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Wonhon | Aqui você é um espírito vingativo oriental

Eu me interessei por esse jogo assim que bati os olhos nele e vi a proposta um tanto diferenciada. Em "Wonhon: A Vengeful Spirit" você assume o papel de um tipo de personagem não tão explorado, um espírito da vingança oriental. E se você é o tipo de pessoa que cai nas graças daquelas histórias de horror oriental, certamente acaba se atraindo imediatamente pela proposta deixada aqui. Apesar de tudo tenho que assumir que é um jogo que eu esperava algo um pouco diferente.

A história se passa durante a década de 1920 na Coreia e uma menina acaba perdendo sua família, logo depois sendo também brutalmente assassinada por soldados. No entanto, durante a sua passagem para o outro plano, a morte lhe diz que não pode levá-la, pois seu tormento a mantém presa e assim ela faz um acordo, se dispondo a se livrar das amarras que outros espíritos têm no mundo dos vivos para que assim possa também ser liberta.
Esse é um jogo de potencial imenso, com sua proposta diferenciada e surgindo em meio à ascensão coreana com diversas obras dominando a cultura pop, como é o caso da série Kingdom ou do mais que badalado filme Parasita, além de outras obras clássicas que já mostraram bem a capacidade dos coreanos em criarem obras notáveis, como é o caso de obras mais antigas como é o caso da Trilogia da Vingança.

Infelizmente esse é um jogo que cometeu o vacilo de pegar uma temática naturalmente atraente para aqueles que amam cultura oriental e horror e focar em algo muito mais suave, incluindo piadinhas e um certo toque de trapalhadas. Isso é realmente algo que deixa um pouco complicado conseguir levar à sério, sendo pior do que o que vimos em algumas obras que se perderam como Sadako 3D, onde o problema é a tosqueira, mas agora comédia vai completamente contra a maré. 
 

Já no começo do jogo é possível ver bem que não se trata de algo semelhante ao que costumamos ver nos filmes de terror orientais mais conhecidos, mas sim algo bem mais suave. Você morre e assim que encontra a morte, ela fala como se fosse um cara fazendo seu trabalho e nada mais que isso. A menininha coreana faz a proposta pra ela e é só algo como "Ah tá... Beleza, vamos lá".

Depois disso começa uma série de objetivos que fazem a personagem parecer mais uma capanga fazendo trabalhinhos do que uma entidade cósmica descontrolada. Você precisa ajudar as almas penadas e elas te dão trabalhos como "Vai pegar um objeto meu", "Invade uma base, salva meu filho e sai de lá com ele sem ser visto", "Mata todo mundo" e até mesmo "Sabote a base".
É claramente um jogo de espionagem disfarçado. Os objetivos são simplesmente bizarros demais para encaixar na trama. Até daria pra colocar a ideia de ajudar outras almas, mas fica meio esquisito você mesmo ser uma delas e não um médium ou algo do tipo. Além do mais os objetivos poderiam ser mais atmosféricos. Matar todo mundo até está ok, mas roubar os planos de militares é zoado pra caramba.

O jogo tem uma visão isométrica e os gráficos são um tanto limitados na maioria das vezes, o que a própria equipe acaba demonstrando que não é limitação da engine, visto que chega em um ponto onde o cenário é completamente detalhado, com folhas voando e pequenos detalhes. Isso me faz perguntar se foi um trabalho preguiçoso ou simplesmente era pra ser assim, mas acho que daria pra colocar mais a atmosfera da Coreia dos anos 20.
A jogabilidade é puramente do gênero stealth, e nela você deve ser cuidadoso ao entrar nas bases militares, dois tiros e você morre. Sendo assim, na maioria das vezes você vai se esgueirar e tentar chegar aos objetivos sem ser visto, até porque se um soldado te vê, rapidamente muitos outros aparecem, dificultando a fuga.

Existe a possibilidade de possuir os corpos dos soldados se você chegar discretamente por trás ou estiver escondido atrás de um muro. É preciso segurar o botão de possessão e esperar fazer isso completamente. Ao entrar no corpo de alguém, existe a possibilidade de fazer algo muito legal, que é atirar em outros soldados.
A variação de inimigos é baixíssima, no início existem apenas dois tipos, os que atiram e os que arremessam granadas. Depois são liberados ratos gigantes, cachorros e médiuns, além da variação dos soldados que são imortais. É possível possuir apenas soldados e cachorros e usar suas habilidades para causar o caos.

Mas se você morrer, você assume a forma espectral, que pode atravessar paredes, mas os espíritos de todos aqueles que você matou vão vir te pegar e forçar você a assumir uma forma física novamente. O problema disso é que se você não fugir a tempo, pode se materializar bem na frente dos soldados e morrer.
Apesar de tudo, o jogo consegue ser divertido. Ele tem muitos problemas em relação à simplicidade e talvez a equipe não tivesse notado o potencial da coisa, talvez a ideia de menina morta-viva tenha surgido somente no final, quem sabe? É difícil dizer, mas é um jogo bacana para se passar o tempo, daquele tipo que você entra em uma fase, resolve, pronto.

Enfim, Wonhon é um jogo legal, mas que acaba sendo completamente ofuscado pelo potencial que tinha. Poderia ser muito mais profundo. Então se só procura um passatempo com fases rápidas e um certo toque de desafio, esse tá ótimo. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.

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