Prontos para mais uma dose lovecraftiana em suas vidas? Pois finalmente chegou o momento de eu falar sobre Elder Sign, que foi lançado em português! Um jogo de tabuleiro que pode ser jogado sozinho ou em modo cooperativo com até oito pessoas. Sua mecânica é fácil de pegar, porém cheia de elementos complexos. Sendo assim fica perfeito também para aquelas pessoas que querem experimentar um jogo de tabuleiro moderno mas precisam de algo mais "compacto" para tomar um fôlego primeiro.
Elder Sign suga um pouco do conto O Horror no Museu, de 1932, mas não se limita apenas a aquele conto. Então é como se fosse uma experiência expandida que adiciona inúmeros elementos dos Mitos de Cthulhu em uma experiência que pode ser aproveitada tanto sozinha quanto com vários amigos que se ajudam a vencer os desafios apresentados no lugar.
A história fala sobre uma (ou mais) pessoas comuns que acabaram descobrindo algo terrível, uma força capaz de abrir um portal para outra dimensão. Porém esse portal fará com que uma criatura desperte e ao fazer isso, ela vai distorcer e acabar com toda a realidade como conhecemos. Mas existem símbolos ancestrais de proteção que se colocados corretamente, selarão a entrada dessa criatura para a nossa dimensão. A brecha está localizada em um museu cheio de artefatos antigos e essas pessoas precisam se apressar.
A jogabilidade apresenta exatamente o que a história propõe, um grupo de pessoas vagando por um museu, descobrindo coisas estranhas e tentando resolvê-las. Criaturas vão aparecendo e precisam ser enfrentadas, consequências de erros também aparecem vez ou outra, assim como recompensas que podem ser usadas a favor do grupo.
O jogo começa com os jogadores escolhendo seus personagens, são pessoas com ocupações comuns como Gloria (A Autora), Amanda (A estudante) e etc. Mas essas ocupações geram vantagens diferentes para cada personagem. Por exemplo Carolyn (A psicóloga) pode recuperar 1 de sanidade de um jogador a cada turno, já Bob (O vendedor) é acostumado a lidar com itens, portanto sempre que ele receber itens comuns, ele ganha um item extra.
Apesar do jogo suportar até oito jogadores, existem 16 cartas de investigadores, ou seja a jogabilidade pode variar muito dependendo dos investigadores que forem escolhidos e os combos que forem aplicados usando essas habilidades. Cada jogador pode escolher também mais de um investigador para controlar, desde que no fim tenham no máximo oito em jogo.
Daí vem a hora de montar o cenário, ele é feito através de cartas de aventura. Essas cartas representam as áreas do museu e vão mudando. Elas podem representar lugares completos como a carta "Sala da Administração" que apresenta um lugar cheio de arquivos com registros do lugar. Mas podem também representar situações como a carta "Uma descoberta terrível" que o investigador tem a visão de uma "coisa" que faz sua mente se distorcer só de tentar lembrar.
Essas cartas de aventura tem símbolos variados, o objetivo é conseguir tirar uma combinação de símbolos nos dados para resolver uma aventura. Normalmente elas tem duas ou três sequencias de enigmas para serem resolvidos. Fica mais fácil quando tem mais jogadores se concentrando em um lugar, no entanto apenas aquele que resolver vai pegar a recompensa.
As recompensas são cartas de itens que podem ser comuns, especiais ou feitiços. Esses itens ajudam bastante nas situações, por exemplo um jogador pode lançar um feitiço para manter um dado parado em um resultado e assim na próxima vez que alguém for tentar aquela sequencia, já vai ter um dos dados garantidos.
Mas assim como tem recompensas, também se tem penalidades para não conseguir completar uma aventura. São coisas variadas como perder resistência (vida do personagem), sanidade (se perder ela toda você enlouquece e sai do jogo), surgimento de monstros e outras coisas. Então as vezes é preciso pensar bem antes de decidir ir atrás de uma determinada aventura, pois a recompensa pode ser fantástica, mas a penalidade pode causar um estrago.
A carta de ancião representa o "último chefe", o jogo vem com oito cartas de anciões, sendo que cada um tem uma maneira de agir e um tempo certo até despertar. O objetivo dos jogadores é conseguir símbolos ancestrais para selar o portal de entrada para a nossa realidade. Cada ancião precisa de um determinado número para ser barrado. Em contrapartida existem as fichas de perdição. Elas marcam quanto falta para o ancião despertar.
No jogo existe um relógio para marcar a passagem de tempo, sendo que cada turno de jogador faz se passar três horas no relógio. Uma coisa maneira demais é que cada vez que bate meia noite, uma carta de mito é colocada em jogo e ela tem dois efeitos, um imediato e outro duradouro. Isso faz com que cada turno as coisas aconteçam de forma diferente.
O efeito imediato acontece na hora que a carta entra em jogo, são coisas como "todos os jogadores descartam dois itens" ou adicionar uma ficha de perdição. Isso faz com que os jogadores discutam, pois as vezes o melhor pra um pode não ser o melhor para outros. Em alguns casos existem formas de prevenir a coisa, caso a carta tenha escrito "a não ser que..." e uma condição.
O efeito duradouro é algo que pode acontecer durante todo o turno ou na próxima vez que soar meia noite. Nem todos os efeitos são ruins, as vezes acontecem coisas boas ou simplesmente não acontece nada. Mas gera uma imensa tensão, por exemplo "Na próxima vez que der meia noite, todo mundo perde 2 de vida". Um jogador com apenas 2 de vida entra em desespero, é preciso se preparar para o que vai acontecer quando der meia noite.
A ficha de entrada marca a porta do museu, e é um porto seguro, lá os jogadores podem fazer coisas como curar sanidade, resistência, tentar a sorte para conseguir itens grátis ou usar troféus (conseguidos em aventuras) para comprar tudo quanto é tipo de coisa, itens comuns, especiais, feitiços, aliados(que acompanham o jogador para dar vantagens), pistas (usadas para rolar dados de novo) e até mesmo símbolos ancestrais! (que por sinal são caros pra cacete).
Existem ainda uma série de outras regrinhas que deixam a jogabilidade ainda mais fantásticas, como as cartas de outro mundo, que apresentam portais que se abrem dentro do museu e permitem que os jogadores entrem para resolver mistérios. Então enquanto você vai conhecendo o jogo, fica impressionado em como a coisa transmite simplicidade e complexidade ao mesmo tempo.
Enfim, atualmente existem inúmeras publicações baseadas na obra de Lovecraft que foram lançadas no Brasil, mas além de ser um conteúdo meio underground, boa parte dos que conhecem acabam só sabendo mesmo da parte literária da coisa, enquanto tem muito mais! Tendo inclusive obras nacionais como o inusitado jogo Adoradores de Cthulhu, e Elder Sign é o tipo de obra que vai além e apresenta esse universo de uma forma profunda e charmosa.
Elder Sign foi lançado em português pela Galápagos Jogos e esse é um dos dois jogos que eu tinha comentado anteriormente aqui no blog que depois de uma boa pesquisa na internet pra conseguir um preço bom, acabei comprando na Ludoteca BGC, então quem quiser dar uma boa economizada graças ao desconto na opção de pagamento deles, recomendo dar uma conferida por lá.
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