Em
meu quarto, que mais parecia um breu, uma penumbra do frio entrava por
uma brecha na porta, ouvi um som agudo e ensurdecedor, um grito de quem
sofria uma dor excruciante, como se fosse morto com parte por parte de
seu lindo corpo arrancado por uma tesoura, quando tentei sair de meu
quarto para ver o que havia acontecido, tinha uma escuridão, fui
andando, passo à passo e o som ia
ficando mais medonho, quando virei no corredor tinha mais outras curvas,
fui dobrando naquele corredor maldito e tive uma estranha sensação de
estava andando em círculos, e quando senti uma leve frieza em meu ombro,
olhei para trás e vi uma densa névoa se formando, ela foi tomando forma
e quando chegou em mim vi a escuridão sombria. Quando percebi estava em
minha cama novamente, quando sai, vi o mesmo corredor, ouvi o mesmo
som, e agora estava começando a sentir tontura e cai no chão abafado por
enxofre, estava quase morrendo e vi uma sombra vindo em minha direção,
não tinha forma, mas me fazia estar quase chorando de medo, me fazia
mergulhar em meus piores pesadelos, e no meio de tudo aquilo, acordei
novamente, estava no mesmo lugar, tudo acontecera de novo. Ia ficando
pior, e quando notei, estava preso em um loppyng do tempo, e agora, só
podia viver na desgraça de minha eterna morte, tortura, solidão de nunca
mais poder ver as pessoas que amo, numa eterna noite, e me lembro que
noite retrasada ouvi enquanto estava na cama um hediondo choro de uma
criança, noite seguida senti cutucadas invisíveis e era como se retirassem partes pequenas de meu corpo, como pedacinhos de pele com uma pinça, mas tudo vinha apenas de meu subconsciente, e agora estava preso no terror da imortalidade sombria, dolorosa e
torturante, e agora estava preso em sonho após sonho, um seguido do
outro eternamente, quando passaram 100 mil anos já estava morto por
dentro, sem vida, sem nada, um monstro sem alma destruído pelo tempo,
dominado por torturas seguidas uma após outro, e naqueles milhares de
sonhos seguidos de outro a dor era sempre verdadeira.
Autor: John Silva
Autor: John Silva
Esse é um dos contos que concorreu no concurso de contos de terror do blog.
1 Comentários
Legal. Bem simples, mas legal, me lembrou da casa infinita.
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