Chegou a hora de finalmente falar sobre Ringu, o filme que gerou o remake americano que tanto popularizou a estética de horror japonês no resto do mundo, estou falando do nosso conhecido O Chamado. Naturalmente antes dele existiam filmes de terror no Japão, como é o caso do bizarríssimo Tetsuo, porém eram filmes que simplesmente não ganhavam fama no resto do mundo e com a vinda de Ringu, tudo mudou.
A história tem início com a morte misteriosa de vários jovens de formas inexplicáveis. Isso chama a atenção da jornalista Reiko, que começa a investigar qual a ligação. Não demora para chegar a uma lenda urbana sobre uma fita de vídeo amaldiçoada em que aqueles que assistem recebem um telefonema dizendo que morrerão em uma semana.
A primeira vez que assisti Ringu eu era adolescente, na época consegui uma fita emprestada de uma amiga e lógico que fiquei super empolgado para dar uma conferida. Na época a internet não era muito popular ainda e conseguir esse tipo de material era simplesmente difícil demais, sendo assim foi uma imensa empolgação porque eu estava no clima do remake americano.
Mas assumo que é o tipo de filme que assisti em uma época que eu ainda não estava preparado para isso. Como um adolescente melequento padrão eu não fiquei impressionado, não observava coisas como fotografia usada, elegância no roteiro ou coisas assim. Então a única coisa que me pareceu foi um "O Chamado" de má qualidade (já que não tinha efeitos especiais tão bons) e com algumas mudanças que achei esquisitas, como a presença forte de personagens paranormais e muitas caretas.
Porém ontem fui assistir novamente e, caramba! Não é em vão que gerou um remake, isso porque é um baita de um filme luxuoso. Simplesmente é uma obra de se impressionar qualquer fã de terror. O negócio é que a coisa não é conduzida com todo o peso que O Chamado tem, é algo mais lento, menos agressivo, porém com uma atmosfera fantástica.
Para quem não sabe, o próprio filme é uma adaptação. Originalmente Ringu foi lançado em 1991 pelo autor japonês Koji Suzuki, o livro foi lançado em inglês em 2003 graças ao sucesso do remake, mas infelizmente nunca chegou ao Brasil. Há várias diferenças entre o livro e Ringu, como por exemplo o fato da protagonista ser um homem e ter uma filha no livro.
Uma coisa que passei a achar bem fantástica com o passar do tempo foi assistir filmes de terror japonês dos anos 90 pra baixo. Não sei descrever exatamente o que sinto, mas ver o Japão daquela época, com a tecnologia limitada, é algo que acho charmoso. Um mundo sem internet popularizada, tive a mesma sensação em Tomie (1999) e Parasite Eve (1997).
A ideia de uma fita amaldiçoada é tão fantástica! E a forma como ela é apresentada dá realmente agonia. Parece demais algo maldito, não é só o visual, são os sons. A cena em que aparece um homem com o rosto coberto apontando para algo faz um som que dá uma agonia. Um detalhe é que na época realmente fitas com aquele conteúdo passaram a vagar por aí, confira:
Ringu é de 1998, mas é um baita de um filme cheio de charme, eu lembrava de uma coisa bem mais trash. Sim, os personagens morrem com expressões esquisitas de horror ao invés do rosto deformado, mas a forma que a coisa vai sendo guiada é tão interessante e intensa. O fato de "O Chamado" ser tão popular pode estragar um pouco da experiência, mas creio que alguém que não conhece nada pode facilmente ficar maravilhado.
Enquanto no remake todo mundo conhece a Samara e sabe de como ela é sapequinha e vai infernizar a vida de todo mundo, em Ringu a coisa é diferente e há uma baita de uma investigação até o nome Sadako aparece pela primeira vez. É algo guiado de uma forma charmosa, tensa, sem exageros ou scary jumps desnecessários.
Aliás, o fim do filme é espetacular, além de ter uma reviravolta é do tipo que não subestima a inteligência do telespectador. Ou seja, ele não mostra tudo acontecendo certinho do jeito que deve ser, apenas deixa claro sobre o que precisa acontecer e acaba. Eu gostei tanto, ao terminar logo pensei "Nossa, que filme de terror gostoso!!!".
Enfim, vocês provavelmente já assistiram o remake, então acho que vale a pena dar uma chance para o filme que inspirou a versão americana. Sem sombra de dúvidas uma ótima obra para você assistir naquele fim de noite que quer ver algo agradável. Não é um terror pesadão, mas tem um ritmo realmente bem convincente, recomendo! No Brasil ele foi lançado com o nome de "Ring: O Chamado".
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