Hora de finalmente falar sobre Resident Evil 7, o jogo que é considerado como "O retorno do terror à franquia principal", por finalmente trazer de volta sustos e tensão como tanto conhecemos. Mas também é uma obra que teve mudanças imensas em vários fatores como ambientação e e jogabilidade. Segundo a Capcom esse é o jogo que marca a terceira fase da franquia, sendo que a segunda foi marcada por Resident Evil 4, que adicionou vários elementos novos.
Na história Ethan Winters é um homem que teve que lidar com o desaparecimento da esposa há anos, no entanto após se recuperar, ele recebe um misterioso vídeo onde vê que ela está viva e ainda explica sua localização, em um rancho em Dulvey, Louisiana. A coisa é perturbadora pra ele, mas precisa conferir e assim viaja ao lugar para descobrir o que tem lá.
Assumo que a primeira vista a proposta desse jogo não me atraiu, e o motivo não foi aquela frescura de "fãs de Resident Evil" que xingam todo lançamento, mas sim o fato de que no trailer aparecia um jornal falando sobre uma casa com fantasmas e todas as imagens que apareciam eram fantasmagóricas demais, isso me deixou preocupado porque uma coisa que RE não tem nada a ver é fantasma e parecia forçar a barra inventar demais. Agora o "universo" do jogo em si me pareceu fenomenal, porém com aquela cara de "Poderia ser uma franquia nova ao invés de um RE".
Aliás, essa ideia de franquia nova é uma coisa que passei a defender a medida que novos materiais promocionais eram lançados e agora que zerei ainda defendo agora que zerei. Resident Evil 7 apresenta um conjunto de elementos tão bons e forma um jogo tão elegante e distante de outros jogos da franquia, que me parece um desperdício ele não ser uma nova IP da Capcom ou pelo menos um Spin-Off.
Quero dizer, imagina que fantástico poder ver sequencias com essa ideia de um lugar abandonado com uma família de caipiras loucos pra te matar? Esse ambiente velho e sensação de estar no meio do nada e elementos clichês explorados tantas vezes em filmes mas simplesmente ignorados em jogos. Seria de esperar uma sequencia novamente em um ambiente rural assim. Porém carregando o nome Resident Evil 7 é naturalmente uma ideia passageira, basta olhar para outros títulos e sua variação total de ambientes.
Ou mesmo se fosse uma Spin-Off, afinal de contas convenhamos, a franquia Resident Evil Revelations é perfeita para fazer parte da franquia principal, porém é um Spin-Off dela. Se o sétimo jogo fosse um spin-off, poderiam aproveitar ainda muitas vezes essa coisa de roceiros em um ambiente isolado. Esse jogo tem até uma música tema inesquecível, deixando assim sua marca de uma forma única.
Bom, como falei, estou comentando sobre isso exatamente porque o jogo é bom demais! Tão bom que me entristece ver o quanto ele depende da saga central de Resident Evil, porém é claro que nele também há elementos da história, só que tudo começa misterioso e você vai descobrindo o que está rolando ali aos poucos.
O que temos aqui me pareceu exatamente um daqueles casos em que clichês também podem ser bons, e bota clichê nisso, Resident Evil 7 reúne diversas ideias já conhecidas em um jogo só, porém molda de uma forma maravilhosa. Além de dar uma aproveitadinha em alguns elementos que conseguiram ter uma boa aceitação do público.
Acredito que a primeira comparação que fizeram foi a com a da demo PT, do cancelado Silent Hills, que tem uma paleta de cores acinzentada peculiar, é em primeira pessoa, envolve fantasmas e uma das cenas mais marcantes é a do rosto da vilã bem perto da câmera, assustando o jogador. RE7 mostrou todos esses elementos, e lançarem como imagem promocional uma foto da personagem Marguerite também bem próxima da tela.
Porém a medida que a coisa foi passando e novos materiais promocionais surgindo, o jogo foi ganhando uma identidade própria e no fim das contas acho que a coisa mais próxima dele realmente é O Massacre da Serra Elétrica, essa ideia de caipiras loucos, peles de animais e de gente pela casa, canibalismo e tal, o ambiente isolado em uma casa velha é muito a cara daquele filme.
Inclusive achei maravilhoso poder ver algo assim, pois a ideia de família de loucos (especialmente com problemas genéticos ou mutações), é algo explorado frequentemente no cinema. Esse é o tipo de ideia é impregnada na cultura pop, mas nem sempre ideias de um tipo de mídia são comuns em outras e esse é um desses casos. Mas não quer dizer que porque não está presente significa que não funciona, é só vermos como o jogo Until Dawn foi um estouro e ele é um simulador de filme Slasher.
Outra ideia bem básica e que vemos aqui novamente é a mesma usada no jogo F.E.A.R. , aliás se você zerar Resident Evil 7 e estiver eufórico para uma história semelhante, recomendo demais dar uma olhadinha em FEAR viu, pois tem um aspecto em especial da história que é semelhante demais e pode suprir a vontade de mais.
Apesar daquela "sensação P.T." ter sumido com o passar do tempo, própria história base também tem vários toques semelhantes a Silent Hill e enquanto jogava vez ou outra via algo que acabava naturalmente me lembrando, por exemplo a semelhança imensa com a história inicial de Silent Hill 2, a esposa que manda uma mensagem pro marido anos depois, o lugar misterioso no meio do nada e a presença da fitas de vídeos com gravações da esposa em outros tempos.
Há ainda uma frequente sensação de estar em um filme dos anos 80 em diversos momentos, por exemplo já no começo do jogo você vai enfrentar uma personagem que as vezes fica com cara de boazinha, as vezes vira uma baita de uma monstrenga, mas mesmo você a matando, ela volta pouco depois gritando furiosa, saltando em você e as vezes falando umas coisas hilárias, com direito a motosserra e tudo mais. É uma cena obviamente no primeiro Evil Dead, em que Ash enfrenta algo muito semelhante também em uma casa isolada, aliás o jogo tem easter eggs de filmes de terror clássico.
Mas mesmo assim é aquele tipo de coisa que parece ter pego elementos em toda parte e no fim das contas acabou gerando algo bonito mesmo. De certa forma parece ser uma baita de homenagem aos fãs do terror, uma obra cheia de referências pra toda parte e que passa aquela sensação de se sentir em casa se você gosta de coisas sombrias.
Aliás, o nível de gore é imenso viu, a Capcom sem dúvidas não quis poupar o protagonista, ele passa por umas coisas que te faz pensar "Caracas! Que agonia!". É bem comum os personagens de jogos saírem ilesos de tudo e não terem ferimentos realmente grandes, mas aqui eles já começam fazendo algo realmente insano com o protagonista e em boa parte do jogo você está detonado com uma baita de uma mancha de sangue.
E já que toquei no assunto da mancha, uma das mudanças desse jogo que causou divergências de opiniões. Tem algumas pessoas que simplesmente não suportam jogos em primeira pessoa, enquanto outras adoram. No meu caso, se for pra escolher, eu prefiro que um jogo seja em terceira pessoa, mas não é algo que realmente me incomoda se for em primeira, sendo assim eu nem ao menos notei, deve ter sido lá pelo meio do jogo quando finalmente fui parar pra pensar no assunto.
Porém o motivo disso foi a funcionalidade de óculos virtual adicionada, especialmente para a versão de playstation 4. Aliás, eu acho que Resident Evil 7 foi o primeiro grande jogo a fazer isso, pois até então eu já tinha visto vários jogos, mas todos tão bobinhos, em geral jogos indie, umas ideias interessantes mas sem empolgar demais. Esse por outro lado é um jogo triplo A, então se você tiver oportunidade de jogar com VR, acho que pode ser uma experiência maravilhosa.
O terror do jogo sem dúvidas foi bem trabalhado pra caramba, ele reúne aspectos de vários estilos, então as vezes você está armado e pronto pra atacar as criaturas, mas em outras você está sendo perseguido por alguém e tem que ficar escondidinho para não ser pego, as vezes você está em uma sala e tem que resolver os enigmas para sair. A variação ficou realmente muito boa!
Uma coisa que só acabei percebendo quando já estava jogando foi o fato de que o jogo parece demais com Resident Evil 1, te colocando em uma casa antiga cheia de quebra cabeças e te fazendo ir e vir frequentemente para abrir novos lugares, além de vez ou outra um lugar vazio de repente ter monstros te esperando. Sendo assim realmente dá pra dizer que nesse quesito o jogo voltou às origens.
Há ainda elementos clássicos, o inventário que precisa ser organizado e tem limite, a mistura de itens para formar algo novo. Você inclusive tem um baú que frequentemente acessa e organiza suas coisas, guarda para depois, o elemento clássico mais familiar é a erva verde para você fazer uma mistura e criar remédio.
A forma de procurar por itens também mudou, enquanto em outros jogos eles são bem óbvios com um brilho frequente para indicar que há algo ali, aqui a câmera em primeira pessoa foi aproveitada para colocar o jogador para vasculhar de verdade as coisas, inclusive tendo que se abaixar para olhar em brechas. É comum as vezes você voltar em um lugar e ver que não tinha visto algo ainda.
Os gráficos do jogo estão bem bacanas, o visual acinzentado causa uma baita elegância e aliás, achei muito bem otimizado. Quando saiu o primeiro vídeo achei o gráfico feio pra caramba quando olhei para certos objetos, porém jogando a coisa mostrou um charme maravilhoso e inclusive tem vários momentos em que o jogo tá fotorealista.
Enfim, eu poderia falar muito mais desse jogo, mas acho que já me estendi muito, então resumindo JOGUE, se você gosta de terror vale a pena. A história tem um ritmo fantástico completamente digno de se adaptado para um dos livros da franquia, há uma ótima reviravolta que vai dar nós na cabeça de uma galera, e a jogabilidade tá otimizada com força. Vale a pena dar uma conferida no site da G2A pra ver o preço que está lá, pois eles costumam vender keys da steam por um valor bem mais barato que na própria steam e ainda aceitam boleto bancário. Dê uma conferida no preço que tá lá, clicando aqui.
1 Comentários
Bem legal mesmo
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