Quase todo mundo gosta de gatinhos, então quando se bate os olhos em Night in the Woods, já se nota um visual amigável, por outro lado esse é um jogo que vai muito além do que um visual fofo com gatinhos, ele é uma daquelas obras intensas cheia de possibilidades e que acaba sendo difícil definir exatamente qual é o gênero da coisa.
A história se passa em um mundo de animais humanoides, você assume o papel de Mae Borowski, uma gata que estava na universidade, mas por algum motivo retornou à sua cidade natal, Possum Springs, reencontrando seus pais, a casa onde viveu, antigos amigos e conhecidos. Aos poucos vai revelando os motivos de estar de volta e revivendo momentos.
Quando fui jogar esse jogo, não sabia o que esperar, a verdade é que fui jogar porque falavam muito bem, mas decidi usar aquela técnica de assistir filmes sem saber nada sobre, mas nesse caso jogar um jogo né kkkk. Sendo assim entender qual é a da coisa foi uma bela de uma surpresa, mas por outro lado vi também que não era o momento certo.
A minha primeira tentativa de jogar, foi ao vivo no Twitch do Nerd Maldito, e percebi que não estava sendo legal. O negócio é que é um jogo que faz muitas paradas e ainda sem tradução eu tinha que ficar lendo para o público, somando isso com o povo me perguntando coisas acabou sendo uma live não muito fluída, o resultado foi que desisti de zerar ele em live.
No entanto, ao testar sozinho percebi que também não estava fluindo, fui até um certo ponto, gostei demais da jogabilidade variada, da forma que a história acaba sendo fluída, do visual, da trilha sonora e inúmeras coisas. Porém percebi também que jogar naquele instante seria um desperdício jogar um jogo tão atmosférico sem estar no clima pra absorver o que ele tinha a oferecer.
A essência da coisa é semelhante à que tive em The Charnel House Trilogy, que frequentemente puxo o saco aqui no blog, porém conferindo o How Long to Beat, notei que era um jogo bem maior e que não daria pra zerar em uma jogada só. Mas é o tipo de obra que vejo como para ser jogada em uma noite fria, aconchegante e chuvosa, portanto decidi que zeraria só no momento adequado.
O que temos aqui é um simulador de vida, com coisas simples e complexas, o jogo parece um livro do Stephen King, uma cidadezinha pequena, pessoas vivendo suas vidas comuns, e um grande mistério que de repente surge no lugar. E a jogabilidade consegue passar demais isso, contendo não apenas falatório, mas diversos mini games que surgem quando você vai fazer atividades.
Você nota bem que os desenvolvedores quiseram brincar com a jogabilidade, não se deixaram limitar pela mecânica básica. Você nota isso já no começo quando usa uma máquina de refrigerante e ao invés de só apertar um botão e o jogo dizer "Você pegou a lata", a câmera muda pra um ângulo em que você vê a máquina na tela inteira e controla a patinha da personagem, tendo que colocar em cima da lata e apertar o botão pra segurar, para só então puxar a patinha pra fora da tela e aí ela mudar novamente pra visão normal.
Mas vamos começar do início né? Esse é um jogo em que a primeira vista pode parecer ser de plataforma, isso porque é um 2D em que você anda pra lá e pra cá pulando nas coisas podendo subir ou descer. No entanto não é de fases, acontece em uma cidade e você vai e volta como quiser, falando com as pessoas e resolvendo problemas. Então a mecânica básica dele acaba parecendo mais com jogos point and click, porém com controles iguais ao de jogos de plataforma.
As conversas são apresentadas em balões de fala, algo interessante é que em alguns balões aparecem setinhas que você pode colocar pra esquerda ou pra direita para escolher outra resposta, porém uma coisa maravilhosa é que diferente da maioria dos jogos em que isso é só enfeite, aqui as coisas realmente vão mudar dependendo da escolha.
Sendo assim quando você decide responder, perguntar ou comentar algo diferente, no momento o resultado pode até não mudar, mas isso pode ser citado futuramente, levando a uma nova cena que não apareceria se você não tivesse dito algo, ou mesmo feito certas coisas. Mas não existe certo ou errado, apenas a forma que você quer conduzir algo, e a vida segue.
E aí em meio aos acontecimentos do cotidiano, você encontra coisas vez ou outra e a jogabildiade pode mudar pra caramba, por exemplo quando você acha amigos antigos e vai tocar na banda. O jogo muda para um estilo guitar hero, e você tem que ir apertando os botões certos à medida em que eles vão aparecendo e a música vai passando.
O visual é simplesmente fenomenal e nada preguiçoso. Por um lado ele usa um design simples de personagens e ambientes, por outro é tipo Diaries of a Spaceport Janitor, com ambientes tão cheios de elementos, que por mais que sejam simples, juntos formam uma bela de uma imagem robusta. São carros passando na rua, esquilos correndo, crianças brincando, ou mesmo elementos que você interage indiretamente, como folhas secas no chão que se espalham se você passa por cima.
Outra coisa bacana sobre o visual, é que a cidade vai mudando à medida em que os dias passam, e como a jogabilidade se passa mostrando o dia a dia, isso acaba passando ainda mais a sensação de simulador de vida onde coisas simples são valorizadas e não apenas as grandiosas, de certa forma lembra os quadros do Edward Hopper.
A trilha sonora é bem fantástica, muito adequada para os momentos, existe uma bela de uma harmonia na coisa, e aliás, é gigantesca, com uma variação realmente cabulosa, contendo mais de 100 músicas, então pode ser revoltante ver ter três DLC's de trilha sonora, mas ao entrar na primeira e ver que são 62 músicas dá pra entender.
Enfim, tá aí um belo de um jogo magnífico, ótimo para jogar durante a noite sem compromisso, apenas de forma tranquila e pode gerar muitas horas de diversão. Se você é do tipo que gosta de foco na história, certamente vai ficar encantado.
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