infantil poder assistir, como é o caso do próprio Batman dos anos 90 que é realmente uma série animada fantástica porém que segura muito bem as pontas.
Mas agora animações sérias mesmo com foco no público adulto são bem mais limitadas, coisas como Aeon Flux são tão mais raras que quando acho fico mais do que empolgado. E aqui esse clima é tão constante, são mostrados pessoas com seus desejos, erros e vários elementos de humanos reais. E a linguagem usada então? Fabulosa! Por exemplo em um momento que Bruce pensa se deve ou não salvar dois caras e filosofa "Pode ser ralé, mas até ralé tem família", o jeito que os personagens falam me lembrou um pouco a linguagem usada em filmes a la Tropa de Elite.
Outra coisa bem fantástica é como você sente o esforço do Batman pra tentar conseguir seus objetivos, não é algo fácil e tranquilo, é árduo. Em Arkham Origins você pode controlar o personagem apenas dois anos depois que assumiu o papel. Mas aqui você o vê em seus primeiros meses na rua.
Também é fantástico o climinha de anos 80, aquela limitação tecnológica, o visual das coisas como carros, televisores, etc. Dá um charme a mais em tudo, é realmente bonito de se ver. Isso sem contar com a reação das pessoas, não existia nenhum herói em Gotham antes de Batman e aí vem os boatos, alguns dizendo que é um morcego gigante, a forma que a polícia fica confusa com isso e a reação dos criminosos. Ou mesmo o próprio público, como os civis veem Batman.
A animação é linda demais! Você vê a movimentação das coisas, o charme que se tem enquanto cada frame vai sendo apresentado, é notável que tiveram um carinho. Queriam que o filme fosse tão intenso quanto a revista em quadrinhos, algo para deixar o telespectador encantado com o climinha noir e cenas de ação.
Enfim, o filme foi lançado no Brasil e pode ser achado a venda muito barato, realmente é uma daquelas obras que vale a pena assistir. Perfeito pra chegar aquela noite que você quer ficar quietinho e ver uma boa história com desenvolvimento de deixar muitos live action do Batman passarem vergonha. Quando esse filme terminou eu tava sem fôlego, a sensação foi "Nossa meu! Por que isso não é uma série? Eu queria ver a continuação!". Então recomendo demais! =)
3 Comentários
Cara, eu assisti quando passou na Warner, faz 1 mês eu acho, por ai. Também gostei demais do filme.
ResponderExcluirEu nao sou muito fã do batman e nem dos filmes live actions dele. Único q gostei foi aquele q o arnold participou e que todo mundo fala mal(na vdd nem lembro do filme, só lembro q qndo era criança gostei bastante dele).
ResponderExcluirBom, vou assistir esse filme pq vc recomendou e quero ver se consigo mudar minha opinião sobre o batman depois de assisti-lo. :D
*-*
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