A colina das almas esquecidas

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-É melhor nós sairmos daqui, já tivemos problemas demais.

-Eu concordo plenamente - Respondeu o mago.

Os dois seguiram caminhando pela estrada e ouviram o som da música do bardo se distanciado até desaparecer, deixando apenas que o som da natureza rodeasse o lugar. Pelo resto do dia os dois não encontraram mais ninguém. De vez em quando olhavam o mapa, mas se preocupavam pois não sabiam se estavam na direção correta para a colina das almas esquecidas, e quando estavam prestes a acampar, viram luzes próximas dali, era uma cidade! Mesmo triste, Giltan não conseguiu não se sentir feliz por acharem uma cidade, fazia tempo que não viam ninguém e com tudo o que aconteceu, ele precisava mesmo mesmo dormir em uma cama confortável. O guerreiro se sentia muito grato por Lothar ter sido corajoso o suficiente para pegar as mochilas antes de sair da casa do necromante. Logo o mago disse:

-Bom, é melhor apressarmos o passo, será bom chegarmos lá antes que fique muito escuro.

Os dois seguiram andando mais rapidamente do que antes, Giltan sentia-se estranho, pois agora sentia uma certa adrenalina em conseguir sair da floresta o mais rápido possível, sendo que minutos antes ele estava prestes a sugerir que acampassem, é como se de repente a floreta tivesse se tornado um lugar perigoso. Mas então ele percebeu que apenas estava desconcentrado, talvez tenha se acostumado a viver com o perigo nesses últimos dias.

Quando chegaram à cidade, os dois logo viram que um lugar em especial se destacava, havia bastante movimentação, viam muita gente entrando e sons de conversa e música lá dentro, e então ao se aproximaram, e viram na entrada uma placa à cima da porta escrito "Taverna do Dragão Caolho"

Ao entrarem viram que as pessoas estavam animadas conversando e ouvindo a música local cantada por um bardo, Giltan lembrou imediatamente do suposto bardo que haviam ouvido na estrada e percebeu que aquela música lembrava bastante a dele, talvez fosse a mesma. Logo uma jovem mulher se aproximou com uma jarra de prata e disse:

-Sejam bem vindos à Taverna do Dragão Caolho, viajantes, o lugar com o melhor vinho e carne da cidade, posso servi-los algo?

-Como sabe que somos viajantes? - perguntou Giltan

-Julgando pelo estado de vocês, acredito que estivessem na estrada.

O rapaz se olhou e percebeu que estava com muito sangue pelo corpo, e imundo. Sentiu-se um pouco envergonhado, tanto por fazer a pergunta óbvia, como por estar naquele estado, tão sujo, e ir à uma taverna, mas não tinha mais jeito, não podia simplesmente virar as costas e sair dali. Porém não teve que se preocupar muito mais em responder, pois Lothar disse:

-Gostariamos de informações.

-Comprem algo e poderei oferecer tudo que estiver ao meu alcance - Disse a moça dando um sorriso um tanto desafiador.

-Muito bem, queremos uma mesa então.

A moça os levou até uma mesa aproximadamente no meio da Taverna e perguntou:

-O que irão querer?

-Qual o especial de hoje?

-Carne de Javali extra picante.

-Tudo bem por você, de ser isso Giltan?

-Eu comeria até sopa de Orc agora, imagina Javali? Claro que tudo bem!

-Então nos traga isso mesmo e seu melhor vinho.

-É pra já! - Disse a moça se retirando.

Giltan olhou ao seu redor e logo perdeu a vergonha que sentiu inicialmente, tinham pessoas em pior estado que ele ali. Todos conversavam alegremente, dois bêbados dançavam com enormes canecas de hidromel derramando e seus amigos rindo e os incentivando a continuar. Várias moças passavam para todos os lados servindo os clientes, notava-se que algumas não eram servas do local, mas damas da noite tentando dar um pouco de diversão em troca de dinheiro.

Quando a moça que os atendeu voltou, ela disse:

-Logo irá sair o Javali de vocês, o que mais posso oferecer?

-Você viu uma jovem passar por aqui? Ela tem cabelos castanhos, é uma maga notável e se dirigia para a colina das almas esquecidas.

-Muitos viajantes passam por aqui, não tem nada mais que a descreva melhor?

-Ela usava um amuleto como esse - Disse o guerreiro mostrando o amuleto que toda sua família usava.

-Hum, acredito que sim, mas isso já faz mais de um mês.

-Como ela estava? Ela disse alguma coisa?

-Não fui eu que a atendi, espera um minuto.

A jovem foi até uma companheira e falou algo, essa olhou por cima do ombro para os dois viajantes e disse algo para a amiga, logo depois a segunda moça se aproximou e disse:

-Sim, fui eu que atendi a garota.

-Ela disse algo a você?

-Disse que estava indo para a colina das almas esquecidas, mas não acredito que tenha ido.

-Por que?

-Ela não tinha um aspecto muito parecido com o tipo de pessoa que costuma dizer que vai a esse lugar, era só uma garotinha...

-Quem dera ela não tivesse mesmo ido. - Disse o guerreiro.

-E ficou quanto tempo aqui?

-Não chegou nem a passar a noite, apenas ficou por mais ou menos uma hora aqui na taverna e então partiu.

-E você pode nos dizer para onde fica a colina?

-Isso eu não sei, os viajantes que por aqui passam, apenas comentam sobre, mas não chegam a dar esse tipo de informação porque geralmente não é algo que perguntamos.

-Muito bem, agradecemos pela informação então. - Disse o mago.

A mulher fez um cumprimento e se retirou, logo viram um homem se aproximar e puxar uma cadeira, ele era um sujeito magro e alto, com um sorriso um tanto debochado, logo disse:

-Olá amigos, desculpem mas não pude deixar de ouvir a conversa de vocês, notei que estão indo em direção à colina das almas esquecidas e olha só que grande coincidencia se não estou também indo para aquele lugar, porém como sabem, é um lugar perigoso e não poderia ir sozinho, então não gostariam de um companheiro? Claro, isso iria custar uma certa quantia, eu busco tesouros e gostaria realmente de obter uma boa parte do bolo, o que tenho a oferecer são minhas, sem querer me gabar, notáveis habilidades em fazer fechaduras se abrirem, além é claro, de eu saber exatamente como chegar ao vale. - Terminou o homem com um sorriso desagradável.

Giltan sente que não deveria julgar isso, ele olha para o amigo com cara de quem pede para que esse decida e logo Lothar olha para o homem e diz:

1 - Saia daqui, não precisamos de um porco imundo sem dignidade como você, ladrão mediocre, nós conseguiremos achar esse lugar sem você.

2 - Só o fato de estar na sua presença, já é uma desonra, saia daqui agora mesmo ou essa Taverna presenciará o dano devastador que um mago pode fazer a alguém em combate.

3 - Apesar de eu não confiar em você, é notável que tem algo para oferecer, então aceitaremos a proposta.

4 - Definitivamente acharíamos sozinhos, mas vamos aceitar unicamente porque precisamos de pessoas para enfrentar os perigos, mas um movimento em falso, e não esitarei em arrancar de você, a vida.

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