O nosso universo é gigantesco e tem suas regras próprias, suas leis que fazem as coisas serem como são e se manterem dessa forma. Sendo assim, ao menos com referência à como as coisas funcionam, tudo é certinho e como deve ser. Graças a isso, nós podemos definir objetos, ações, e etc, dar nome às coisas e assim nos comunicar, explicar de maneira perfeita algo, e assim o mundo anda, as pessoas passam informações de forma descomplicada.
Olfato, audição, paladar, tato e visão são os sentidos que nos colocam em contato com o mundo e assim nos permitem ter a percepção do que está ao nosso redor, uma pessoa sem todos esses sentidos seria simplesmente uma mente sem uma forma de aprendizado e interação. E com esses sentidos nós acabamos podendo explicar as coisas para outras pessoas, como por exemplo "Tal fruta tem um gosto parecido com o de limão", e assim a pessoa pode entender mais ou menos algo.
Mas agora imagine novos sentidos que o ser humano não tem, mas que outras criaturas sim, e que com esses sentidos elas podem perceber a realidade de forma diferente, tendo acesso a diferentes tipos de informação. Como é que se explicaria isso? A melhor maneira de se imaginar tentando explicar algo assim, é imaginar você tentando explicar algo a uma pessoa deficiente de nascença. Por exemplo tente explicar para um cego como é a cor verde, se ele nunca viu cores, que base você usaria pra explicar isso?
O inominável é um conto de H.P. Lovecraft, onde ele tenta explicar exatamente isso, com temas que ele sempre abordou, que são o desconhecido, o misterioso e o grandioso e intocável pela mente humana. Só que ele tenta explicar com palavras o que quer dizer, porque para quem lê um de seus contos, nós apenas adaptamos em forma de palavras "É algo que é tão poderoso que nossa mente não compreende, por isso seus personagens enlouquecem.", mas em "O inominável" ele vai bem além nisso e tenta explicar o quanto é algo maior e que simplesmente não seria descrito por palavras.
Então o que é passado, não é algo que simplesmente é descrito com palavras, mas sim algo como se fosse o sentido da visão sendo descrito através da fala e sentido através da fala, ou seja, um verdadeiro conflito mental que não seria como dizer "Ver é olhar para os lugares e saber o que está ali sem precisar tocar", seria como usar realmente a fala para se ver algo, ou mesmo usar um sentido. Como você enxergaria algo usando o paladar? Isso daria um verdadeiro "bug mental".
Sendo assim, o que é apresentado no conto são dois personagens, onde discutem sobre isso, um deles é religioso, porém não acredita em outras coisas além disso. O outro já questiona, explicando que já que é possível se acreditar em espíritos, o que impede de acreditar em algo muito mais misterioso e deslocado de nosso mundo? E assim ele toca no assunto do "inominável" que é uma coisa que está tão além dos nossos sentidos que não pode ser resumida apenas a uma descrição feita pela fala, é algo que está muito acima disso e quando se tenta pensar naquilo, não se consegue, por isso não se há palavras para descrever. Antes de ler, só para poupar a pesquisa de alguns, Sir Arthur Conan Doyle é o escritor de Sherlock Holmes. apoteose é um nome de uma coleção de sete livros sobre o desenvolvimento religioso no estado de de Massachusetts publicados em 1702 por Cotton Mather, um sociólogo, agora confira que incrível:
O Inominável
Nós estávamos sentados em em uma tumba em ruínas do século XVII no final da tarde de um dia de outono, no velho cemitério em Arkahm, e especulando sobre o inominável. Olhando em direção ao gigante salgueiro no centro do cemitério, cujo o tronco quase havia ocultado uma antiga e ilegível lápide, eu tinha feito um fantasioso comentário sobre a nutrição espectral e inominável que as colossais raízes deveriam estar sugando do chão acinzentado de restos mortais; quando meu amigo me criticou por tal coisa sem sentido e disse que uma vez que não haviam ocorrido enterros ali ao longo de um século, nada poderia possivelmente existir para nutrir a árvore de outra forma que não fosse a tradicional. Além de que, ele adicionou, meu constante discurso sobre "inomináveis" e "Imensuráveis" coisas eram argumentos infantis, completamente de acordo com a minha baixa posição como autor. Eu era muito apaixonado por terminar minhas histórias com visões ou sons as quais paralisavam as faculdades de meus heróis e os deixava sem coragem, palavras, ou associações para dizer a experiência que eles tiveram. Nós sabemos coisas, ele disse, apenas através dos nossos cinco sentidos ou nossas intuições religiosas; portanto isso é completamente impossível se referir a qualquer objeto ou cena a qual não se pode claramente ser retratada por definições sólidas do fato ou da doutrina correta da teologia — preferivelmente aqueles da congregacionistas, com seja qual for a tradição modificada, e Sir Arthur Conan Doyle poderia responder.
Com esse amigo, Joel Manton, eu frequentemente tinha
desanimadas disputas. Ele era diretor da East High School, nascido e
criado em Boston e compartilhava da vaidade surda da Nova Inglaterra aos
delicados tons de vida. Ele tinha a visão de que unicamente a nossas
experiências normais e objetivas possuíam alguma significância estética,
e que é de competência do artista não apenas despertar emoções fortes
pela ação, e surpresa, mas também manter o plácido interesse e
apreciação pela precisa, detalhada transcrição dos assuntos do cotidiano. Ele fazia uma objeção especialmente à minha preocupação com o místico e o inexplicável; pois embora acreditasse no sobrenatural muito mais que eu, ele não admitiria que isso é suficientemente cotidiano para tratamento literário. Que uma mente pode encontrar um grande prazer em escapar da mesmice diária, e
em originais e dramáticas recombinações das imagens comumente lançadas
pelo hábito e cansaço nas banalidades padrões da atual existência, era
algo praticamente sem credibilidade para seu claro, prático, e lógico
intelecto. Para ele todas as coisas e sentimentos tinham dimensões fixas, propriedades, causas, e efeitos; e embora ele vagamente soubesse que a mente às vezes
mantinha visões e sensações de uma natureza bem menos geométrica,
classificável, e funcional, ele acreditava se justificando em desenhar
uma linha arbitrária, e jogando fora do julgamento tudo que não pode ser experimentado e compreendido pelo cidadão comum. Além do mais, ele estava quase certo que nada pode ser "Inominável". Isso não soava sensato para ele.
Embora eu já tivesse percebido a futilidade de argumentos imaginativos e
metafísicos contra a complacência de um sulista ortodoxo, alguma coisa
naquele cenário de conversa de fim de tarde me motivou a levar a
discussão mais além do que costumava. As decadentes tumbas feitas de
ardósia, as árvores patriarcais, e os telhados ao estilo gambrel
centenários da fantasmagória cidade velha que se estendia ao redor, tudo
combinando para despertar o meu espírito em defesa de meu trabalho; e
eu logo estava carregando minhas investidas contra o território inimigo.
Não era de fato difícil iniciar um contra ataque, pois eu sabia que
Joel Manton era agarrado a muitas antigas superstições as quais pessoas
sofisticadas abandonaram já faz muito tempo; crenças na aparição de
pessoas mortas em lugares distantes, e em impressões deixadas por velhas
faces em janelas as quais seus donos contemplaram por toda a vida. Para creditar essas fofocas de velhas caipiras, eu então insisti, era como dar fé a existência de substâncias espectrais na terra separadas e subsequentes de suas contrapartes materiais.
Argumentei sobre a capacidade de acreditar em fenômenos que estão além
de toras as noções normais; pois se um homem morto pode transmitir sua
visível ou concreta imagem para meio mundo, ou com o passar dos séculos,
como poderia ser absurdo supor que essas casas desertas estivessem
cheias de coisas sensitivas, ou que velhos cemitérios estejam cheios com terríveis e incorpóreas
inteligências de gerações? E uma vez que um espírito, com o objetivo de
fazer todas as manifestações atribuídas a ele, não possa ser limitado
por qualquer uma das leis da matéria; por que seria extravagante
imaginar criaturas mortas psiquicamente vivas com formas — ou ausência de formas — as quais podem para um espectador humano ser absolutamente e espantosamente "inomináveis"? "Senso Comum" em reflexão a esses assuntos, eu respondi a meu amigo com certo calor, que é meramente uma ausência estúpida de imaginação e flexibilidade mental.
O crepúsculo estava se aproximando, mas nenhum de nós sentia qualquer
vontade de terminar o discurso, Manton parecia não estar impressionado
pelos meus argumentos, e ansioso para refutá-los, tendo confiança em suas próprias opiniões às quais sem dúvida causaram o seu sucesso como professor, embora eu estivesse me sentindo com os pés no chão demais para temer a derrota. A noite caiu e as luzes fracamente brilhavam em algumas das distantes janelas, mas nós não nos movemos. Nossos assentos na tumba estavam bastante confortáveis, e eu sabia que o meu prosaico amigo não se importaria com a cavernosa fenda no muro antigo e danificado por raízes atrás de nós, ou se pronunciaria sobre a escuridão do lugar
trazida pela intervenção de uma casa instável e deserta do século
dezessete que estava entre nós e a estrada iluminada mais próxima. Naquela escuridão, sobre aquela
despedaçada tumba, próxima à casa deserta, nós falamos sobre o
"Inominável" e depois que meu amigo terminou de tirar sarro, eu o falei
obre a terrível evidência por trás da história a qual ele tanto tirava
sarro.
O meu conto se chamava "A janela do sótão", e apareceu na edição de
janeiro de 1922 da Whispers(Sussurros). Em muitos bons lugares,
especialmente no Sul e na Costa do Pacífico, eles tiraram as revistas
das prateleiras graças às tolas queixas; mas Nova Inglaterra não ficou
animada e meramente encolheu os ombros para a minha extravagância. A
coisa, a qual se asseverava, era biologicamente impossível para começar;
meramente outro daqueles boatos rurais os quais Cotton Mather foi
suficientemente crédulo para colocar em seu caótico Magnalia Christi
Americana, e tão pobremente autenticado que até mesmo ele não se
aventurou a nomear a localidade de onde o horror ocorreu. E sobre a
forma a qual eu desmascarei o velho místico—que era bastante impossível,
e característico de um escritor volúvel e teórico! Mather de fato falou
sobre uma coisa nasceu, mas ninguém menos que um sensacionalista barato
teria pensado em fazê-la crescer, olhar pelas janelas das pessoas pela
noite, e se esconder no sótão de uma casa, em carne e espírito, até
alguém a ver na janela, séculos depois e não saber descrever o que
tornou seus cabelos brancos. Tudo isso era besteira escandalosa, e meu
amigo Manton não demorou para insistir no fato. Então eu falei para ele
sobre o que eu tinha encontrado em um velho diário mantido entre 1706 e
1723, desenterrado do meio dos papéis da família a menos de uma milha de
onde nós estávamos sentados; falei sobre isso, e da origem das
cicatrizes no peito e costas do meu ancestral as quais o diário descrevia. Eu o contei também, sobre os medos do povo dessa região, e como eles sussurraram o fato por gerações; e como não foi nenhuma loucura mítica que tomou conta do garoto que em 1793 entrou em uma casa abandonada para examinar certos vestígios suspeitos que estavam lá.
Aquilo tinha sido um evento sobrenatural — não é surpresa que alunos
sensíveis estremeçam com a era puritana em Massachusetts. Sabe-se tão
pouco sobre o que passou por baixo da superfície — tão pouco, e ainda
assim é uma ferida macabra que borbulha podridão em ocasionais lampejos
fantasmagóricos. O terror da bruxaria é um horrível raio de luz que é
estufado no cérebro esmagado dos homens, mas até mesmo isso é uma
ninharia. Não havia beleza; nem liberdade — nós podemos ver isso a
partir de arquiteturas e restos domésticos, e sermões venenosos de
sacerdotes abarrotados. E por trás daquelas camisas de força de ferro
enferrujados escondia a balbuciante, hediondez , perversão, e diabrura.
Aqui, verdadeiramente, havia um endeusamento do inominável.
Cotton Mather, naquele demoníaco sexto livro, o qual ninguém deveria ler
após o anoitecer, não poupou palavras quando lançou sem anátema. Severo
como um profeta judeu, e laconicamente destemido como ninguém em
naqueles dias poderia ser, ele falou sobre a besta que havia dado a luz,
a qual era mais do que besta, porém menos do que homem — a coisa com
olhos deteriorados — e do bêbado infeliz, que foi enforcado aos gritos
por ter olhos parecidos. Isso tudo ele falou sem enrolar, mas ainda
assim sem dar uma dica do que veio depois. Talvez ele não soubesse, ou
talvez ele soubesse e não se atreveu a contar. Outros sabiam, mas não
ousaram dizer — não existem relatos públicos sobre o motivo deles
passarem adiante os rumores sobre a fechadora na porta das escadas para o
sótão em uma casa de um homem velho sem filhos, cansado e amargurado, o
qual colocou uma lápide feita de ardósia sem inscrições, em uma sepultura evitada, já que havia lendas o suficiente capaz de gelar o sangue de qualquer um.
Tudo isto estava no diário ancestral que achei; todas as indiretas
silenciadas e histórias furtivas sobre coisas com olhos deteriorados
olhando por janelas durante a noite, ou em pastos desertos próximos a
floretas. Alguma coisa atacou meu antepassado em uma estrada de um
bosque sombrio, deixando marcas de chifres em seu peito e de garras
parecidas com mãos em suas costas; e quando eles procuraram por
evidências, acharam no chão pegadas que se misturavam entre cascos e
patas vagamente antropoides. Houve uma vez em que um entregador dos
correios disse que viu um homem velho perseguindo e chamando por uma
inominável coisa que galopava terrivelmente em Meadow Hill, nas horas de
pouco brilho da lua antes do amanhecer, e muitos acreditaram nele. Com
certeza houve um estranho falatório na noite de 1710 quando o cansado
homem sem filhos, foi enterrado na cripta atrás de sua casa em frente à
lápide de ardósia sem inscrições. Eles nunca destrancaram a porta do
sótão, mas deixaram a casa inteira do jeito que estava, temida e
deserta. Quando ruídos vinham dela, eles sussurravam e estremeciam; e
tinham a esperança de que a tranca da porta do sótão fosse forte. Então
eles pararam de ter esperanças quando o terror aconteceu na casa
paroquial, não deixando nenhuma alma viva ou intacta em apenas um
pedaço. Com o passar dos anos as lendas se transformaram em um
personagem espectral — Eu suponho que a coisa, se for uma coisa viva,
deve ter morrido. A lembrança hedionda prevaleceu com o tempo — e ainda
mais hedionda porque é tão misteriosa.
Durante a minha revelação, meu amigo Manton ficou em
grande silêncio, e eu vi que minhas palavras o impressionaram. Ele não
riu quando pausei, mas perguntou de forma bastante séria sobre o garoto
que enlouqueceu em 1793, e que presumidamente foi o herói do meu conto. Eu o contei o motivo do garoto ter ido até a casa deserta e evitada, e comentei que ele deveria estar interessado, uma vez que acreditava que as janelas retinham imagens ocultas daqueles que se sentavam em frente a elas. O garoto foi para olhar as janelas daquele horrível sótão, porque as histórias sobre coisas vistas através delas, mas saiu de lá gritando como um maníaco.
Manton permaneceu pensativo quando eu disse isso, mas gradualmente se reverteu ao seu jeito analítico. Ele acabou concedendo
graças ao argumento de um monstro não natural ter existido, mas me
lembrou de que até mais a mais mórbida perversão da natureza não precisa
ser inominável ou cientificamente indescritível. Eu admirei a sua clareza e persistência, e adicionei algumas revelações a mais, que eu coletei entre idosos.
Essas lendas fantasmagóricas de antigamente, eu fui claro, relatam de
monstruosas aparições mais aterrorizantes que qualquer coisa orgânica
poderia ser; aparições bestiais gigantes, algumas vezes visíveis, outras
apenas tocáveis, as quais flutuavam sobre as noites sem luar e
assombravam a velha casa, a cripta atrás dessa, e o túmulo onde uma muda havia brotado atrás de uma lápide ilegível.
Tenham ou não, tais aparições, chifrado ou sufocado as pessoas até a
morte, como é dito em tradições não confirmadas, elas produziram uma
forte e consistente impressão; e ainda eram misteriosamente temidas por muitos nativos bem velhos, apesar de que largamente esquecidas pelas últimas duas gerações — talvez morrido por falta de pensarem sobre o assunto. Além disso, na medida em que a teoria estética estiver envolvida, se a emanação psíquica de criaturas humanas for grotescas distorções, que representação coerente poderia expressar ou retratar tão distorcidamente e infame uma nebulosidade como o espectro de uma caótica e maléfica perversão, ela própria como uma blasfêmia para a natureza? Moldada por um cérebro morto de um pesadelo híbrido, tal terror vaporoso constituído em toda a sua repugnante verdade, não seria algo primorosamente e gritante inominável?
A hora já deveria ser bem tarde. Um morcego estranhamente silencioso
arrastou em mim, e eu acredito que tocou Manton também, porque embora eu
não o pudesse ver, eu senti ele levantando o braço. Imediatamente ele
falou.
"Mas essa casa com a janela do sótão ainda está em pé e deserta?"
"Sim," eu respondi. "Eu fui vê-la."
"E você achou alguma coisa lá — no sótão ou em algum outro lugar?"
"Haviam alguns ossos no beiral do telhado. Eles devem ter sido o que o
garoto viu — se fosse sensível, ele não seria preciso de mais nada no
vidro da janela para perturbá-lo. Se tudo aquilo veio do mesmo corpo,
deve ter sido uma histericamente, delirante monstruosidade. Seria uma
blasfêmia deixar aqueles ossos expostos ao mundo, então eu voltei com um
saco e os coloquei dentro e os levei até a tumba atrás da casa. Havia
uma abertura por onde eu pude despejá-los dentro. Não ache que fui um
tolo — você deveria ter visto aquela caveira. Aquilo tinha chifres de
dez centímetros, mas seu rosto e mandíbulas era de algo parecido com as
suas e as minhas."
Finalmente eu podia sentir um verdadeiro arrepio através de Manton,
que tinha se aproximado bastante de mim. Mas sua curiosidade era
destemida.
"E as vidraças da janela?"
"Todas se foram. Uma janela perdeu seu painel inteiro, e na outra não
havia traço de vidro nas pequenas aberturas. Elas eram daquele tipo — as
velhas janelas de treliça que saíram de uso antes de 1700. Eu acredito
que aquelas janelas não tiveram nenhum vidro por um século ou mais —
talvez o garoto as tenha quebrado se ele tiver ido tão longe; a lenda
não diz."
Manton estava pensativo novamente.
"Eu
gostaria de ver essa casa, Carter. Onde ela fica? Com ou sem vidro, eu
preciso explorá-la um pouco. E a tumba onde você colocou os ossos, e o
outro túmulo sem inscrição — a coisa toda deve ser um tanto terrível."
"Você a estava vendo — antes de anoitecer."
Meu
amigo estava mais nervoso do que eu imaginava, pois durante esse toque
de inofensivo teatral, ele se afastou neuroticamente de mim e até mesmo
gritou em uma espécie de suspiro engolido o qual liberou o choque que
tomou. Era um grito estranho, e ainda mais terrível porque era
correspondido. Pois o grito ainda ecoava, eu ouvi um rangido através da
escuridão, e sabia que era a janela de treliça que tinha sido aberta
naquela maldita casa antiga ao nosso lado. E porque todos os outros painéis tinham caído há muito tempo, eu sabia que era o macabro painel sem vidro do diabólico sótão.
Após uma nociva onda de mal cheiro, ar gelado da mesma temida direção se
seguiu por um grito agudo bem ao meu lado, naquele asqueroso túmulo
despedaçado de homem e monstro. Em outro instante eu fui arremessado de
meu macabro assento por uma diabólica entidade invisível de tamanho
titânico mas de natureza indeterminada;
caí esparramado sobre o chão enraizado daquele cemitério repugnante, enquanto da tumba ouvi o abafado alvoroço de algo zumbindo e ofegando que populou minha imaginação com legiões de condenados miltonianos. Houve um vórtice fulminante, vento gelado, e então o barulho de tijolos e gesso; mas eu misericórdiamente desmaiei antes que pudesse descobrir o que isso significava.
caí esparramado sobre o chão enraizado daquele cemitério repugnante, enquanto da tumba ouvi o abafado alvoroço de algo zumbindo e ofegando que populou minha imaginação com legiões de condenados miltonianos. Houve um vórtice fulminante, vento gelado, e então o barulho de tijolos e gesso; mas eu misericórdiamente desmaiei antes que pudesse descobrir o que isso significava.
Manton, embora menor que eu, é mais resistente; pois nós abrirmos os
olhos quase que no mesmo instante, mesmo com seus ferimentos maiores.
Nossos leitos estavam lado a lado, e nós soubemos em alguns segundos que
estávamos no St. Mary’s Hospital. Atendentes foram se agrupando em
tensa curiosidade, ansiosos para refrescar nossas memórias dizendo como
fomos parar ali, e logo ouvimos sobre o fazendeiro que nos achou ao meio
dia em um campo vazio além de Meadow Hill, mais de um quilômetro e meio
do antigo cemitério, em um lugar que tinha a fama de antigamente ter um
matadouro. Manton tinha duas terríveis ferimentos no peito, e alguns
menos severos cortes e arranhões nas costas. Eu não estava tão
seriamente machucado, mas coberto com feridas e contusões da mais
desconcertante origem, incluindo a marca de metade de um casco. Estava
evidente que Manton sabia mais que eu, mas ele não disse nada aos
intrigados e interessados médicos até ter entendido quais eram nossos
ferimentos. Então ele disse que fomos vítimas de um touro furioso —
embora fosse um lugar difícil de aparecer um animal como esse e isso
servir de explicação.
Após os doutores e enfermeiras saírem, eu sussurrei uma pergunta apavorada:
"Bom Deus, Manton, mas o que foi isto? Essas cicatrizes — foi mesmo assim?"
E eu estava demasiado atordoado para exultar quando ele sussurrou algo que eu meio que já esperava.
"Não — não aconteceu desse jeito mesmo. Aquilo estava em todas as partes — uma gelatina — um lodo — apesar de não ter nenhum formato, há mil formas de horror através de toda a minha memória. Haviam olhos — e uma deterioração Aquilo era um buraco — um turbilhão — a abominação final. Carter, aquilo era inominável!"
E eu estava demasiado atordoado para exultar quando ele sussurrou algo que eu meio que já esperava.
"Não — não aconteceu desse jeito mesmo. Aquilo estava em todas as partes — uma gelatina — um lodo — apesar de não ter nenhum formato, há mil formas de horror através de toda a minha memória. Haviam olhos — e uma deterioração Aquilo era um buraco — um turbilhão — a abominação final. Carter, aquilo era inominável!"
H.P Lovecraft
(Tradução: Eu mesmo Ò__Ò! Então créditos para www.nerdmaldito.com E cacete, demorou uma semana, o jeito que que ele escreve é bem cansativo com a linguagem da época e certas maneiras tão formais, por isso dei muitas pausas e sei que tem alguns erros de digitação, se verem, digam por favor.)
Sei que muitos não conseguem entender o que é passado e que no fim acabam dizendo "Ah... Mas isso aí é só uma coisa que ele viu, não é inominável, é só um monstro, ou uma assombração, esse é o nome." só que não é isso que o Lovecraft quis passar, e sim descrever o infinito além de nossa compreensão e percepção.
6 Comentários
Sempre penso nesse assunto, faz o mundo ficar bem mais interessante e cheio de possibilidades =D.
ResponderExcluirNerd foi feito Até um filme baseado nesse conto né? A Cristina abominável se não me engano... do fim dos anos 80... a criatura no filme é meio feminina , chifruda e peluda com pés de bode.... mudando de assunto gostei só blog , já esta nos meus favoritos. Abraços.
ResponderExcluirSim, se chama "Abominável Criatura", tem uma análise aqui no blog sobre hehehe. E bem vindo, fico feliz que tenha gostado. =D
ResponderExcluirNerd posta aqui o link desse post para eu ler pode ser? Abraços.
ResponderExcluirÉ esse aqui:
ResponderExcluirhttp://www.nerdmaldito.com/2014/04/abominavel-criatura-um-filme-com-um.html
Obrigada Nerd. Valeu. Rsrsrsrsrsrsrs. Muita gente detonou esse filme... pra mim ele é legalzinho.
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