Para tudo há um início, não é mesmo? E com os heróis não poderia ser algo diferente, incluindo Batman, um dos heróis mais aclamados que existe. E hoje vou falar sobre uma edição nem tão falada assim, que é a edição #27 da revista Detective Comics onde aparece a história “O caso da sociedade das indústrias químicas”, que é um verdadeiro marco histórico no universo dos quadrinhos, pois trata-se de nada menos do que a primeira aparição do Homem Morcego e que pode surpreender muita gente.
Acredito que, assim como eu, muita gente esperava uma história infantil para a primeira aparição de Batman, no entanto é engraçado ver que mesmo sendo algo publicado em 1939, esse não é o tipo de história que cairia bem para crianças, até mesmo de hoje em dia, apesar de também não ser algo muito complexo, mas como é padrão da Detective Comics, havia o elemento investigação, o que automaticamente fazia com que a história já tivesse um pouco de charme.
Nessa primeira edição já são apresentados dois personagens que se tornariam bem definitivos nas histórias de Batman, o Comissário Gordon, e claro, Batman/Bruce Wayne. E Gordon aparece dizendo que o herói o intriga, um detalhe interessante é que se refere a ele como BAT-MAN, mas ele já é amigo de Bruce, e inclusive o primeiro quadrinho da história já mostra os dois personagens conversando.
A trama apresenta o caso de um homem conhecido como “Rei das Indústrias Químicas”, que acabou morrendo esfaqueado e as impressões digitais de seu próprio filho estavam na arma do crime. Isso leva o comissário a investigar o assunto, e também chama a atenção de Batman, que segue as pistas que tem.
Uma coisa curiosa é que há um narrador que muitas vezes fala as ações de Batman, hoje em dia é mais comum se ver os próprios personagens fazendo a narração, mas nessa história a sensação que tive foi a de que pegaram o texto e adaptaram, mas ao invés de simplesmente mostrarem em imagens, também colocaram a narração dizendo coisas que você já tá vendo, como “Bat-Man desfere uma terrível direita!” e em baixo o quadrinho do herói dando um soco em um bandido.
A história é simples, apesar de no todo apresentar um caso todo explicadinho, acredito que para a época é algo bem convincente e satisfatório, afinal existe o assassino, o motivo e o mistério que fica sendo apresentado. Mas também tem umas coisas que podem gerar risadas por serem um pouco toscas na forma de apresentação. Por exemplo, o Comissário Gordon já chega falando o seguinte para o garoto suspeito “Olá Lambert, me disseram que você matou seu pai!”. Uahahahha, bem assim na maior tranquilidade.
O Batmóvel também não existe na primeira história, o narrador apenas fala que ele está dirigindo seu carro para a próxima pista, e na imagem aparece um calhambeque vermelho qualquer, sem nada demais, e Batman na direção, é engraçado de imaginar um cara fantasiado pegando um carro e indo até o lugar onde o crime estiver.
Não posso deixar de falar também da atitude de Batman que para alguns de hoje em dia seria meio chocante já que tem toda aquela frescura de herói que faz de tudo para salvar o vilão e fica naquele papo de “Se eu fizer isso, apenas estarei me tornando igual a ele.”, um baita de um papo furado. Então eu tomei um susto quando um bandido foi atacar Batman e o herói deu uma porrada nele, derrubando-o em um tanque cheio de uma substância verde, daí a reação de um cara foi gritar “Ele está caindo no tanque de ácido!” e Batman fica apenas observando sem se mover pra tentar salvar, e apenas diz “Um final digno de alguém como ele...”. É simples assim, sem remorso algum hahaha.
Um detalhe interessante é que somente no final da história é que o narrador revela a identidade de Batman, como Bruce aparece no começo da história e no final, acho que aquilo deve ter sido super empolgante para os leitores e provavelmente foi um dos empurrões para se tornar um sucesso, afinal de contas você vê que tá no fim já e nada de falar sobre esse assunto, quando de repente mostra Bruce entrando em uma porta e depois saindo de Batman, tudo com uma narração tentando manter o clima de mistério, mas que também me fez rir, foi algo do tipo “Ele entra na porta e minutos depois a abre lentamente... Se o Comissário Gordon pudesse ver o amigo agora, ele estaria impressionado... POIS ELE É O BAT-MAN!” e então acaba hahaha.
Enfim, se você ficar curioso, a história é curtinha e tem apenas seis páginas, sem enrolação. O herói também passou a aparecer nas edições seguintes, e inclusive fez tanto sucesso que o próprio nome do personagem começou a surgir vez ou outra junto ao título. Essa também foi a história que o consagrou já de primeira como “Herói Investigativo” e faz o povo falar tanto hoje em dia sobre como as histórias dele tem foco em algo mais inteligente do que simplesmente sair andando e metendo porrada. Foi lançado no Brasil um Arquivo Histórico que contém essa e os principais eventos de Batman através do tempo, confira aqui que espetacular.
1 Comentários
Que massa, a um bom tempo estava curioso pra saber como foi a primeira aparição do morcegão nas HQs, parabéns pela matéria. Obg.
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