-Eu vou mostrar a ela, ah se vou... Irei esfregar a verdade na cara
daquela cadela! Não estou louco... É evidente que não estou!
O
homem que sussurra para si mesmo na escuridão da ultima noite de
Dezembro de 1995 é Morgan Nillian. Em meio a arbustos ele enfrenta um
frio de trincar os ossos, seu jeans e sua camisa pólo aliados a seu
tênis surrado de nada servem contra os dois
graus previstos pra noite do réveillon. Mas o frio não era um
obstáculo, afinal de contas essa não era a primeira vez que enfrentava
condições adversas para alcançar seu objetivo, desde o mês passado ele
prosseguia com uma minuciosa investigação: Descobrir “o” ou “os”
responsáveis pelo sequestro e assassinato de cinco crianças ocorrido no
dia dos Finados. O crime revoltou a pequena Nova Indianapolis, os corpos
das vitimas foram encontrados num aterro sanitário, estavam
posicionados lado a lado, todos decapitados, as mãos e pés também foram
arrancados assim como alguns dos órgãos. A idade das vitimas variava
entre 06 meses e 07 anos. Morgan acreditava que desvendar tais
assassinatos era crucial para que as discussões violentas e rotineiras
com a esposa Margareth cessassem, fazendo assim todos o verem como herói
em vez de um mero vigilante desempregado.
- Humm, aquela vaca esbanjadora! – dizia Morgan, enquanto sorrateiramente se aproximava do alvo de sua árdua investigação – Ainda bem que trouxe minha câmera, é como dizem, uma foto vale mais que mil palavras! Farei Marg engoli cada sílaba.
Pulou algumas cercas vivas, engatinhou, fez de tudo um pouco, sempre sorrateiro, aproveitando cada centímetro de sombra para se aproximar da casa dos Krauser sem ser visto. Em sua mente as discussões diárias com a esposa ressoavam, apesar de milagrosamente não discutirem há duas semanas. Morgan preparava-se para pular a mureta da propriedade dos suspeitos quando a porta da frente abriu. Nillian rapidamente ocultou se e de seu esconderijo observou o casal sair para a varanda, ambos usavam casacos de pele. O Sr. Fritzer Krauzer era um homem alto e esquelético, ligeiramente corcunda e sua companheira, Hilda Krauzer era gorda e baixa, seus cabelos brancos como a neve pendiam ate os ombros, o casal não aparentava ter menos de 80 anos.
Para muitos, os Krauser estavam acima de qualquer suspeita, mas para Morgan eles eram os autores dos assassinatos. Não tinham filhos ou bichos de estimação, nunca recebiam visitas ou iam a festas ou encontros organizados pela vizinhança, raramente saíam de casa a não ser quando iam fazer caminhadas e alimentar os pombos no Parque Municipal, local onde as crianças desapareceram.
- Coincidência é o cacete! – sussurrou Morgan enquanto pulava sorrateiro a mureta de pedra que o separava da verdade que tanto procurava.
Sr. Fritzer encostou a porta e de mãos dadas com a esposa seguiu rua acima, iam em direção ao centro da cidade para assistir à queima de fogos. Morgan apressou se e tão logo invadiu a casa ouviu um som que prendeu sua atenção.
-Um choro... Um bebê!-disse ele enquanto corria a vista por toda a sala.
O som vinha da cozinha, onde Morgan encontrou um alçapão no assoalho. Ao remover o ferrolho e abrir a pequena porta um forte odor de mofo e podridão invadiram suas narinas, o que não o incomodou, lentamente desceu os degraus da escada que levava ao porão e já no ultimo degrau tropeçou e caiu, derrubando sua câmera e algumas caixas empilhadas que estavam no caminho. Morgan, enquanto procurava pela câmera engatinhando na escuridão do cômodo mais uma vez ouviu o choro e ao ficar de pé abruptamente, sua cabeça tocou uma luminária. A lâmpada foi imediatamente rosqueada, dissipando assim a escuridão, para a sua (in)felicidade. As paredes eram recheadas com prateleiras de metal e em todas havia inúmeros potes de vidro etiquetados, onde era possível ver olhos, fígado, língua e vários outros órgãos humanos.
Um vulto chamou a atenção do ex-vigilante e ao fita-lo com mais atenção, o terror o invadiu. Sua garganta secou, o coração cavalgava em seu peito, a câmera jazia a poucos centímetros dele, com muito esforço cambaleou até ela sem tirar os olhos da coisa sentada no canto do porão. Ali há menos de dez metros de onde estava, uma criatura acorrentada pelos pés a um ferro fundido incrustado na parede do porão, se alimentava vorazmente de um bebê. Cautelosamente Nillian se aproximou e com a câmera em mãos começou a fotografar. A criatura continuou a se alimentar sem se incomodar, Morgan não acreditava no que seus olhos viam. A criatura era enorme, seus olhos eram totalmente brancos, não havia cílios ou sobrancelhas, uma de suas orelhas era pontiaguda como a de Elfos e onde deveria existir a outra, havia apenas um enorme buraco de onde escorria um líquido esverdeado e gelatinoso. No lugar do nariz do monstro apenas uma cratera entupida de vermes, no crânio da coisa, larvas e limo era predominante e o que pareciam ser seios brotava do seu tórax. Morgan Nillian tirou várias fotos nos mais diversos ângulos, já na ultima, a única em que usou o flash, a criatura subitamente cessou sua comilança e fixou o olhar vazio em Morgan, como se só agora percebesse sua presença.
Depois de cuspir os restos da orelha sua vítima, a criatura ficou de pé enquanto esboçava um sorriso. Morgan Nillian notou que os dentes da Coisa eram minúsculos, porém, numerosos e pontiagudos, tal como espinhos. Como que por não ter recebido um sorriso de volta caiu em prantos enquanto forçava a corrente a se partir. Seu choro era medonhamente igual ao de um bebê, a força da criatura era enorme e, ao ver que a corrente aos poucos cedia aos esforços da comedora de crianças, Morgan tirou uma ultima foto e fugiu. Correu como nunca e em pouco tempo estava trancando a porta de sua casa.
Morgan Nillian, já na segurança de sua casa, tomou um banho revigorante, jantou, pegou um Bom Ar Lavanda na dispensa, guardou a câmera no cofre e deitou se na sua cama, onde Margareth o esperava já algum tempo.
O homem que investigava a tudo e a todos debruçou se sobre a esposa e beijou lhe os lábios secos e duros, levou a mão à enorme fenda que abrira em sua testa com uma faca e retirou dela duas larvas, em seguida deu lhe uma leve mordida na ponta do nariz e fitando seus olhos opacos acariciou seus cabelos.
- Eu falei que iria descobrir quem cometeu aquela barbárie!-disse Morgan sorrindo.
Estava feliz, há duas semanas as discussões com Margareth haviam cessado abruptamente e ele pôde se dedicar em tempo integral a investigação que cada vez mais consumia seu tempo.
- Amanhã cedo ligarei pra policia e pros jornais, sairemos nas primeiras notícias do dia, lógico que deixarei bem claro sua participação mínima nas investigações. – disse Morgan enquanto se cobria com um Edredom salpicado de sangue. – Aqueles monstros tem que pagar! Vamos ser heróis!
Morgan apagou a luz do pequeno e único abajur do quarto do casal e com alguns jatos de Bom Ar inundou o cômodo com um misto de Lavanda e Morte, se entregando assim a uma noite sem pesadelos.
-Boa noite Marg! E...Bem...Obrigado pelo apoio!
Autor: Ana Maria
- Humm, aquela vaca esbanjadora! – dizia Morgan, enquanto sorrateiramente se aproximava do alvo de sua árdua investigação – Ainda bem que trouxe minha câmera, é como dizem, uma foto vale mais que mil palavras! Farei Marg engoli cada sílaba.
Pulou algumas cercas vivas, engatinhou, fez de tudo um pouco, sempre sorrateiro, aproveitando cada centímetro de sombra para se aproximar da casa dos Krauser sem ser visto. Em sua mente as discussões diárias com a esposa ressoavam, apesar de milagrosamente não discutirem há duas semanas. Morgan preparava-se para pular a mureta da propriedade dos suspeitos quando a porta da frente abriu. Nillian rapidamente ocultou se e de seu esconderijo observou o casal sair para a varanda, ambos usavam casacos de pele. O Sr. Fritzer Krauzer era um homem alto e esquelético, ligeiramente corcunda e sua companheira, Hilda Krauzer era gorda e baixa, seus cabelos brancos como a neve pendiam ate os ombros, o casal não aparentava ter menos de 80 anos.
Para muitos, os Krauser estavam acima de qualquer suspeita, mas para Morgan eles eram os autores dos assassinatos. Não tinham filhos ou bichos de estimação, nunca recebiam visitas ou iam a festas ou encontros organizados pela vizinhança, raramente saíam de casa a não ser quando iam fazer caminhadas e alimentar os pombos no Parque Municipal, local onde as crianças desapareceram.
- Coincidência é o cacete! – sussurrou Morgan enquanto pulava sorrateiro a mureta de pedra que o separava da verdade que tanto procurava.
Sr. Fritzer encostou a porta e de mãos dadas com a esposa seguiu rua acima, iam em direção ao centro da cidade para assistir à queima de fogos. Morgan apressou se e tão logo invadiu a casa ouviu um som que prendeu sua atenção.
-Um choro... Um bebê!-disse ele enquanto corria a vista por toda a sala.
O som vinha da cozinha, onde Morgan encontrou um alçapão no assoalho. Ao remover o ferrolho e abrir a pequena porta um forte odor de mofo e podridão invadiram suas narinas, o que não o incomodou, lentamente desceu os degraus da escada que levava ao porão e já no ultimo degrau tropeçou e caiu, derrubando sua câmera e algumas caixas empilhadas que estavam no caminho. Morgan, enquanto procurava pela câmera engatinhando na escuridão do cômodo mais uma vez ouviu o choro e ao ficar de pé abruptamente, sua cabeça tocou uma luminária. A lâmpada foi imediatamente rosqueada, dissipando assim a escuridão, para a sua (in)felicidade. As paredes eram recheadas com prateleiras de metal e em todas havia inúmeros potes de vidro etiquetados, onde era possível ver olhos, fígado, língua e vários outros órgãos humanos.
Um vulto chamou a atenção do ex-vigilante e ao fita-lo com mais atenção, o terror o invadiu. Sua garganta secou, o coração cavalgava em seu peito, a câmera jazia a poucos centímetros dele, com muito esforço cambaleou até ela sem tirar os olhos da coisa sentada no canto do porão. Ali há menos de dez metros de onde estava, uma criatura acorrentada pelos pés a um ferro fundido incrustado na parede do porão, se alimentava vorazmente de um bebê. Cautelosamente Nillian se aproximou e com a câmera em mãos começou a fotografar. A criatura continuou a se alimentar sem se incomodar, Morgan não acreditava no que seus olhos viam. A criatura era enorme, seus olhos eram totalmente brancos, não havia cílios ou sobrancelhas, uma de suas orelhas era pontiaguda como a de Elfos e onde deveria existir a outra, havia apenas um enorme buraco de onde escorria um líquido esverdeado e gelatinoso. No lugar do nariz do monstro apenas uma cratera entupida de vermes, no crânio da coisa, larvas e limo era predominante e o que pareciam ser seios brotava do seu tórax. Morgan Nillian tirou várias fotos nos mais diversos ângulos, já na ultima, a única em que usou o flash, a criatura subitamente cessou sua comilança e fixou o olhar vazio em Morgan, como se só agora percebesse sua presença.
Depois de cuspir os restos da orelha sua vítima, a criatura ficou de pé enquanto esboçava um sorriso. Morgan Nillian notou que os dentes da Coisa eram minúsculos, porém, numerosos e pontiagudos, tal como espinhos. Como que por não ter recebido um sorriso de volta caiu em prantos enquanto forçava a corrente a se partir. Seu choro era medonhamente igual ao de um bebê, a força da criatura era enorme e, ao ver que a corrente aos poucos cedia aos esforços da comedora de crianças, Morgan tirou uma ultima foto e fugiu. Correu como nunca e em pouco tempo estava trancando a porta de sua casa.
Morgan Nillian, já na segurança de sua casa, tomou um banho revigorante, jantou, pegou um Bom Ar Lavanda na dispensa, guardou a câmera no cofre e deitou se na sua cama, onde Margareth o esperava já algum tempo.
O homem que investigava a tudo e a todos debruçou se sobre a esposa e beijou lhe os lábios secos e duros, levou a mão à enorme fenda que abrira em sua testa com uma faca e retirou dela duas larvas, em seguida deu lhe uma leve mordida na ponta do nariz e fitando seus olhos opacos acariciou seus cabelos.
- Eu falei que iria descobrir quem cometeu aquela barbárie!-disse Morgan sorrindo.
Estava feliz, há duas semanas as discussões com Margareth haviam cessado abruptamente e ele pôde se dedicar em tempo integral a investigação que cada vez mais consumia seu tempo.
- Amanhã cedo ligarei pra policia e pros jornais, sairemos nas primeiras notícias do dia, lógico que deixarei bem claro sua participação mínima nas investigações. – disse Morgan enquanto se cobria com um Edredom salpicado de sangue. – Aqueles monstros tem que pagar! Vamos ser heróis!
Morgan apagou a luz do pequeno e único abajur do quarto do casal e com alguns jatos de Bom Ar inundou o cômodo com um misto de Lavanda e Morte, se entregando assim a uma noite sem pesadelos.
-Boa noite Marg! E...Bem...Obrigado pelo apoio!
Autor: Ana Maria
Esse é um dos contos que concorreu no concurso de contos de terror do blog.
2 Comentários
Ahhh!!!!!
ResponderExcluirEu bem que tava achando esquisito esse lance de "preciso desvendar os crimes cometidos contra crianças para que as discussões com minha esposa cessem".
Já tava achando que era um conto sem sentido nenhum, mas no final tudo fez sentido!!
Gostei do conto Ana. Você conseguiu me apresentar um verdadeiro monstro de uma forma crível. Parabéns.
O primeiro parágrafo do conto já dá o sinal da violência e loucura do protagonista/antagonista. Esse ali é o maior "easter egg" do conto, hehehehe.
Fiquei curioso para descobrir o que saiu nas fotos. Se me permite interpretar o background do conto, eu diria que imagino a polícia catalogando as evidências encontradas na câmera de Morgan, que contêm fotos das crianças raptadas, fotos do Morgan obrigando sua esposa a comer partes das crianças ainda vivas, fotos de sua esposa toda espancada (porque as discussões sobre o assassinato das crianças eram violentas), selfies na cama com sua esposa morta (hehehehe), e por fim fotos do pobre casal Krauzer morto e mutilado no porão de sua própria casa.
Esse conto é do mal Ò.Ó !
Esse conto é do mal²
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