Esse é um jogo com um estilo peculiar, envolvendo horror, estratégia, sorte e narrativa. Uma obra que é declarada como inspirada por pintura a óleo de quadros navais clássicos, mas a sensação que tive foi bem mais lovecraftiana do que qualquer outra coisa, parecendo uma mistura de FTL Faster Than Light com Sunless Sea.
Você é um capitão que estava preso em uma ilha cheia de cultistas que acabaram de invocar um antigo deus marinho. No entanto em meio ao horror, consegue fugir e libertar alguns outros prisioneiros, porém o mar é vasto e cheio de horrores... Piratas e criaturas misteriosas apenas te aguardam.
Esse jogo parece uma versão menos complexa de Sunless Sea, o que pode acabar sendo um atrativo para aqueles que se atraem pela essência, mas não tem paciência para muita complexidade. Então você assume o papel de um capitão e deve saber lidar com o que estiver pela frente, em um vasto mundo cheio de mistérios.
O jogo tem elementos peculiares em sua jogabilidade, às vezes é estratégia em turnos, às vezes é estratégia em tempo real, às vezes é narrativa pura com acontecimentos e escolhas, e assim vai. Tudo já começa com escolhas suas durante a narrativa da história, mostrando sua jornada para fugir da ilha e te colocando para escolher as celas dos marinheiros que quer salvar.
Cada membro da tripulação tem habilidades e atributos próprios, além disso existem classes diferentes e nem todas vão estar disponíveis no seu navio. Durante a escolha inicial mesmo você verá classes diferentes, por exemplo se escolher o médico, ele vai ter um bônus na velocidade de levantar companheiros feridos.
O mapa principal pode ser explorado com você clicando para o navio andar, e aos poucos ilhas e eventos vão sendo revelados. Mas não é algo em um mundo aberto, logo você chega nas bordas e acha a moldura de um quatro, em alguns pontos existem entradas para outros "quadros", porém para atravessá-las é preciso cumprir uma série de tarefas primeiro.
Os combates são uma mistura entre turnos e tempo real. Você controla a distância do navio e deve colocar a tripulação inicialmente nos canhões, sendo que existem tipos diferentes, como por exemplo os focados em destruir velas, ou a máquina de atirar balas que só é útil se você chegar com o navio bem perto.
Mas logo é preciso dedicar tarefas diferentes à tripulação, seja consertar uma área quebrada ou apagar um incêndio que se iniciou. Cada combate gera problemas diferentes que vão te fazer ter que tomar decisões de acordo com o momento. É preciso tomar cuidado também com a saúde dos membros, sendo que cada um tem sua própria barra de vida.
Se você se aproximar o bastante, pode invadir o navio inimigo e aí colocar a tripulação para lutar diretamente com espadas, e depois colher os espólios. É algo interessante e dependendo da ocasião pode ser uma opção mais barata que destruir o navio. Mas realmente depende do tipo de inimigo que você estiver enfrentando.
Uma coisa que me surpreendeu é que as criaturas marinhas presentes no mar parecem ser mesmo bem fora de controle. Digo isso porque teve uma vez que eu estava lutando contra um navio pirata, mas do nada vi escalando no canto do navio um monstro, eu pensava que era um pirata, mas era uma criatura chamada Haliphron, que simplesmente decidiu piorar minha situação.
Os gráficos do jogo não são grande coisa, é algo meio old school mesmo, porém levando em consideração que se trata de um jogo indie, acredito que dá para relevar um pouco né? Por outro lado não achei nada que consiga encantar muito, existem muitos indie que tem visuais fenomenais, mas aí entramos naquela questão de que ser um designer fodão não te torna um ótimo programador ou criador de ideia e vice-versa.
Enfim, a proposta do jogo é interessante, no entanto naturalmente não é algo para todos os públicos. Joguei ele inicialmente no Twitch Nerd Maldito, mas acho que não é um jogo muito adequado para lives, pois é meio parado. Mas para fãs de jogos de administração que não exageram muito na complexidade pode ser bem agradável. Atualmente ele está em promoção na Greenman Gaming.
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