Como todo mundo sabe bem, o Brasil assim como muitos países nunca foi de se destacar muito no mercado dos quadrinhos, isso piorou depois que a era da revista impressa foi reprimida pela internet. Essa mudança brusca fez com que tivesse um abalo ainda maior na coisa, outros viram como oportunidade, ainda assim esse mercado nacional sempre foi meio tímido.
Para muitos a era da internet abriu portas e usaram aquela dica para publicar HQ's, livros e mangás mundialmente de graça, isso facilitou bastante as coisas. Mas agora imagina ser um brasileiro apaixonado por quadrinhos e querer divulgar uma criação antes da internet? Aliás, até para os americanos era difícil, é só ver como a origem do Super Homem foi árdua.
Porém no Brasil a coisa era ainda mais complicada, e eu não estou falando de fãs de quadrinhos apenas dos anos 80 e 90 não. Hoje eu vou falar sobre um fã completamente apaixonado de nada menos do que a década de 40! E que lutou até o fim para divulgar o que amava. Se você acha difícil alcançar reconhecimento hoje em dia, imagina naquela época?
Francisco Iwerten foi um quadrinista paranaense que acabou visitando o estúdio do criador do Batman e ficou apaixonado por tudo aquilo. A empolgação foi tanta que ele decidiu criar seu próprio herói, o Capitão Gralha. Foram publicadas quatro edições através de uma pequena editora, mas o negócio não deu certo e acabaram cancelando.
Até aí nenhuma surpresa né? Afinal de contas quantas pessoas não passaram por isso? Quantos sonhos não foram despedaçados? Não é fácil fazer sucesso, mas adivinhem só? O cara tava mesmo disposto a ir em frente com ou sem editora e passou a gastar do próprio bolso pra ele mesmo publicar, as vezes recebendo ajuda de amigos para desenhar, as vezes fazendo ele mesmo o roteiro e desenhos. No fim das contas chegou a publicar 64 edições!
Naturalmente essas edições se perderam no tempo, elas foram publicadas em baixa escala, mas por incrível que pareça o quadrinista e colecionador fanático Antonio Eder conseguiu reunir todas as 64, formando assim um verdadeiro tesouro para os fãs de quadrinhos nacionais. E a editora Quadrinhópole selecionou as aventuras mais relevantes da mitologia do herói e lançou "As histórias perdidas do Capitão Gralha".
Uma coisa curiosa é que eu pensava que o Capitão Gralha e "O Gralha" eram o mesmo herói ou algo assim. Parecia confuso, inclusive quando li o Tão Banal Quanto o Original vi que tinha algo a ver mas pensei que era como se o Gralha fosse uma segunda geração do Capitão Gralha. A verdade é que as coisas não são bem assim.
O Gralha teve o Capitão como inspiração em seu nome, e só depois ao criarem uma origem do herói é que fizeram uma ligação. Os dois atuando na cidade de Curitiba acabaram fazendo parte da mesma mitologia, mas inicialmente cada um tinha seu universo, só depois que fizeram essa mistura, porém realmente são heróis diferentes.
Uma coisa muitíssimo maneira que "As histórias perdidas do Capitão Gralha" oferecem é que antes de cada edição você recebe informações sobre a época, apresentando por exemplo fotos de notícias de jornais e inspirações que Iwerten teve para introduzir novos elementos às aventuras de seu herói, como vilões e fundos para as histórias.
É fantástica a sensação que causa ver os quadrinhos apresentando aquele tempo, isso te faz viajar, sabe livros como Os Anos 40: a Ficção e o Real de uma Época? Que te apresentam uma época distante e bate aquela sensação esquisita de "Nossa, isso um dia foi o presente!". Pois é, aqui o impacto da coisa é visual, você vê calhambeques pelas ruas, trajes peculiares e coisas comuns da época.
Enfim, essa HQ sem dúvidas é aquele tipo de item de colecionador, especialmente para amantes de quadrinhos, não são apenas histórias do Capitão Gralha, são diversas informações sobre a evolução de um personagem e a paixão de seu autor. Quem se interessar pode adquirir um exemplar aqui.
Obs: No fim da coletânea você vai descobrir um HOAX cabuloso.
Obs: No fim da coletânea você vai descobrir um HOAX cabuloso.
1 Comentários
No Brasil,os quadrinhos existiam a muito tempo,se me lembro bem, viuns de 1900 só que era algo não tao famoso assim
ResponderExcluir