Essa é uma daquelas obras que segue o padrão "Zero" da coisa, que mostra como tudo começou em uma saga e já vimos em tantos lugares como O Exorcista: O Início ou Batman Arkham Origins, e no caso a explicação é sobre a franquia Ringu. Esse é um longa de janeiro de 2000 e também é o último filme japonês lançado antes da vinda de O Chamado, ou seja com certeza foi assistido pelos criadores da versão americana antes de toda a mitologia ocidental da coisa ser formada.
A história se passa 30 anos antes dos acontecimentos de Ringu 2, e mostra a adolescência de Sadako e como começou a participar de um grupo de teatro para tentar ser menos tímida e se enturmar com outras pessoas. No entanto as coisas logo começam a ficar estranhas no lugar e chega ao extremo quando uma das atrizes morre.
Eu pensava que depois do fracasso comercial de Rasen, o povo iria desistir de tentar adaptar o rumo que tomou a franquia nos livros. Porém Ring 0: Birthday é uma adaptação de um conto chamado Lemonheart, que faz parte do livro Birthday, lançado por Koji Suzuki em 1999 e é o quarto livro da franquia Ring.
Esse não é um filme que achei horrível, mas é notável que a mudança de diretor alterou o peso do filme. É o mesmo roteirista, mas agora a coisa não tem mais aquela atmosfera pesada, de algo amaldiçoado. Parece só um filme de horror japonês qualquer, a fotografia usada parece mais "brilhante", algo menos fantasmagórico.
A história realmente me pareceu bem fraquinha para o que se espera de um filme desses, inclusive há falhas no "encaixe" de cenas quando você compara com filmes anteriores. É o tipo de filme que tem que obrigatoriamente estar sincronizado com eventos já conhecidos da saga. Mas há erros bobos aqui, como a forma com que a Sadako morre, eles simplesmente filmaram os atores em poses diferentes, o que custava refazer exatamente o que já tinha sido apresentado em ângulo diferente?
O desenvolvimento também é meio bobinho... Eu esperava ver a história da mãe da Sadako e o escândalo da apresentação que ela faz. Mas não, no filme tudo aquilo já aconteceu e é mostrado a personagem em uma fase da vida dela nada a ver, uma escola de teatro. É um "O início" que só mostra coisa inútil, e aliás a Sadako é muito linda, achei isso forçado, especialmente depois do rosto dela em Ringu 2. Que aliás, parece ter sugado descaradamente de Carrie, A Estranha, viu...
O grande "brilho" do filme tem uma carinha de "Roubei do Stephen King", isso porque é aquela sensação que temos em Carrie, de uma personagem atormentada por seus poderes e o ódio constante de outras pessoas. Aquele peso desagradável que tanto marca, com alguém que está sofrendo e simplesmente não tem saída. A essência é legal, mas as semelhanças são tantas que é difícil imaginar que Carrie não foi usado como base, o que é algo desnecessário já que Sadako é uma personagem que tem uma essência forte o suficiente para ter uma história original.
Enfim, não é um filme ruim, mas acho que os caras deviam ter desistido de adaptar as obras de Koji Suzuki e continuarem fazendo seus próprios roteiros. O próprio livro Birthday faz parecer que até Suzuki se arrependeu de ter escrito Rasen e decidiu lançar uma coletânea de contos com foco nos personagens. Mas, apesar de não ser excepcional, também não é um filme ruim, é um bom passa tempo, o problema é o peso que ele carrega nas costas.
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