Esse é um daqueles desenhos que o povo da teoria da conspiração adora detonar, e você não precisa nem ser um paranoico para assistir Aeon Flux e perceber que existe algo de estranho sendo apresentado, isso porque a bizarrice rola solta, cheio de sexualidade, símbolos um tempo todo e histórias que muitas vezes precisam de um baita de um esforço mental para se realmente compreender o que diabos está acontecendo e qual a mensagem que é apresentada, especialmente nos episódios finais, onde o nível de loucura parece ter tomado o controle. Você gosta daquelas coisas onde você termina de ver e vai pra um fórum discutir sobre o que é e ver várias teorias malucas? Então esse é um dos desenhos que você vai gostar de ver!
A história se passa no ano de 2415, onde o mundo se tornou um lugar pós-apocalíptico, pois a raça humana foi praticamente toda destruída por um vírus que saiu do controle. Os únicos lugares da terra que sobraram foram cidades vizinhas chamadas Monica e Bregna. A primeira é um lugar comum onde há pessoas tentando sobreviver e querendo mudanças, tentando fazer a situação melhorar, já a segunda é um lugar perfeito e muito tecnológico em que as coisas são bem lindas e suas estruturas são imensas, no entanto coisas estranhas acontecem e pessoas simplesmente desaparecem do nada.
A primeira vez que assisti Aeon Flux, lembro que me dei muito mal, pois comecei exatamente na terceira temporada, que por acaso é a mais bizarra e difícil de se achar sentido nas coisas, além de ser a única onde os episódios são um quarto do tamanho padrão e não há dublagem. Eu realmente me senti jogando em um universo alternativo onde eu não sabia o que diabos estava acontecendo, era simplesmente loucura demais em uma animação só e com finais completamente aleatórios. Por sorte, eu quis muito entender aquilo e fui pesquisar para assim descobrir a primeira temporada e sentir os meus pés ficarem um pouco mais no chão.
Acredito que Aeon Flux tem que ser visto como uma série de contos que não precisam ser vistos na ordem certa, mas apenas se conhecer dois personagens. Um deles é Trevor Goodchild, que tem o nome bastante irônico (Goodchild fica algo como Bom Garoto em português), que é o grande vilão e sempre está com planos mirabolantes envolvendo a humanidade, como lançar um raio no planeta para que os humanos evoluam mais rapidamente, ou preservar uma criatura-deus com uma influência enorme sobre meros mortais. Do outro lado tem Aeon Flux, uma agente da rebelião que sempre está se infiltrando e acabando com planos que possam prejudicar as pessoas.
Cada episódio você tem que ver prestando bastante atenção no título e na descrição, pois ela é o que vai te posicionar no que está acontecendo ali, sendo que a terceira temporada apenas tem título. Depois de pegar essa informação você assiste e muita coisa você precisa apenas sentir a essência transmitida, pois serão simplesmente bizarra demais. Por exemplo, há um episódio em que Trevor sequestra uma mulher e ao conseguir se livrar das amarras que a prendem em uma cadeira, ela abre a boca e de sua língua são lançadas duas "linhas" em um tubo de ventilação, ao mesmo tempo de seus pés sai outras "linhas" que se prendem na parte de trás da sala, após isso o seu corpo sai deslizando pelas linhas até o tubo e ela entra ali. É algo simplesmente bizarro de se ver, mas que você percebe que é a forma de apresentarem o futuro, algo exagerado, bizarro, mas que ao mesmo tempo faz parte da estética apresentada e dá um clima todo próprio.
Mas não só de tecnologia bizarra é feita a série, mas também de cenas bem aleatórias, por exemplo Aeon e Trevor constantemente começam a se beijar ou até mesmo transar do nada. Existe muita sexualidade apresentada, e os personagens podem estar se enfrentando e do nada começam a "se divertir". Além de outras coisas com fortes toques biopunk envolvendo modificação de humanos e animais, ou até mesmo ambientes inteiros feitos de forma artificial e contidos para experimentos.
Mas uma coisa muito interessante é que Trevor não precisa ser visto como malvado, isso porque o personagem não se apresenta como puramente cruel, mas sim como um cientista, diversas vezes ele demonstra simpatia e compaixão pela humanidade, ao mesmo tempo que Aeon pode se mostrar uma pessoa completamente insensível em diversos pontos. Sendo assim essa trama é do tipo que quando se dá um momento para pensar, é possível ver que não há o bem e o mal, mas sim pontos de vida diferente, ambos pensando no bem da humanidade. O encontro de ambos também muitas vezes também é bastante pacífico, onde conversam sobre o assunto sem necessariamente estarem se atacando e nesses momentos é possível ver um baita toque filosófico sobre o certo e o errado.
A série é cheia de simbolismo, e muita gente diz que é uma perfeita apresentação da nova era, sendo que Aeon é mostrada como a humanidade, sempre rebelde, curiosa e querendo mudar tudo, muitas vezes de forma incompetente e causando o caos graças a suas ações movidas pelas emoções, enquanto Trevor é mostrado como os Illuminati, tendo paixão pela humanidade e pelo planeta, mas disposto a sacrificar e usar humanos a seu favor das mais variadas maneiras para que outros possam ter uma vida melhor. Há ainda aquele negócio da quase extinção da humanidade por meio de vírus, deixando apenas poucas pessoas, algo bem illuminati mesmo, e há questões que envolve eventos históricos muito ligado a sociedade e vontade de ter o que o outro tem, mas sendo necessário sacrificar algo para isso, como o muro divisor entre cidades, com a população de um lado querendo ir pro outro, lembrando um bocado o muro de Berlim.
Enfim, se você estiver em um momento psicodélico ou for fã de coisas bizarras e cheia de mensagens ocultas como Salad Fingers. Aeon Flux é o tipo de obra que assusta muita gente por sentirem-se sofrendo lavagem cerebral enquanto assistem, e ainda acham mais sinistro por ser de 1991, dando assim aquela sensação de ser uma daquelas obras macabras feitas nos anos 90 para fritar cérebros.
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