Se temos algumas obras que chegaram a ser proibidas em escolas, como
"Maus", existem outras que realmente apavoram. E o
"Carrie" de Stephen King se destaca não apenas por ser a estreia do autor, mas por ter causado um impacto tão grande, causando uma sensação ruim e de revolta vingativa, que se tornou abominado em instituições de ensino dos EUA, onde infelizmente há frequentes tiroteios. Mas sua primeira adaptação para filme parece ter concentrado ainda mais isso. Porém, é uma obra carregada de curiosidades, e mesmo com o autor tendo criado outros personagens com poderes psíquicos, como em "
A Incendiária", essa com certeza se tornou a que mais causou impacto, já que é algo que vai além dos podres.
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Eu já tinha assistido a esse filme há muito tempo, porém sem olhar de uma forma mais profunda sobre a coisa. Tinha gostado, mas não tinha lido Carrie, e também não observava muito bem elementos técnicos na produção de um longa-metragem. Sendo assim, é engraçado dizer como acabou me impressionando mais do que na primeira vez. Existiu uma época da minha vida em que eu só não assistia filmes se eu já tivesse visto, não tinha sentido. Mas agora vejo que quando envelhecemos, podemos desenvolver visões que consigam fazer algo antigo parecer novo.
A história é sobre Carrie, uma menina que sofre intenso bullying de suas amigas da escola, e também acaba tendo que enfrentar o horror ao chegar em casa, já que sua mãe é uma fanática religiosa. Porém ela tem um segredo, é capaz de mover as coisas com sua mente. Mas isso a perturba, sendo chamada de bruxa pela mãe, e pressionada cada vez mais por suas colegas, se tornando frequentemente acuada e sem ter o que fazer.
Eu já tinha escrito aqui no blog sobre como
Carrie foi inspirada em três garotas, e como esse sentimento real acaba facilitando para que fosse fácil conseguir se identificar com a personagem. Não é uma ideia vazia como "Ela era sacaneada, e agora vai se vingar". King conseguiu conduzir de forma incrível e fazer o leitor ter uma baita sensação ruim de alguém que apanha e é sufocada sem parar, em todos os locais, e sem ter pra onde fugir. Ele desenvolve o sentimento de medo e revolta, e quando explode em desespero, faz você sentir bem o sentimento da personagem. Certamente esse é o maior motivo do livro ser proibido em escolas, já que não é um sentimento nada sadio pra ser exposto a qualquer pessoa.
Me surpreendeu muito o fato de que o filme saiu em 1976, apenas dois anos após a estreia do autor com seu primeiro dia. Quero dizer, pensa bem, hoje ele até pode ser extremamente conhecido, mas naquela época, era apenas um cara que lançou um livro de sucesso, e em um tempo onde não se tinha internet. Então me surpreendeu ele já conseguir esse feito de primeira, visto que sempre temos algum autor iniciante que tem um estouro, e se hoje em dia com tantas opções é difícil, imagina naquele tempo?
E o mais impressionante, é que não é qualquer filme. Eu tinha uma lembrança de que Carrie não era tão bem feito. Mas é um filme de
fotografia impecável, com ângulos de muito bem gosto, e frequentes cenas difíceis que notavelmente não poderiam ter sido feitos por uma equipe menos competente. E você percebe que não eram quaisquer pessoas que estavam por trás, começando pela seleção de elenco.
Ninguém menos do que George Lucas e o elenco de Star Wars foram colocados juntos com o elenco de Carrie para fazer os testes. Então, parte do elenco de Carrie quase esteve em Star Wars: Uma Nova Esperança e vice-versa. Inclusive o diretor Brian De Palma dirigiu também o clássico
Scarface.
E o estúdio conseguiu os direitos de adaptação a preço de banana, já que King vendeu por apenas 2500 dólares! Porém, ele diz não se arrepender, o que se você pensar, é bem certo. Afinal de contas, sua popularidade aumentou muito. Talvez se ele tivesse negado, fosse um daqueles autores que brilham por um momento, mas é esquecido, mesmo tendo obras boas.
Como era de se esperar, essa não é uma adaptação perfeita de tudo o que acontece no livro. Mas, quando você entende como o cinema funciona, passa a saber que coisas realmente precisam ser adaptadas, e que se algo funciona em uma mídia, não quer dizer que vá funcionar em outra. Da mesma forma, tem coisas que podem melhorar quando são convertidas. E aqui temos um claro exemplo disso, embora certas coisas sejam diferentes, não quer dizer que sejam ruins.
Um exemplo, é Billy Nolan, o personagem de John Travolta (Que por acaso foi seu papel de estreia nos cinemas, antes só tinha feito filmes pra TV). Esse personagem no livro é completamente descontrolado, um verdadeiro psicopata. Aqui, ele é mais suave, chega a meter tapas na cara da namorada, mas não mostra a insanidade do livro. Isso é diferente, mas não quer dizer que estragou, já que no fim das contas, o resultado é o mesmo.
E a tão falada cena do baile da escola, recebe muito mais foco aqui. Enquanto no livro ela é apenas algo rápido, antes de Carrie sair para a cidade, no filme é o foco principal, e que transmite bem os sentimentos da personagem. Fizeram inclusive a morte de uma personagem de um jeito diferente que ficou muito bonito, diferente do livro, mas com uma simbologia religiosa poética pra caramba.
Tem coisas que eu gostaria que tivessem mudado e que continuaram lá, como a morte dos antagonistas. Eu sempre fico frustrado com vilões que são uns verdadeiros desgraçados durante uma obra inteira, pra no final não receberem um carinho em sua finalização no mesmo nível. E tanto King, quanto Brian de Palma parecem não ter ligado para dar essa satisfação ao público. Se você quiser ter a satisfação de um pouco de horror na face dos vilões, deve assistir o
blockbuster Carrie 2013.
O estilo narrativo também é diferente, mas isso era realmente de se esperar. O negócio, é que o livro tem um formato FANTÁSTICO, onde você não vê apenas a visão dos personagens quando aconteceu. Entre os capítulos temos entrevistas, artigos científicos, relatórios da polícia, trechos de livros e muito mais, todos mostrando relatos de coisas que vieram DEPOIS que tudo aconteceu. Ou seja, de repente vemos algum dos sobreviventes dando detalhes e apresentando seus pontos de vistas, temos dados científicos investigando o caso e explicando sobre genética e paranormalidade, e assim vai.
É realmente muito maravilhoso ler o livro e ver esses detalhes, especialmente porque alguns ficam te provocando sobre coisas que ainda não aconteceram na história, como mencionar a morte horrível de um personagem, e isso te faz ficar atento, esperando pra ver como aquilo vai acontecer. Mas em um filme, será que se ficasse parando do nada e mostrando esse tipo de coisa, seria algo fluído? Bom, dependendo de como a pessoa filmar, poderia sim dar certo, mas convenhamos que é preciso ter bastante habilidade pra manter essa fluidez.
Mas no geral, o roteirista Lawrence D. Cohen foi bem competente em colocar os principais pontos. Tem um final diferente do livro, e é algo visivelmente menos caótico em relação à cidade, mas a mitologia da personagem em si é toda colocada, com elementos mencionados para dar dicas ao público sobre o passado da personagem. Curiosamente ele também foi o roteirista da versão de 2013 e de "
It: Uma Obra Prima do Medo", além de outras obras do Stephen King.
Enfim, é um filme que passa bastante rápido, que não descarta o livro, mas apresenta uma realidade bem próxima com final alternativo e leves mudanças. No geral, muito bom! Vocês devem saber que existe uma
mini-série de "O Iluminado" roteirizado pelo próprio King, isso porque ele ODIOU a adaptação do Kubrick. Mas aqui temos uma obra que o autor amou, e que você pode amar também. Vale a pena.E se estiver afim, o livro tem uma versão BELÍSSIMA em português. Confira:
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Sobre Carrie (Com spoilers)
Desde sua publicação em 1974, "Carrie, a Estranha" tem cativado leitores com sua narrativa envolvente e personagens vívidos, todos imersos em um universo sombrio e perturbador criado pelo mestre do terror, Stephen King. Vamos mergulhar mais fundo nesse universo intrigante, explorando os principais personagens, termos e locais que moldam a história e continuam a ecoar na cultura popular até hoje.
Carrie White: A Protagonista Atormentada
O centro do universo de "Carrie, a Estranha" é, sem dúvida, Carrie White. Carrie é uma jovem tímida e retraída, constantemente atormentada por suas colegas de escola e abusada emocionalmente por sua mãe fanática religiosa, Margaret White. Dotada de poderes telecinéticos, Carrie luta para encontrar seu lugar no mundo e controlar seus dons sobrenaturais, enquanto sua busca por aceitação e vingança a leva por um caminho sombrio e perigoso.
Margaret White: A Mãe Fanática
Margaret White é uma figura central e assustadora no universo de "Carrie, a Estranha". Profundamente religiosa e extremamente controladora, Margaret subjuga Carrie a um ambiente doméstico opressivo, onde sua devoção fanática à religião e suas crenças distorcidas sobre pecado e redenção moldam a psique já frágil de sua filha. O relacionamento tenso e abusivo entre Carrie e Margaret desempenha um papel crucial na trama e na evolução dos eventos.
Sue Snell: A Colega Empática
Sue Snell é uma personagem significativa em "Carrie, a Estranha". Inicialmente parte do grupo de colegas que zombam de Carrie, Sue mais tarde se arrepende de seu comportamento e tenta compensar suas ações convidando Carrie para o baile de formatura. Sua empatia e tentativas de ajudar Carrie adicionam uma camada complexa à narrativa e destacam a dualidade da natureza humana.
Billy Nolan e Tommy Ross: Figuras Conflitantes
Billy Nolan e Tommy Ross são dois personagens com papéis distintos na trama. Billy, o namorado de Chris Hargensen, é um dos responsáveis por orquestrar a humilhação pública de Carrie no baile de formatura. Tommy, por outro lado, é um colega de escola que convida Carrie para o baile de formatura como parte de um gesto de bondade. Suas ações desencadeiam uma série de eventos que culminam em um final trágico e devastador.
Locais-Chave: Chamberlain, Maine
A cidade fictícia de Chamberlain, Maine, serve como pano de fundo para os eventos de "Carrie, a Estranha". Esta pequena comunidade americana é onde Carrie vive sua vida cotidiana, frequentando a escola, interagindo com seus colegas e enfrentando os desafios da adolescência. Chamberlain, com sua aparência pacífica e suburbana, esconde segredos sombrios que desencadeiam a tragédia que se desenrola ao longo da história.
O Baile de Formatura: O Clímax da História
Um dos momentos mais icônicos do livro é o baile de formatura de Carrie, que serve como o clímax da história. É neste evento que os poderes telecinéticos de Carrie atingem seu ápice, desencadeando uma tragédia devastadora que muda o curso dos destinos dos personagens principais. O baile de formatura encapsula a tensão e o terror que permeiam todo o universo de "Carrie, a Estranha".
Legado e Influência
Desde sua publicação, "Carrie, a Estranha" se tornou um marco na literatura de terror e estabeleceu Stephen King como um dos mestres do gênero. O livro inspirou inúmeras adaptações para o cinema, televisão e teatro, além de influenciar uma geração de escritores de horror. Seu impacto duradouro na cultura popular é evidente até hoje, solidificando seu lugar como uma das obras mais emblemáticas e perturbadoras do cânone de Stephen King.
"Carrie, a Estranha" oferece uma visão fascinante e perturbadora do universo de Stephen King, explorando temas de isolamento, abuso, poder e vingança. Com personagens complexos, um cenário atmosférico e um enredo tenso e emocionante, o livro continua a cativar e assombrar os leitores décadas após sua publicação. Se você ainda não teve a chance de explorar esse universo sombrio, embarque nesta jornada e descubra por si mesmo por que "Carrie, a Estranha" permanece tão poderoso e relevante até hoje.
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