Como já falei aqui anteriormente, existe um grande preconceito com adaptações seja do que for e esse preconceito às vezes leva a um julgamento muito equivocado de obras que são incríveis, às vezes por ter UM pequeno detalhe diferente já virou uma bosta e é impossível ser bom, muita gente simplesmente não para pra dar uma analisada e ver que algo é muito bom e o fato de ser diferente não quer dizer que é uma merda. Mas bom, estou falando isso porque quando Stephen King viu seus fãs descendo o cacete na série Under the Dome por ser diferente do livro, ao contrário do que muitos pensaram, ele não se juntou pra dizer "Queremos algo igual!", ainda mais porque apesar de ser diferente ele participou como produtor-executivo da série.
Mas antes de tudo preciso falar sobre alguém, James M. Cain foi um grande escritor americano da década de 30 e teve algumas de suas obras adaptadas para o cinema. Ele é reconhecido principalmente por ter feito boas histórias envolvendo crimes. Agora vamos à carta de King:
“Para aqueles que vivem na Terra da Leitura, e estão se sentindo ofendidos porque a versão de Under the Dome para a TV muda consideravelmente a versão do livro, aqui está uma pequena história:
Perto do fim de sua vida, e muito tempo depois que seus maiores romances foram escritos, James M. Cain concordou em ser entrevistado por um estudante de jornalismo responsável pela coluna de cultura e arte do jornal da faculdade. O jovem começou a entrevista com Cain se lamentando sobre como Hollywood tinha mudado livros como The Postman Always Rings Twice e Double Indemnity. O velho o interrompeu, apontando para uma estante de livros atrás de sua mesa. ‘Os filmes não os alterou em nada, meu filho’, disse ele. ‘Eles estão bem lá em cima. Cada palavra é a mesma de quando eu escrevi.’
Eu me sinto da mesma maneira sobre Under the Dome. Se você amou o livro quando leu pela primeira vez, ele ainda está lá para sua leitura. Mas isso não significa que a série de TV é ruim, porque não é. Na verdade, é muito boa. E, se você olhar de perto, você vai ver que a maioria dos meus personagens ainda estão lá, embora algumas tenham sido combinados e outros mudaram de emprego. Isso também é verdade para as coisas grandes, como o motim no supermercado, a razão para o armazenamento de propano, e as preocupações temáticas do livro com a diminuição dos recursos.
Muitas das mudanças feitas por Brian K. Vaughan e sua equipe de escritores foram necessárias, e eu as aprovei de todo o coração. Algumas mudanças têm sido feitas para fazer com que a série se estenda para um período maior que os acontecimentos do livro – que ocorrem em pouco mais de uma semana. Outras modificações na história estão se encaixando porque os escritores têm reimaginaram completamente a origem da redoma.
Essa mudança sobre a origem da redoma me preocupou bastante durante a fase de planejamento da série, mas essa preocupação era puramente prática. Se a solução para o mistério fosse igual na TV e no livro, seria descoberta em pouco tempo e estragaria toda a diversão (além disso, muitos leitores não gostaram da minha solução). Da mesma forma, estragaria as coisas se vocês soubessem os arcos dos personagens com antecedência. Alguns dos personagens que morrem no livro – Angie, por exemplo – vivem na versão para a TV… pelo menos por um tempo. E alguns que vivem no livro podem não ter tanta sorte durante a série.
É verdade que quando eu começar uma história, eu costumo ter uma ideia geral de onde ela vai terminar, mas em muitos casos elas acabam em um lugar completamente diferente. “O livro é o chefe”, Alfred Bester costumava dizer, e o que isso significa para mim é que a situação é o chefe. Se você joga limpo com os personagens e os deixa jogar suas peças de acordo com suas forças e fraquezas, você nunca estará errado. É impossível.
Há apenas um elemento que tinha que ser, absolutamente, o mesmo do romance e da série: a própria redoma. É melhor pensar que o livro e série são um caso de gêmeos fraternos. Ambos começaram no mesmo útero criativo, mas você vai ser capaz de distingui-los. Ou, se você é de uma linha sci-fi, pode considerá-los como versões alternativas de uma mesma realidade.
Quanto a mim, eu estou me divertindo com a oportunidade de assistir essa realidade alternativa jogar fora, eu ainda acho que não há lugar como a redoma.
Quanto a você, leitor constante, não hesite em pegar a obra original em sua estante sempre que quiser. Nada entre as capas mudou.”
Agora observem a reação dos fãs que tanto xingaram enquanto viajavam em seu aviãozinho particular e leram essa carta! Ò__Ò
3 Comentários
Nossa...isso foi algo realmente notável o que ele disse...eu fico pensando no numero de fãs que ele calou a boca,muitos fãs tem que entender(estou falando de fãs em geral de todas as mídias)que quando algo original de uma mídia recebe uma adaptação para outra mídia só por que tem algumas diferenças não significa que ela está ruim, parece até que eles só procuram algo para reclamar,os fãs tem que começar a serem mais abertos,muitos só querem que siga perfeitamente a linha do original mas as vezes o responsável por essa adaptação pode ter ideias incríveis que pode agradar os fãs,mas claro eles são muito fresco para aceitar
ResponderExcluireu li o post mas só dei risada com o nome da foto AHUAHUAHUHU
ResponderExcluirEu sou um que não gosta de adaptações, o Último Dobrador de Ar(Avatar) e O Ladrão de Raios(Percy Jackson), são exemplos.
ResponderExcluirMas eu não fico "ofendido". Eu penso da mesma forma: o que eu realmente gostei, o desenho Avatar e os livros do Percy Jackson, continuam lá, inalterados.