Ela estava bem ali na minha frente, sentada e sorrindo, como se ainda
estivesse viva. Me chamava e convidava a me sentar ao seu lado.
Estupefato, eu esfreguei meus olhos, mas não adiantou, ela continuava
lá. E sua imagem era clara como a de qualquer outra pessoa viva.
- Ana?! Você... O que... - Tapei minha boca com as mãos sem acreditar na cena em minha frente.
Ana,
minha irmã de sete anos, morta há dois anos atrás, estava bem na minha
frente e estava banhada em sangue da cabeça aos pés. Não era o sangue
dela, era dos meus pais, quero dizer, nossos pais.
- Não se assuste Josh. - A sua voz parecia a mesma, até mesmo sua aparência. - O que foi? Porque está recuando? - Eu olhei para os corpos estraçalhados no chão e depois para ela. - Ah. Então é isso, os nossos pais. Tudo bem, eles não são nossos pai de verdade.
- O que está dizendo? Como podem não ser nossos pais? Você os matou! - Gritei. No mesmo instante o rosto de Ana ficou sério e macabro. O medo me fazia querer vomitar, chorar e correr. Mas eu temia fazer qualquer uma dessas coisas e acabar morto e espalhado pelo chão, assim como...assim como...meus pais.
- Como posso matar o que já está morto? - Ela levantou-se do chão, onde brincava com o sangue, fazendo desenhos aparentemente abstratos no carpete sujo. - E como eu disse, eles não eram nossos pais. - Ela lambeu os dedos ensanguentados.
- Do que está falando? Eles estavam vivos, você é quem deveria estar morta! Você... Como pode estar aqui?! Não é real! - Joguei nela um abajur, que transpassou direto por ela e se espatifou na parede. - O que é isso? Ana, você é um espírito? - Ela gargalhou. Sua aparência era infantil, mas ela não agia como minha irmã de sete anos, ela estava diferente.
- Não, Josh bobinho. - Ana era a única que me chamava assim. - Mas é quase isso. O que pensa que eu sou? - Ela tentava chegar perto e eu quase tropeçava ao chegar para trás, me apoiando nos móveis, tentando ao máximo não cair.
- Seu lugar não é aqui. Você tem quer ir para o céu, deixe-nos em paz. - As lágrimas rolaram dos meus olhos, era dor de mais para eu suportar. - Meu Deus, Ana. Vá embora, por favor. - Minha voz falhava.
- Josh, ainda não entendeu? - Ela virou a cabeça de lado, como sempre fazia e franziu o cenho. - Não existe céu, não existe Deus e o mundo em que você acha que vive, também é só uma mentira. - Fiquei calado sem entender. - O que eu quero dizer, é que todos nós, não estamos vivos nem exatamente mortos.
- Não, é impossível! Se não estamos vivos nem mortos, se este mundo nem o céu existe, onde estaríamos então? O que seríamos? - Minha mente parecia se desmanchar em fragmentos, no meio de toda essa loucura. Por que diabos nada ali fazia sentido?!
- Somos demônios. Todos nós, inclusive você, somos demônios. - Ela sorriu. - Eu posso provar pra você. - Ana levantou as mãos e apontou o dedo para o espelho atrás de mim.
Quando virei para ver, meu reflexo e o dela, estavam distorcidos e horríveis. Chifres enormes e pretos saiam de meu crânio, meu rosto parecia apodrecido, a pele estava tão esfolada que era como se fosse desprender e cair. Tentei parar o impulso da ansia de vômito, mas quem aguentaria se ver daquela forma no espelho. Vomitei até minha garganta arder e meu estômago se retorcer dentro de mim. Olhei de volta para ela, que sem o reflexo, parecia normal.
- Se somos demônios, onde estamos? - Limpei meu rosto com as mãos. - Deus realmente não existe? Eu nunca vou para o paraíso, meu destino é acabar desmenbrado e morto no carpete dessa sala?
- Por que você acha que os seres desse mundo vivem sempre em conflito? Causando tragédias horríveis e se recuperando, apenas para sofrer mais tragédias. Pequenos momentos de felicidade que são tão rápidos que quando acabam nos deixam sedentos e viciados por mais, para esquecer que na verdade a dor é muito maior que a alegria. - Ela suspirou. - Somos uma experiência, um programa de entretenimento, feitos para serem torturados e testados até o limite. Este aqui, é o inferno.
- O inferno? Mas quem faria isso com agente?! Não diga que é Deus! - Eu estou enlouquecendo, isso é um delírio.
- O Deus que você acredita, não existe. Deus não está aqui. Só existe um único ser criador no universo e seu nome é Lúcifer. Ele é imortal e infinito, não teve início e nem fim, ele é absoluto. - A essa hora eu já estava de joelhos, sem saber o que fazer ou dizer. - Você nasce pensando estar num mundo diferente do realmente está, por isso que algumas pessoas se sentem deslocadas, ou que não estão no lugar certo. Nossas famílias não são de verdade, são ilusão, são outros demônios que sugam nossa energia sem nem mesmo saberem.
- Então somos mesmo demônios... porquê você transpassa objetos e eu não? Por que está me contando tudo isso agora? Você nem é minha irmã de verdade então. - Eu disse engasgando. Ana chegou perto e pôs as mãos nos meus ombros, me fazendo tremer.
- Por que estou solitária. Muito solitária. Quando descobri a verdade, percebi novos poderes, novas formas para meus corpo e eu não sabia controlar isso. Mas agora eu sou forte, muito forte. Josh, bobinho, não vá me deixar sozinha neste novo mundo, vai? - Ela me abraçou com força. - Quando você acreditar puramente no que estou te contando, aí você vai se libertar dessa ilusão em que te prendem. - Ela sorriu. - Venha comigo, por favor. Não se esqueça da sua promessa. Se lembra que você prometeu que íamos brincar de pular-corda antes de eu morrer? É mais que justo que cumpra sua promeça. Vem comigo.
- O que faço para ir com você? Eu acredito, juro que sim. - Eu desisto, quero ir com ela. Não tem nada aqui que me prenda, eu quero ir! - O que devo fazer, Ana? Me diga, por favor.
Eu a fiz uma promessa, não fiz? Morto ou não, que diferença faz? O que é que me impede de estra ao lado dela, se eu estive sendo enganado até hoje? Eu devo à ela minha morte.
- Você tem que enfiar uma faca no seu coração. - Ela sorriu. - Aí você vai finalmente acordar.
- O que? Mas... não vai acontecer nada comigo? - Não sei se consigo. É impossível.
- Enfie esta faca no seu coração. - Ela me entregou uma faca, diferente, era preta até a lâmina. - E não se esqueça de dizer "Aceito". Se não disser isso, você continuará preso a esta realidade para sempre. É isto que você quer?
- Não! Me dê esta faca. - Peguei a faca negra, acomodei-a em minhas mãos e sem mais hesitar, me esfaqueei no peito esquerdo. - Aceito... - Senti a lâmina fria penetrando e o sangue quente escorrer do meu peito. A dor alucinante pulsando em meu peito me avisava que a morte se aproximava. Pouco a pouco senti meus pulmões débeis parando de funcionar e minhas pálpebras pesarem. Mais do que pensei, morrer era doloroso.
Eu estava quase inconsciente, quando me forcei um olhar sorrindente para Ana. Ela sorriu de volta, mas antes que eu pudesse perceber o erro que eu tinha cometido, um monstro deformado e horrendo estava a minha frente, com seus chifres vermelhos, rosto desfigurado e a calda comprida, bem onde Ana deveria estar. Sorria alegre e de forma macabra, logo senti um choque na espinha, e com razão. O monstro juntou um pedaço comprido de intestino do chão onde meus pais foram estrassalhados.
- Humanos são tão ingênuos, acreditam em qualquer mentira que um demônio possa contar. - O monstro gargalhou alto e sua voz era groça e misturada com o que parecia uma voz infantil. - Meu caro, você acabou de vender sua alma para mim. Tenha uma boa viagem ao inferno e se quiser, pode pular corda com esta tripa aqui. - Ele largou o intestino ensanguentado em mim, como lixo. Em um curto instante de desespero, senti minha vida se dissipando. - O diabo também sabe contar histórias, garoto.
Foi quando eu tive a certeza de que realmente, Deus não está aqui.
- Não se assuste Josh. - A sua voz parecia a mesma, até mesmo sua aparência. - O que foi? Porque está recuando? - Eu olhei para os corpos estraçalhados no chão e depois para ela. - Ah. Então é isso, os nossos pais. Tudo bem, eles não são nossos pai de verdade.
- O que está dizendo? Como podem não ser nossos pais? Você os matou! - Gritei. No mesmo instante o rosto de Ana ficou sério e macabro. O medo me fazia querer vomitar, chorar e correr. Mas eu temia fazer qualquer uma dessas coisas e acabar morto e espalhado pelo chão, assim como...assim como...meus pais.
- Como posso matar o que já está morto? - Ela levantou-se do chão, onde brincava com o sangue, fazendo desenhos aparentemente abstratos no carpete sujo. - E como eu disse, eles não eram nossos pais. - Ela lambeu os dedos ensanguentados.
- Do que está falando? Eles estavam vivos, você é quem deveria estar morta! Você... Como pode estar aqui?! Não é real! - Joguei nela um abajur, que transpassou direto por ela e se espatifou na parede. - O que é isso? Ana, você é um espírito? - Ela gargalhou. Sua aparência era infantil, mas ela não agia como minha irmã de sete anos, ela estava diferente.
- Não, Josh bobinho. - Ana era a única que me chamava assim. - Mas é quase isso. O que pensa que eu sou? - Ela tentava chegar perto e eu quase tropeçava ao chegar para trás, me apoiando nos móveis, tentando ao máximo não cair.
- Seu lugar não é aqui. Você tem quer ir para o céu, deixe-nos em paz. - As lágrimas rolaram dos meus olhos, era dor de mais para eu suportar. - Meu Deus, Ana. Vá embora, por favor. - Minha voz falhava.
- Josh, ainda não entendeu? - Ela virou a cabeça de lado, como sempre fazia e franziu o cenho. - Não existe céu, não existe Deus e o mundo em que você acha que vive, também é só uma mentira. - Fiquei calado sem entender. - O que eu quero dizer, é que todos nós, não estamos vivos nem exatamente mortos.
- Não, é impossível! Se não estamos vivos nem mortos, se este mundo nem o céu existe, onde estaríamos então? O que seríamos? - Minha mente parecia se desmanchar em fragmentos, no meio de toda essa loucura. Por que diabos nada ali fazia sentido?!
- Somos demônios. Todos nós, inclusive você, somos demônios. - Ela sorriu. - Eu posso provar pra você. - Ana levantou as mãos e apontou o dedo para o espelho atrás de mim.
Quando virei para ver, meu reflexo e o dela, estavam distorcidos e horríveis. Chifres enormes e pretos saiam de meu crânio, meu rosto parecia apodrecido, a pele estava tão esfolada que era como se fosse desprender e cair. Tentei parar o impulso da ansia de vômito, mas quem aguentaria se ver daquela forma no espelho. Vomitei até minha garganta arder e meu estômago se retorcer dentro de mim. Olhei de volta para ela, que sem o reflexo, parecia normal.
- Se somos demônios, onde estamos? - Limpei meu rosto com as mãos. - Deus realmente não existe? Eu nunca vou para o paraíso, meu destino é acabar desmenbrado e morto no carpete dessa sala?
- Por que você acha que os seres desse mundo vivem sempre em conflito? Causando tragédias horríveis e se recuperando, apenas para sofrer mais tragédias. Pequenos momentos de felicidade que são tão rápidos que quando acabam nos deixam sedentos e viciados por mais, para esquecer que na verdade a dor é muito maior que a alegria. - Ela suspirou. - Somos uma experiência, um programa de entretenimento, feitos para serem torturados e testados até o limite. Este aqui, é o inferno.
- O inferno? Mas quem faria isso com agente?! Não diga que é Deus! - Eu estou enlouquecendo, isso é um delírio.
- O Deus que você acredita, não existe. Deus não está aqui. Só existe um único ser criador no universo e seu nome é Lúcifer. Ele é imortal e infinito, não teve início e nem fim, ele é absoluto. - A essa hora eu já estava de joelhos, sem saber o que fazer ou dizer. - Você nasce pensando estar num mundo diferente do realmente está, por isso que algumas pessoas se sentem deslocadas, ou que não estão no lugar certo. Nossas famílias não são de verdade, são ilusão, são outros demônios que sugam nossa energia sem nem mesmo saberem.
- Então somos mesmo demônios... porquê você transpassa objetos e eu não? Por que está me contando tudo isso agora? Você nem é minha irmã de verdade então. - Eu disse engasgando. Ana chegou perto e pôs as mãos nos meus ombros, me fazendo tremer.
- Por que estou solitária. Muito solitária. Quando descobri a verdade, percebi novos poderes, novas formas para meus corpo e eu não sabia controlar isso. Mas agora eu sou forte, muito forte. Josh, bobinho, não vá me deixar sozinha neste novo mundo, vai? - Ela me abraçou com força. - Quando você acreditar puramente no que estou te contando, aí você vai se libertar dessa ilusão em que te prendem. - Ela sorriu. - Venha comigo, por favor. Não se esqueça da sua promessa. Se lembra que você prometeu que íamos brincar de pular-corda antes de eu morrer? É mais que justo que cumpra sua promeça. Vem comigo.
- O que faço para ir com você? Eu acredito, juro que sim. - Eu desisto, quero ir com ela. Não tem nada aqui que me prenda, eu quero ir! - O que devo fazer, Ana? Me diga, por favor.
Eu a fiz uma promessa, não fiz? Morto ou não, que diferença faz? O que é que me impede de estra ao lado dela, se eu estive sendo enganado até hoje? Eu devo à ela minha morte.
- Você tem que enfiar uma faca no seu coração. - Ela sorriu. - Aí você vai finalmente acordar.
- O que? Mas... não vai acontecer nada comigo? - Não sei se consigo. É impossível.
- Enfie esta faca no seu coração. - Ela me entregou uma faca, diferente, era preta até a lâmina. - E não se esqueça de dizer "Aceito". Se não disser isso, você continuará preso a esta realidade para sempre. É isto que você quer?
- Não! Me dê esta faca. - Peguei a faca negra, acomodei-a em minhas mãos e sem mais hesitar, me esfaqueei no peito esquerdo. - Aceito... - Senti a lâmina fria penetrando e o sangue quente escorrer do meu peito. A dor alucinante pulsando em meu peito me avisava que a morte se aproximava. Pouco a pouco senti meus pulmões débeis parando de funcionar e minhas pálpebras pesarem. Mais do que pensei, morrer era doloroso.
Eu estava quase inconsciente, quando me forcei um olhar sorrindente para Ana. Ela sorriu de volta, mas antes que eu pudesse perceber o erro que eu tinha cometido, um monstro deformado e horrendo estava a minha frente, com seus chifres vermelhos, rosto desfigurado e a calda comprida, bem onde Ana deveria estar. Sorria alegre e de forma macabra, logo senti um choque na espinha, e com razão. O monstro juntou um pedaço comprido de intestino do chão onde meus pais foram estrassalhados.
- Humanos são tão ingênuos, acreditam em qualquer mentira que um demônio possa contar. - O monstro gargalhou alto e sua voz era groça e misturada com o que parecia uma voz infantil. - Meu caro, você acabou de vender sua alma para mim. Tenha uma boa viagem ao inferno e se quiser, pode pular corda com esta tripa aqui. - Ele largou o intestino ensanguentado em mim, como lixo. Em um curto instante de desespero, senti minha vida se dissipando. - O diabo também sabe contar histórias, garoto.
Foi quando eu tive a certeza de que realmente, Deus não está aqui.
FIM
Autora: Layse Brasil
Gostou do estilo dela? Pois não deixe de visitar o blog da autora para conferir mais textos.
Esse é um dos contos que concorreu no concurso de contos de terror do blog.
2 Comentários
Cara!!! Como que tu foi acreditar em uma história dessas?
ResponderExcluirPensa comigo:
(Deus não existe) + (Deus não está aqui) + (Existe um ser criador de tudo no universo que se chama Lúcifer) + (ele é imortal, infinito e absoluto) = (Lógica absurda. Pois a menininha afirma a existência de um criador, que é infinito e absoluto, logo conclui-se que Deus existe e está em todos os lugares)
Mereceu morrer!! Como que tu foi acreditar em um absurdo desses?!
Agora vai virar brinquedinho sexual desse demônio aí. ò_ó
Pobre rapaz ingênuo... agora vai passar a eternidade pulando tripa nas profundezas!
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