Tenho que assumir que o meu primeiro contato com Toren não foi tão amigável, sempre apoiei indie developers brasileiros e bati palmas para as iniciativas, no entanto assim que vi o teaser do jogo em 2012, o que pensei foi um "Nossa, que desgraça!", não pelo o jogo em si, já que não mostrava muito, mas pela movimentação da personagem, que foi uma coisa bem feia de se ver, com os braços esticadões para os lados enquanto corria. Isso me fez pensar de imediato que seria um jogo bem genérico, e que eu certamente escreveria algo sim para dar um incentivo, mas que certamente não iria me impressionar. Nossa, como eu estava errado...
O público gamer em geral certamente conhece o fabuloso Shadow of the Colossus, mas uma coisa que nem todo mundo sabe, é que esse jogo é o sucessor espiritual de um outro jogo que foi lançado quatro anos antes, em 2001. Trata-se de "Ico", também para Playstation 2. E para quem conhece, certamente vai sentir fácil a essência de Ico em Toren, para fãs esse jogo certamente vai fazer se sentir em casa, apesar da paleta de cores que dá um toque tão diferente em cada visual, com Ico sendo mais triste, e Toren sendo bastante alegre.
A história é naquele estilo bastante mágico, com um clima de lenda, portanto rapidamente você consegue perceber que as coisas são um tanto surreais, mas muito bonitas. É algo intenso, que consegue te transportar facilmente para o universo apresentado. Aqui você assume de uma garota destinada a nascer e morrer repetidamente enquanto acompanha o crescimento de uma imensa árvore dentro de um santuário por onde um furioso dragão ronda.
Sem dúvidas o que me surpreendeu no jogo, foi o quanto ele é variado. Não me surpreenderia se fosse uma obra onde tudo parece sempre o mesmo, mas aqui você realmente vê as coisas evoluindo constantemente, experiências novas constantes e cenários surreais que conseguem chamar a atenção rapidamente assim que você os vê.
A jogabilidade básica do jogo é de um puzzle de aventura com exploração, então você tenta alcançar uma espada que está presa a árvore, mas ela cresce constantemente e de forma rápida, te afastando. É preciso alcançá-la e subir as escadas do santuário destruído, enquanto ao mesmo tempo é necessário resolver puzzles para criar caminhos alternativos.
Os encontros com o dragão são constantes e ao invés de cuspir fogo, ele cospe uma "essência" de pedra, capaz de petrificar qualquer ser vivo que esteja na frente, portanto é preciso se preocupar com isso e algumas vezes até morrer e renascer.
A medida que a história vai sendo contada por um sábio, você vai entrando em sonhos que representam sentimentos e ações humanas. Essas áreas são ainda mais surreais, com visuais estranhos, mas ao mesmo tempo fascinantes e bem simbólicos.
Graficamente o jogo é estranho, isso porque observado de uma forma artística, é lindo! Existe um conceito realmente maravilhoso em toda a coisa, designs interessantes que criam uma atmosfera intensa, e uma quantidade imensa de elementos. Todo lugar que você vai no jogo terá coisas como bandeiras balançando, pássaros passando voando, destroços de ruínas, é algo realmente muito robusto, a quantidade de efeitos constantes também é enorme, dando muito brilho a coisa.
Por outro lado, parece que pegaram elementos maravilhosos e apenas juntaram sem dar um polimento final. O cabelo da personagem parece um monte de papel colado, as texturas são de baixa definição e te fazem muitas vezes imaginar o quanto poderia ser lindo um determinado cenário se não parecesse todo borrado, as animações são travadas e a forma da personagem caminhar, embora pareça melhor que o primeiro teaser que vi, ainda não parece nada natural e muito travada.
Mas o pior é a falta de polidez nos elementos do cenário, é simplesmente horroroso ver pedaços de objetos entrando em outros o tempo todo, o modelo da personagem muda constantemente pois ela vai crescendo e mudando de roupa, mas mesmo assim deveria ter tido um tratamento muito especial por você a ver o tempo todo, mas a equipe pareceu não se importar muito em deixar coisas como a espada ficar nas costas dela e visivelmente um pedaço da lâmina entrando o tempo todo, ao menos que tentassem disfarçar, como colocar a espada na cintura ou algo assim.
Então visualmente o jogo será lindo demais se você olhar meramente de forma artística, pois ele realmente é, é algo intenso, belo, parece um quadro. Por outro lado, se você olhar de uma forma crítica quanto a um gráfico bem feito, vai achar bizarríssimo ver uma estátua de uma garota chorando e as lágrimas passarem retas dos olhos até entrarem dentro de seus peitos, ao invés de fazerem a curva.
Toren também tem problemas com a sua jogabilidade, embora seja básica apenas tendo o botão de ação, saltar e observar ao redor, você sente que a coisa é um pouco limitada, e até aí tudo bem, mas na interação com o mundo, isso pode desagradar um bocado. Por exemplo quando você vai pular com a personagem, o salto é um tanto superficial, e você não sente direito quando você pode ou não fazer as coisas, as vezes é um simples pulinho, e de repente você fica surpreso ao dar pulos enormes de uma área pra outra.
Se o salto mostrasse já de cara a distância que você pode ir, daria pra se sentir seguro no que você pode e não pode fazer, além de que especialmente na batalha final, me senti bem frustrado em determinados momentos, sem saber o motivo de eu ter perdido, é como se os controles não funcionassem direito ou só funcionassem se você estivesse em uma área muito precisa que não dá pra compreender.
A trilha sonora é impecável, realmente uma coisa que vai ser capaz de te deixar arrepiado e de um bom gosto impressionante. Apesar dos efeitos sonoros já não serem tão belos assim, como por exemplo na hora de atacar criaturas, que deixa aquela sensação de querer ter ouvido algo que representasse bem, as músicas apresentadas no momento certo conseguem te conduzir de forma maravilhosa para o universo do jogo. Você gosta daquelas histórias com climinha folclórico estiloso? Certamente a atmosfera desse é contagiante.
Enfim, Toren pode ser considerado um novo passo para o nosso país no mundo dos jogos, pois foi o primeiro jogo que participou do programa brasileiro de incentivo a cultura e sinceramente eu acho que ele fez bonito sim, afinal de contas é uma obra cara brasileira e que conseguiu não ser apenas um jogo genérico, mas sim algo bem atmosférico e poderia muito bem apenas ter seguido uma fórmula padrão em uma época tão repleta de games online e jogos de tiro.
Embora alguns sites gringos tenham descido o pau no jogo, em geral você vê análises na steam de gringos encantados, inclusive chegando ao nível "Muito Positivas", o que é bem difícil de se ver por lá. Por outro lado aqui está um jogo que poderia ter ganhado 10/10 se tivesse um polimento final, mas que acabou perdendo essa oportunidade exatamente por isso. Mas vale a pena, recomendo demais, é uma experiência incrível que você vai querer ter! Vale a pena dar uma conferida no site da G2A pra ver o preço que está lá, pois eles costumam vender keys da steam por um valor bem mais barato que na própria steam e ainda aceitam boleto bancário. Dê uma conferida no preço que tá lá, clicando aqui.
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Não deixe de conferir também a análise de Titan Souls, um fantástico jogo em 2D que parece um demake de Shadow of the Colossus.
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